Qui, 16 de fevereiro de 2012, 08:22

Universidades federais e o pequeno número de formandos em Itabaiana
Universidades federais e o pequeno número de formandos em Itabaiana

Marcelo Ennes


A partir da sistematização e publicização das informações sobre os números de concluintes das primeiras turmas, a Direção do Campus de Itabaiana constitui um grupo de trabalho formado pela pedagoga, pelos técnicos em assuntos educacionais e pela assistente social do campus para empreender levantamento de dados que pudessem balizar análises sobre os motivos do pequeno percentual de formandos.


O primeiro levantamento realizado pela equipe da SEAP/Campus Itabaiana confirma que os seis cursos que formaram no final de 2010.1 cerca de 32% cerca de 32% dos alunos que ingressaram em 2006.2. Esses mesmos dados indicam que entre os que não se formaram 26,4% desses alunos realizaram novo vestibular, 0,8% fizeram transferência interna, 2,0 mudaram para outros cursos de outras instituições e 12,8% abandonaram seus cursos.


Os dados coletados indicam que 63,6% dos alunos que concluiram o curso tinham idade entre 18 a 25 anos; 69,6% eram do sexo feminino; 78,3% moram em domicílios próprios; 61,9 cursou a maior parte do ensino médio na escola pública; 27,8% possui renda familiar até R$ 1.000,00 e outros 33,3% de R$ 1.000,01 à 1.500,00 reais e 65,2% exercem atividades remuneradas. Sobre as principais dificuldades para concluir o curso no tempo previsto, 61% não conseguiram conciliar o trabalho com as atividades do curso e outros 22% afirmaram que a causa foi a metodologia de ensino adotada pelo professor.


Além dos dados coletados e sistematizados pela a equipe da SEAP/Campus Itabaiana, o assunto sobre o pequeno número de formandos foi tema de discussão de várias reuniões do Conselho do Campus e da Coordenação de Cursos. Nessas ocasiões discutiu-se as a influência de fatores como a formação recebida na educação básica e a clareza dos alunos candidatos em relação ao curso escolhido e os conhecimentos nele mais exigido.


O conjunto destas informação somado à preocupação da comunidade acadêmica em dar continuidade e de consolidar a implantação do Campus de Itabaiana motivou a elaboração de propostas que busquem reverter o atual percentual de egressos de seus cursos.


PEPITA – VALIOSO COMO O OURO.


Face a este quadro caracterizado pelo crescimento dos investimentos públicos na educação superior pública e pelos resultados, em termos quantitativos e qualitativos ainda pífios, o Campus de Itabaiana por meio do Grupo de Trabalho – licenciaturas apresenta um conjunto de ações com o objetivo de reverter este quadro preocupante por do Programa de intervenção acadêmico-pedagógica para a melhoria das condições de ingresso e permanência de alunos graduação no Campus Prof. Alberto Carvalho – PEPITA. O programa será coordenado pelo GT – Licenciaturas constituído por uma equipe multidisciplinar de docentes do campus, da rede pública, técnicos-administrativos e alunos do campus. O programa é constituído por quatro projeto sinterdependentes e complementares cada qual voltado para uma das dimensões do problema de fundo que o motivou, o pequeno número de alunos que tem se formado;


O primeiro projeto está voltado aos alunos da educação básica, portanto, os potenciais futuros candidatos aos nossos cursos de graduação. Esse projeto divide-se em duas ações. A primeira a mais simples consiste no trabalho de divulgação e esclarecimento sobre os cursos que são ofertado no campus para evitar que o candidato opte pelo curso simplesmente baseado na relação candidato/vaga. Essa ação será desenvolvida por uma equipe formada por alunos e professores que visitará as escolas da região para apresentar os cursos de graduação do campus para o estudante da educação básica possa conhecer, entre outros aspectos, os conteúdos que serão exigidos nos cursos ofertados pela UFS no campus de Itabaiana.


Uma segunda ação será desenvolvida nesse projeto voltada para melhoria das práticas educativas desenvolvidas na educação básica, seja no ensino fundamental, seja no ensino médio. Para tanto, já estamos promovendo a aproximação entre os responsáveis pelos estágios supervisionados, projetos de PIBIX, PIBIC, PIBID entre outras iniciativas que contemplam em seus objetivos possam produzir uma sinergia voltada para a melhoria da educação básica.


O segundo projeto dedica-se aos alunos que já aprovados no processo seletivo da UFS aguardam o período de matrícula. Esses alunos ficam todo o primeiro semestre distantes da universidade. Para atender esse grupo de alunos que recém egressos do ensino médio. Os dados levantados sobre reprovação e os relatos e depoimentos de professores do campus confirmam que esses alunos precisam apoio pedagógico para poderem desenvolver conteúdos e habilidades cognitivas necessárias a um estudante universitário. Para atender esse aspecto da problemática propomos o Projeto Acolhimento Pedagógico (PAP) que consistirá em um conjunto de atividades de ensino, pesquisa e extensão voltadas para esses alunos.


O PAP pretende partir das experiências já em curso promovidas pelos departamentos de Matemática e Química que já oferta o pré-cálculo, o pré-química, bem como vem desenvolvendo atividades de “nivelamento”.


O PAP somará às atividades já em desenvolvimento na área de ciências exatas, iniciativas no campo da língua portuguesa e da formação do pensamento lógico-abstrato.


Para que o projeto possa ser beneficiado por políticas institucionais de assistência estudantil, extensão e iniciação científica será necessário antecipar a matrícula desses alunos para o início do primeiro semestre. O meio para que isto ocorra é inserir novos componente pedagógicos nos projetos pedagógicos do cursos de graduação do Campus de Itabaiana que contemplem as ações de ensino, pesquisa e extensão voltadas para o desenvolvimento dos conhecimentos das ciências exatas, da leitura, da escrita e do pensamento lógico-abstrato.


Desse modo, os alunos aprovados no processo seletivo da UFS não precisariam esperar o início do segundo semestre para fazer sua matrícula e ter acesso às atividades e programas desenvolvidos pela universidade.


O terceiro projeto refere-se ao corpo docente do campus e à necessidade de formação continuada no campo da docência e práticas educativas. Este projeto denominado “Docência Universitária” será desenvolvido por meio de ações que oportunize ao docente do campus contato e espaço para a reflexão sobre seu ofício .


Por último, o quarto projeto está voltado para a institucionalização das ações e iniciativas dos demais projetos previstos no PEPITA. Esse processo privilegiará os Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) de graduação que precisarão passar por modificações para contemplar, entre outras, as ações do Projeto Acolhimento Pedagógico e a elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) , documento essencial para a definição da vocação, objetivos e metas do Campus.


Referências


BRASIL. Reuni 2008 – Relatório de Primeiro Ano. Brasília, 2009.


BRASIL.Censo da Educação Superior. Brasília, 2010. Disponível em <http://portal.inep.gov.br/web/censo-da-educacao-superior/evolucai-1980-a-2007>. Acesso: 01/08/2011.


MEC. Estudo sobre investimento público em educação em 2008. Brasília, 2010.


UFS. UFS em número 2011/1. São Cristóvão, SE. 2011.


IBGE. Em 2010, varia 7,5%, e fica em R$ 3,675 trilhões. Brasília, 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1830&id_pagina=1>. Acesso: 01/08/2011.



Currículo


Doutor em Sociologia. Docente do Departamento de Educação e Diretor do Campus Prof. Alberto Carvalho/UFS/Itabaiana. Docente dos Programas de Mestrado em Sociologia e Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFS. m.ennes@uol.comm.br . http://m.ennes.blog.uol.com.br.



Atualizado em: Qui, 16 de fevereiro de 2012, 08:23
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