Qui, 01 de março de 2018, 14:04

“Ocupar não é uma escolha, é a falta de escolha”, diz Izadora Brito, do MTST, em 2ª plenária do Fórum Social Mundial na UFS
Debates ocorreram no campus de São Cristóvão
Evento reuniu trabalhadores e sindicalistas no auditória do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia. (fotos: Schirlene Reis/Ascom UFS)
Evento reuniu trabalhadores e sindicalistas no auditória do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia. (fotos: Schirlene Reis/Ascom UFS)

“Ninguém escolhe estar no sol ou debaixo de uma lona. Ocupar não é uma escolha, é a falta de escolha”. A fala de Izadora Brito, do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), revela a luta por trás da voz firme. A discussão que pautou uma das mesas da 2ª plenária preparatória para o Fórum Social Mundial, que vai acontecer entre os dias 12 e 17 de março, em Salvador, girou em torno de dois temas: Direito à Cidade e Migrações.

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O fórum discutirá assuntos relacionados à democracia, direitos humanos, democratização da economia, ancestralidade, educação e ciência para libertação dos povos, entre outros temas.

Para uma plateia de sindicalistas e trabalhadores, a também ativista Dalva Graça, do Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (Motu), aplicou um discurso com base em experiências vividas diariamente no ambiente urbano: a luta por moradia.

“O que nós queremos é um lugar para as pessoas morarem, porque é assim que a cidade funciona. Para entender o direito à cidade dentro dessa lógica é preciso compreender quem atua nesses espaços e a especulação imobiliária tem um grande papel nisso tudo”, disse.

Com relação as ocupações e periferias, Dalva afirmou que “o que há é uma construção de imagem marginalizadas das ocupações e das periferias e precisamos discutir esses espaços que são invisibilizados. Nós resistimos aos colonizadores e continuamos a fazer muita revolta e levante. Temos força para fazer avançar o debate e resistimos a tudo isso”.


Mesa contou com a presença de Izadora Brito (esq.), do MTST, Iran Barbosa (PT), vereador de Aracaju, e Dalva  Graça, do Motu.
Mesa contou com a presença de Izadora Brito (esq.), do MTST, Iran Barbosa (PT), vereador de Aracaju, e Dalva Graça, do Motu.

A ideia sob a qual o conceito de cidade é construído foi colocada por Izadora, do MTST. “A lógica da construção da cidade não está ligada ao direito que todas as pessoas têm à moradia. A periferia está abarrotada de pessoas que não têm esse direito garantido porque as cidades, como são construídas, funcionam como fábrica de pessoas em situação de rua”, declarou. “Enquanto morar não for um direito, nós ocuparemos”.

Esse espírito de ocupação delineou uma pergunta direta, mas complexa, de Iran Barbosa (PT), vereador de Aracaju. “Qual é o tipo de cidade que queremos construir?”. A fala de Iran foi construída através de fragmentos, colhidos no diálogo que ele afirmou ter com a população. “Por isso temos que pensar em uma cidade que seja formatada para as pessoas e não para as coisas, para a materialidade das coisas”.

No tocante a essa construção urbana diária, Iran também atentou para que os tijolos dessa grande edificação tenham como base o respeito pelo que é o outro. “Precisamos construir a cidade dentro de uma visão plural, que dialogue com as identidades e os discursos plurais”, declarou.

Fórum Social Mundial

De acordo com as diretrizes disponíveis no site oficial, o Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de ideias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes.

O fórum funciona através da articulação de entidades e movimentos sociais que se opõem ao modelo neoliberal de desenvolvimento e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo.

Veja a programa completa dos debates na UFS abaixo.

Ascom

comunica@ufs.br


Atualizado em: Sex, 02 de março de 2018, 11:45
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