Qui, 28 de fevereiro de 2019, 13:45

Coletânea busca identificar referências entre os jesuítas e a ilustração
Luiz Eduardo Oliveira, professor da UFS, participou da construção do material

Com o objetivo de desconstruir consensos filosóficos e historiográficos, a coletânea “Jesuítas e Ilustração - Rupturas e continuidades” foi lançada este ano pela Editora Unisinos. O material foi organizado por José Eduardo Franco, Karl Heinz, Maria Regina Barcelos e Luiz Eduardo Oliveira, professor do Departamento de Letras Estrangeiras e dos programas de pós-graduação em Letras e Educação da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

O professor explica que o material busca identificar pontos de contato e de continuidade entre duas tradições aparentemente incomunicáveis do pensamento ocidental. “De um lado, os jesuítas - tradição religiosa e católica; do outro, a ilustração - que supostamente inaugura uma idade da razão, cortando todas as relações com o passado do humanismo jesuítico”, fala.

De acordo com a sinopse, o livro de estudos interdisciplinares pretende contribuir para o conhecimento crítico do chamado “Grande Século das Luzes” a partir de um ponto de vista que permita repensar as leituras estereotipadas de uma época extraordinária em que a tradição se mescla com a inovação.

A coletânea já havia sido publicada em agosto de 2016, em sua versão anterior, como um dossiê da Revista de Estudos de Cultura (Revec). Mas Luiz Eduardo relata que o novo trabalho conta como a ilustração foi colocada como um momento de ruptura com o que havia antes, principalmente em relação ao legado científico, linguístico, literário e filosófico dos jesuítas.


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Ao ser questionado sobre como surgiu à ideia da criação da obra, o professor relata que o historiador e escritor português José Eduardo Franco, que esteve recentemente na UFS, foi o idealizador. “[Ele] teve a brilhante ideia de juntar, em 2014, um pequeno grupo de pesquisadores para organizar uma coletânea que tratasse desse intricado entrelaçamento entre a Companhia de Jesus e o Século das Luzes. Das propostas e dos convites lançados por esta equipe, resultou um conjunto de mais de 20 artigos, escritos por especialistas na história da ordem inaciana em diversos países”, diz.

Sem seguir uma linha apologética, o docente da UFS conta ainda que contribuições de autores de diversas universidades do mundo abordaram áreas de saber específicas que envolvem jesuítas em diálogo ou em disputa com outros intelectuais da Cartografia, Jurisprudência, Farmacêutica, Literatura, Educação e Filosofia. “Todos os autores, desse modo, ajudaram a construir uma obra multifocal que convida a repensar a relação entre a Companhia de Jesus e a ilustração”, pontua.

Divergindo de algumas teorias em que os jesuítas são tidos como iniciadores da educação no Brasil, o livro explica que os argumentos sobre o projeto de catequização são infundados. “Essas análises tendem a evidenciar o quanto o argumento tradicional de os jesuítas terem usado o seu projeto catequizador como pretexto para adquirir poder, prestígio e riqueza é insustentável”, afirma o professor.

Onde encontrar a obra?

Para adquirir o livro e conhecer mais sobre a temática abordada, acesse o site da editora clicando aqui.

Ascom

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Atualizado em: Sex, 08 de março de 2019, 09:49