Ter, 13 de novembro de 2018, 16:39

Envelhecimento da população sergipana traz desafios para o estado
Em seu doutorado, professor analisa estratégias para transição demográfica

Em 2060, a cada quatro brasileiros, um deles terá 65 anos ou mais, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - 25,5% da população brasileira deverá ser composta por pessoas com 65 anos ou mais. Em Sergipe, projeções de transição demográfica também são esperadas. De acordo com o IBGE, os idosos representarão, em 42 anos, 23,4% da população total sergipana, porcentagem maior que a de pessoas de 0 a 14 anos, que representará 15,1%.


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A tese de doutorado do professor Neilson Meneses do Departamento de Geografia (DGE) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), “Envejecimiento Poblacional en Sergipe en una Perspectiva Geográfica”, defendida na Universidad de Zaragoza, Espanha, aborda como se deram as alterações demográficas que já ocorreram no estado e quais os desafios que Sergipe encontrará com as mudanças populacionais.


“A contribuição com a economia, sociedade e a família, por muito mais tempo, são os frutos da longevidade”, afirma o professor do Departamento de Geografia, Neilson Meneses (Fotos: Adilson Andrade/Ascom UFS)
“A contribuição com a economia, sociedade e a família, por muito mais tempo, são os frutos da longevidade”, afirma o professor do Departamento de Geografia, Neilson Meneses (Fotos: Adilson Andrade/Ascom UFS)

“Sergipe não está isolado do contexto do país e da região”, afirma o professor Neilson. De acordo com o docente, o estado conta com alterações que são resultados de uma mudança de um regime demográfico mais tradicional para um regime demográfico mais moderno. Essa mudança é entendida no âmbito da transição demográfica e se relaciona com diversos contextos nas mudanças da população.

“Com a transformação do estado, por exemplo, de uma população majoritariamente rural para um estado que, pouco a pouco, vai se tornando predominantemente urbano. Esse é um dos movimentos que estão relacionados com o processo de industrialização do estado e com o êxodo rural, que marcam esses últimos 40 anos em Sergipe”, relata.

Desafios identificados

Ritmo do crescimento populacional; migração interna; “bolha” populacional e transformações socioeconômicas. A pesquisa do professor Neilson Meneses pontua alguns desafios populacionais que Sergipe enfrentará no seu processo de transição demográfica.

O principal desafio, apontado pelo pesquisador, trata da redução do crescimento populacional. O professor afirma que isso se dá pela diminuição da taxa de fecundidade no estado. Evidenciado em seu artigo, o ponto de maior crescimento populacional sergipano foi em 1980/1991, quando alcançou a marca de 28,9%. Segundo projeções do IBGE, em 2030 essa porcentagem será de 7,7%.
Para o especialista, a organização do estado de Sergipe, não foi tão planejada como deveria ser. “A população chegou em massa para as cidades, especialmente do interior para a capital, e foi gerada uma concentração de população acima da capacidade de infraestrutura e de serviços para atender a essas pessoas”, conta.

Neilson avalia a concentração populacional na capital do estado como um dos principais problemas da transição demográfica em Sergipe. “O primeiro desafio é desconcentrar ou reordenar a população que está concentrada em Aracaju, cerca de 40% da população, criando oportunidades nos polos regionais do interior”, relata.

Além disso, outro ponto fundamental que o professor salienta é a desigualdade social. “Hoje, há uma concentração muito grande de emprego, equipamento tecnológico, saúde, educação na grande Aracaju e, por isso, é preciso criar um fundo de desenvolvimento territorial, que os municípios possam contribuir com esse fundo, para assim, dentro dessa política de reordenamento, investir nas cadeias produtivas locais dos polos regionais para que, então, a população não necessite migrar”, explica.

O professor conta ainda que a falta de habitação para todos, os serviços de saúde e educacionais e a mobilidade são problemas oriundos do processo de urbanização. “Isso se dá por dois fatores: velocidade e intensidade com que o processo ocorreu e a falta de planejamento. Dessa forma, surgiram as periferias nas grandes cidades e com isso se avolumaram tanto a carência de serviços de estrutura quanto problemas que hoje são comuns na vida urbana, como drogas, violência, prostituição, serviços informais e questões ambientais”, afirma.

Vale lembrar que essas migrações abrangem municípios baianos e alagoanos. Nesse sentido, Neilson Meneses explica que é preciso “pensar em alguns municípios que funcionem como filtro”. De acordo com o pesquisador, pela localização em que se encontra, Tobias Barreto seria um possível município que ocuparia essa função.

Saiba mais

Para ler a pesquisa completa do professor, clique no link abaixo.

Paulo Marques (bolsista)

Marcilio Costa

comunica@ufs.br


Atualizado em: Sex, 25 de janeiro de 2019, 18:04
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