Qui, 20 de outubro de 2016, 09:33

Programa Servidor Cidadão discute câncer de mama no dia internacional de combate à doença
Evento trouxe profissionais da saúde e integrantes do programa Mulheres de Peito
A psicóloga clínica Dalitha Mendonça exemplifica o modo de se fazer o autoexame de mama.
A psicóloga clínica Dalitha Mendonça exemplifica o modo de se fazer o autoexame de mama.

Na manhã de ontem, 19, Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama, servidores e estudante da UFS se reuniram na Sala dos Conselhos para mais uma edição do Programa Servidor Cidadão. O encontro promoveu uma mesa-redonda com profissionais da saúde e integrantes do programa Mulheres de Peito, que relataram histórias de enfrentamento da doença.

Veja as fotos do evento.

A palestra, que foi coordenada pela médica Ingrid Cristiane Pereira, contou com a presença do oncologista Nivaldo Vieira, da psicóloga clínica Dalitha Mendonça e de Maria Catarina Divino de Matos, uma das coordenadoras do programa Mulheres de Peito, que conta com 159 integrantes e tem como objetivo reunir mulheres que passam ou já passaram pelo tratamento contra o câncer. Um dos propósitos do programa também é cobrar do estado políticas públicas efetivas de saúde para tratar a doença.

Ednalva Freire Caetano, pró-reitora de Gestão de Pessoas, diz que, por conta do Outubro Rosa, o momento é propício para promover o debate dentro da universidade. “Estamos no mês em que todos os olhares se voltam para prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama. É uma doença que acomete muitas mulheres e cerca de 50% do nosso quadro de servidores são do sexo feminino, por isso é importante tratarmos disso com elas”, afirma.

Fatores de risco


Programa Mulheres de Peito reúne mulheres que passam ou já passaram pelo tratamento contra o câncer.
Programa Mulheres de Peito reúne mulheres que passam ou já passaram pelo tratamento contra o câncer.

O oncologista Nivaldo Vieira explicou que há diversos fatores de risco que podem ocasionar a doença. “A mulher precisa estar ciente do histórico da família porque a hereditariedade é um desses fatores; também o são: a obesidade, o consumo excessivo de álcool e o próprio histórico hormonal”.

A recomendação do médico é de que a prática de exercícios físicos seja constante. “Diminuir o peso reduz cerca de 30% as chances de ter câncer de mama”, atesta. Outro conselho é que as mulheres conheçam seus corpos, toquem suas mamas, mas não deixem de fazer a mamografia. “A mamografia continua sendo o melhor método de detecção da doença; o mais efetivo”.

Nivaldo Vieira ainda diz que a proposta da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) é de que as mulheres se preocupem com seus corpos para além do câncer de mama. É preciso, segundo a SBM, que se passe de um autoexame para uma autoconscientização.

“A mulher precisa estar atenta a todos os problemas de saúde que pode ter, não apenas o câncer de mama. O autoexame é necessário, mas ele só detecta. É preciso, antes de detectar, prevenir”, afirma.

Ajuda psicológica


Evento ocorreu no Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama, reunindo servidores e estudante na Sala dos Conselhos. (fotos: Schirlene Reis/Ascom-UFS)
Evento ocorreu no Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama, reunindo servidores e estudante na Sala dos Conselhos. (fotos: Schirlene Reis/Ascom-UFS)

Outro profissional que desempenha um papel importante na vida das mulheres que enfrentam o câncer de mama é o psicólogo. Dalitha Mendonça é psicóloga clínica e trabalha na Associação dos Amigos da Oncologia (AMO) desde 2010.

A psicóloga diz que o seu papel é fazer com que os pacientes voltem a enxergar as possibilidades. “Quando a paciente descobre a doença acha que não há mais volta. Minha função é desmistificar os pensamentos negativos acerca da doença. O diagnóstico do câncer não é um diagnóstico de morte”.

Dalitha Mendonça explica que no começo as coisas são complicadas para a paciente e para a família. É normal sentir raiva, medo e desamparo porque, segundo ela, “ninguém recebe o câncer de braços abertos”.

O trabalho da psicóloga é, sobretudo, não deixar que a doença impeça a mulher de seguir em frente. “A essência não pode ser perdida. Recebo pacientes diariamente e desenvolvo um processo de reconstrução cognitiva com elas. O que eu sempre digo é que é preciso confiar em quem está cuidando e seguir em frente”.

Histórias


Apresentação de Libras realizada por servidores ao final do evento. (foto: Adilson Andrade/Ascom-UFS)
Apresentação de Libras realizada por servidores ao final do evento. (foto: Adilson Andrade/Ascom-UFS)

Nem todas as histórias de câncer são melancólicas e banhadas em tristeza. Essa afirmação é uma máxima na vida de Maria Catarina, que enfrentou um câncer de mama. “O mundo começou a desabar quando descobri que o carocinho não era apenas um carocinho. Pensei que fosse morrer, mas continuo aqui”, diz ela, no começo do seu depoimento.

Catarina é uma das Mulheres de Peito e com a ajuda de mais 158 integrantes conseguiu superar a doença; hoje ela é uma das representantes do projeto. “Nós nos organizamos para nos ajudar e cobrar por mudanças no cenário de tratamento oferecido pelo serviço público. Eu tenho plano de saúde, mas e quem depende do SUS?”, questiona.

Ela conta que precisou de muito apoio da família para conseguir chegar até aqui. Seu marido e seus dois filhos foram essenciais para que tudo corresse bem durante o tratamento. “Quando comecei a fazer a quimioterapia, perguntei aos meus filhos como eu estava. O meu mais novo me disse: ‘mamãe, você está bonita!’ Naquele momento, apesar de estar careca, eu realmente me sentia bonita”.

O tratamento de Catarina não foi fácil, mas hoje ela o transforma em um relato emocionante e engraçado. “Meu filho mais velho não gostou muito quando fiquei careca. Ele achou estranho e disse: ‘mamãe, você não está bonita!’”, diz, rindo. “Mas eu estava bonita. Eu me sentia bonita”.

Ao final do depoimento, Catarina volta a reforçar a importância dos médicos e da família em todo o tratamento. “Os médicos foram uns anjos na minha vida e contei com todo o apoio da minha família. Eles não me abandonaram em nenhum momento”. Ela diz que um diagnóstico de câncer não é uma sentença de morte e encoraja mulheres a continuarem lutando pela vida.

Ronaldo Gomes (bolsista)

Luiz Amaro

comunica@ufs.br


Atualizado em: Qui, 20 de outubro de 2016, 10:27
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