Qui, 05 de outubro de 2017, 16:49

UFS sedia I Simpósio Nordestino de Bioética, Comportamento e Bem-Estar Animal
Evento ocorre de 9 a 11/10 no campus de São Cristóvão
Evento tem o objetivo de tratar de questões relacionadas à conduta ética na utilização de animais para diversos fins. (arte: organização do evento)
Evento tem o objetivo de tratar de questões relacionadas à conduta ética na utilização de animais para diversos fins. (arte: organização do evento)

Entre os dias 9 e 11 de outubro o campus de São Cristóvão sediará o I Simpósio Nordestino de Bioética, Comportamento e Bem-Estar Animal. O evento, promovido pelo Grupo Bem-Estar e Ética Animal (Beta), do Departamento de Zootecnia (DZO), tem como objetivo tratar de questões relacionadas à conduta ética na utilização de animais para diversos fins, além de trazer alternativas para a substituição de animais no ensino e pesquisa de universidades públicas e privadas.

Angela Cristina Dias Ferreira, professora do DZO, explica que o bem-estar animal é uma ciência que estuda a necessidade da utilização de animais pelo ser humano, se preocupando com sua locação, manutenção e manejo. Segunda ela, o bem-estar animal é uma ciência porque busca pensar do ponto de vista do animal.

“Às vezes a gente se equivoca e tenta proporcionar o bem-estar animal do ponto de vista do ser humano. Um exemplo prático é o que fazemos com os pets; o fato de querer um cachorro cheiroso, limpinho, será que é isso o que o animal quer? Você entende que é bom, porque é bom para você como ser humano, mas para o animal pode não ser”, diz a professora, coordenadora do grupo Beta, que estuda a ética e bem-estar animal a partir do comportamento dos animais de produção, como no caso de bovinos, suínos, aves, peixes, entre outros.

Seres sencientes


Para a professora Angela Ferreira, do DZO, “às vezes a gente se equivoca e tenta proporcionar o bem-estar animal do ponto de vista do ser humano”. (foto: Adilson Andrade/Ascom-UFS)
Para a professora Angela Ferreira, do DZO, “às vezes a gente se equivoca e tenta proporcionar o bem-estar animal do ponto de vista do ser humano”. (foto: Adilson Andrade/Ascom-UFS)

Ela ainda afirma que trazer esse debate para a universidade é fundamental, pois atualmente as questões éticas são muito pautadas. Segundo a docente, a população vem se preocupando cada vez mais com esse tipo de assunto, além do fato de os movimentos de proteção animal virem ganhando ainda mais força.

“A questão da produção animal também é fundamental. Estamos numa época em que não se aceita mais essa maneira de conduzir uma criação que considera os animais como coisas, como objetos. A gente já entende - e a ciência já proclamou - que os animais que utilizamos para produção, companhia e para pesquisa são seres sencientes, ou seja, que possuem sensações, emoções”.

Angela explica ainda que além da dor física, os animais também sentem dores psicológicas, pois padecem de angústia, tédio e frustração. Ela conta que os sistemas de criação, quase todos eles, promovem frustração nesses animais que acabam apresentando comportamentos fora do natural, e às vezes até agressividade.

“A gente precisa trazer essa discussão para poder entender qual o caminho que a gente vai tomar. E tem um caminho, tem práticas e técnicas que são recomendadas para que se promova o bem-estar animal e atenda suas necessidades deixando-os confortáveis para que possam expressar seus comportamentos naturais e não sofrerem frustração excessiva ou maus-tratos desnecessários”.

Técnica de abate

Sobre a questão do abate, a professora diz existirem recomendações que promovam um menor sofrimento ou evitem um sofrimento desnecessário para os animais. Para ela, a principal questão a ser discutida seria a insensibilização. Isto se trata da garantia de que o animal esteja inconsciente no momento do abate. Porém, a professora diz que geralmente essa insensibilização é mal feita e acaba causando sofrimento aos animais de produção.

“Têm recomendações e técnicas para que esse abate seja feito de maneira menos sofrível, mas para isso é preciso investimento em equipamento e capacitação para quem vai operar os equipamentos. Obviamente que isso tem que ter um olhar do poder público. Mas será que ele se interessa por essa questão?”

A professora afirma ainda que atrelado à falta de bem-estar animal está sempre a falta de qualidade sanitária, ou seja, a falta de higiene dentro dos estabelecimento. “Por isso que as duas coisas devem ser trabalhadas: qualidade sanitária e qualidade ética do produto”.

O simpósio

O evento contará com diversas palestras envolvendo discussões sobre o manejo consciente com animais de produção, os avanços da legislação envolvendo a ética animal, entre outros debates, além de promover 12 minicursos. As inscrições devem ser feitas no site do evento.

Saiba mais aqui.

Ascom

comunica@ufs.br


Atualizado em: Qui, 05 de outubro de 2017, 17:37
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