Sex, 28 de novembro de 2014, 16:11

Um memorial para a democracia
Um memorial para a democracia
Angelo Roberto Antoniolli
É com imenso prazer que anunciamos nesta tarde o lançamento do “Memorial da Democracia”, uma proposição do professor conselheiro Fernando Sá unanimemente aceita por todos que compõem o Conselho Universitário. A resolução nº 25/2014 que cria a comissão constituída pelos professores Fernando Sá do Departamento de História, , César Henrique Matos e Silva do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e José Lima de Santana do Departamento de Direito, diz que o Memorial deve ser um lugar de memória que reivindique a defesa da Democracia na UFS.
[Veja imagens do projeto arquitetônico do Memorial da Democracia]
Certamente, senhoras e senhores, os fins e a estrutura do referido memorial serão comunicados e apresentados ainda hoje pelos especialistas da nossa Universidade. Contudo, neste instante, gostaria de tecer alguns comentários sobre essa iniciativa pioneira em nossa instituição e acredito talvez em outras instituições de ensino do nosso país .
Um memorial é um espaço de experimentação de duas capacidades humanas. A primeira é a capacidade de registrar acontecimentos e de artefatos significativos para determinado grupo social. A segunda capacidade é a recuperação desse registro e dessa guarda, ou seja, a rememoração.
Um memorial é também um espaço de comunicação e de aprendizado. Nesse sentido, ele permite expandir outras duas importantes capacidades humanas. A habilidade de exercitar um direito, o direito ao passado. A outra capacidade diz respeito à habilidade de fazer uso desse direito, empregando os registros preservados pelo Memorial na tomada de decisões racionais na vida prática.
Dizendo de outro modo, um Memorial possibilita o conhecimento da nossa experiência recente e o uso desse conhecimento para o planejamento e a ação futura, dentro de parâmetros não necessariamente idênticos aos do passado.
Pensando dessa forma, podemos então concluir, que um memorial sobre a Democracia estaria plenamente justificado. Ele guarda as evidências dos sucessos e das ameaças à nossa recente vivência democrática, mediante a preservação e o fomento da rememoração.
O Memorial da Democracia também amplia o nosso conhecimento sobre o passado recente. Ele nos habilita a tomar decisões melhor adaptadas ao nosso mundo, isto é, à alteridade e a manutenção de uma vida social fundamentada no Direito e, precipuamente, nos direitos humanos.
Entretanto, senhoras e senhores, o Memorial da Democracia da UFS não se reduz à essa função costumeira. Ele não nasce apenas para reforço do valor do pertencimento e da ideia de bem comum para a conformação da sergipanidade.
O Memorial da Democracia também não vem à luz para ser, apenas, um instrumento de alerta às gerações vindouras. Não se limita ao papel de sentinela avançada sobre os males que o autoritarismo nos causou. Não é instituído somente para lembrar-nos que a barbárie pode bater à nossa porta, a qualquer momento.
O nosso Memorial da Democracia vai além desses objetivos, e por dois motivos. O primeiro está baseado no nosso entendimento de democracia.
A palavra democracia diz muito mais que governo do povo, para o povo ou pelo povo. A nossa ideia de democracia avança para além dos princípios de legitimação e de exercício do poder. Ela é também participação e assentimento desse povo. Mas participação e assentimento qualificados. E para ser qualificado, necessita de formação escolar. E nesse aspecto a UFS contribui há mais de quatro décadas.
O segundo motivo pelo qual o Memorial da Democracia não se reduz à função costumeira dos demais memoriais é o fato de ele estar sediado na UFS.
A UFS é um ambiente de plena atividade democrática. Aqui é o território físico e simbólico onde são estimulados, produzidos, avaliados, afirmados, contraditos e intercambiados os mais diferentes saberes.
É aqui, senhoras e senhores, que brota toda a espécie de ideia que toma corpo como ideologia, que gera partidos políticos, que inventaria problemas que organiza a sociedade.
É daqui, que surgem os quadros que produzem as políticas públicas e também que as reinventam, quando a sociedade assim demanda. É na Universidade laica, pública e gratuita que germinam e são regados os mais diferentes princípios sobre a natureza, a distribuição e o valor do poder.
Por isso senhoras e senhores, como gestor dessa instituição, sinto-me honrado por lançar esse Memorial. Tenho orgulho de participar desse momento histórico que pode muito contribuir para o fortalecimento da democracia, um bem simbólico que tem melhorado a vida de milhares de sergipanos nos últimos 30 anos.
Que a democracia, hoje louvada pelo nascente memorial, continue a ser um mecanismo de desenvolvimento humano no nosso Estado. E mais: que contribua para que o sentido de bem humano continue a se espraiar para além dos muros dessa Universidade.
Muito obrigado!
Angelo Roberto Antoniolli é reitor da UFS.


Atualizado em: Sex, 28 de novembro de 2014, 16:37
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