Ter, 04 de outubro de 2016, 09:59

Grupo Plena promove oficina de leitura com quadrinhos para estudantes surdos
Objetivo é ajudar a aumentar vocabulário dos alunos e despertar interesse pela leitura
Ideia do projeto partiu de Rebeca de Oliveira, do 8º período de Biblioteconomia e Documentação. Hoje o projeto é o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Ideia do projeto partiu de Rebeca de Oliveira, do 8º período de Biblioteconomia e Documentação. Hoje o projeto é o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Nesta segunda-feira, 3, aconteceu na Universidade Federal de Sergipe a oficina “Leitura literária com quadrinhos para estudantes surdos: vivências do Grupo Plena”, promovida pelo Grupo de Pesquisa em Leitura, Escrita e Narrativa (Plena), do Departamento de Ciência da Informação (DCI).

O objetivo do projeto é facilitar o processo de leitura entre estudantes surdos que integram a UFS, com a utilização de quadrinhos acompanhados por uma ficha de leitura que contém uma relação de palavras consideradas difíceis e seus respectivos significados presentes no dicionário. Além disso, a ficha trazia um resumo sobre o enredo de obras como ‘A morte de Ivan Ilitch’, ‘Odisseia’, ‘Dom Quixote’, e ‘Os Lusíadas’.

A ideia partiu de Rebeca Socorro Fontes de Oliveira, 22 anos, estudante do 8º período de Biblioteconomia e Documentação. Rebeca, que perdeu a audição ainda na infância, conta que a inspiração para o projeto, que hoje é seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), surgiu quando cursou a matéria História em Quadrinhos e Formação do Leitor, da professora Valéria Bari, do DCI.

“O objetivo desse encontro é ajudar outros alunos surdos a aumentarem ainda mais seu vocabulário, além de despertar o interesse pela leitura”, conta a estudante.

A professora Valéria, orientadora de Rebeca, explica que a Libras não é uma língua constituída exatamente por palavras, mas conceitos, e o fato de o português ser a segunda língua entre os surdos gera uma série de dificuldades em relação à escrita.

“Os quadrinhos têm uma história híbrida, formada por imagens e texto, e imprimem um ritmo de leitura que corrige o problema de entendimento do surdo em relação à obra literária”.

Experiência de leitura


A professora Valéria Bari, do DCI, explica que a leitura de uma narrativa é capaz de despertar emoções e se alguém não domina totalmente a língua essa pessoa não consegue captar essa emoção. (fotos: bolsista Dayanne Carvalho/Ascom-UFS)
A professora Valéria Bari, do DCI, explica que a leitura de uma narrativa é capaz de despertar emoções e se alguém não domina totalmente a língua essa pessoa não consegue captar essa emoção. (fotos: bolsista Dayanne Carvalho/Ascom-UFS)

A professora Valéria acrescenta que a leitura de uma narrativa é capaz de despertar emoções e, se alguém não domina totalmente a língua, a pessoa não consegue captar essas emoções e sente dificuldade em gravar o enredo, o que compromete a experiência de leitura.

Quando ministrou a disciplina de História em Quadrinhos e Formação do Leitor, a professora lembra que Rebeca, apesar de ter escutado durante parte da infância, enfrenta as mesmas dificuldades que outra pessoa surda.

“Ela se colocou como alguém que queria participar da experiência de leitura como aluna da minha disciplina e gostou. Então, a partir disso, ela elaborou seu projeto de TCC propondo essa vivência para ver se os outros surdos sentem o mesmo que ela”.

Valéria acrescenta que Rebeca chegou a ler 14 obras clássicas em um período de 60 dias por meio das histórias em quadrinhos. “Isto é mais do que ela leu durante a vida inteira. Para o público surdo um projeto como esse é muito significativo”.

A oficina literária aconteceu à tarde e à noite no auditório do CCSA.

Ascom

comunica@ufs.br


Atualizado em: Ter, 04 de outubro de 2016, 10:21