Ter, 11 de julho de 2017, 15:51

Residentes e especialistas discutem política nacional da saúde integral LGBTT
Durante as palestras, esboçou-se o cenário atual das conquistas e daquilo que ainda precisa ser feito no SUS

Os preceptores do Programa Multiprofissional em Saúde do Adulto e Idoso do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) promoveram um encontro entre especialistas e residentes na última segunda-feira, 10, para fomentar o debate sobre a política nacional da saúde integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBTT). Os convidados relataram as suas experiências pessoais e trouxeram reflexões sobre programas, projetos e atividades que precisam constituir as ações de desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

A fonoaudióloga do HU, Liz Magno, uma das organizadoras do evento, explicou que a meta dos preceptores está consignada nesse tipo de iniciativa. “O tema da saúde dos LGBTTs não poderia deixar de estar presente. O residente precisa livrar-se dos estigmas e tratar essa parcela da população com todo respeito e cuidado que merecem, inclusive no que se refere a direitos característicos dela”, disse.

Discussões

“Temos de falar de saúde integral, com um enfoque de direitos e conhecimento da legítima diversidade”. Com essas palavras, o farmacêutico Daniel Lima, um dos palestrantes, representante da Associação e Movimento Sergipano de Transexuais e Travestis (Amosertrans), trouxe a agenda atual. “Os profissionais de saúde precisam preparar-se para aprender conceitos básicos: ainda confundem identidade de gênero com diversidades de orientações sexuais. Como homem transexual, preciso questionar esse paradigma heteronormativo”, asseverou.

A professora Adriana Lohanna, convidada como assistente social e ativista LGBTT, teorizou sobre conceitos de sexo, gênero, orientação sexual e identidade, aprofundando-se em aspectos estabelecidos no plano operativo para a política nacional de saúde. “Infelizmente, a identidade de gênero diferente daquela socialmente imposta pela genitália continua na lista de transtornos de personalidade. Se fomentarmos pesquisas, descobriremos que as questões de saúde vão muito além desse preconceito”, afirmou.

Outra ativista do movimento LGBTT, Linda Brasil, falou aos residentes de discriminação e humanização. “Quando eu chego ao SUS, quero ser tratada pelo meu nome social, independentemente do que está no meu documento de identidade. Isso, além de estar normatizado numa portaria do Ministério da Saúde, é um passo essencial para o reconhecimento do meu espaço na sociedade”, defendeu. Linda lembrou, ainda, que esses aspectos são importantes para que se possa compreender a violência injusta – física, psicológica e moral – muitas vezes causa de reclusão e suicídio.

Ambulatório Trans

O palestrante Rodrigo Dornelas relatou a sua experiência com o único Ambulatório Trans de Sergipe, que atualmente funciona no Hospital Universitário de Lagarto (HUL), e do qual é coordenador. “Estamos em muito bom caminho. Os profissionais envolvidos nesse projeto, muitos deles professores da UFS, dedicam-se a inovar no SUS. Recebemos as pessoas, ouvimos as angústias e necessidades; com uma equipe multidisciplinar de saúde, garantimos o atendimento ideal aos LGBTTs”, ressaltou.

O Ambulatório Trans do HUL funciona desde 2015, realizando atendimentos diários, e já conta com mais de 60 prontuários abertos. Seguindo normativa do Ministério da Saúde, o ambulatório oferece atenção para além das superstições sociais – muitas vezes relacionadas a doenças sexualmente transmissíveis – tratando o indivíduo LGBTT sob a tríade do amor, cuidado e respeito.

Palestrantes

Daniel Lima Menezes é graduado em Farmácia pela UFS, membro da Amosertrans e dedica-se ao estudo da política nacional de saúde integral de LGBTTs.

Adriana Lohanna dos Santos é professora, graduada em Letras Português-Inglês e Serviço Social pela Universidade Tiradentes. Jornalista comunitária e ativista do movimento LGBTT.

Rodrigo Dornelas do Carmo é Doutor em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente, ocupa os cargos de professor adjunto da UFS e coordenador do Ambulatório Trans do HUL.

Linda Brasil é graduada em Letras pela UFS e ativista do movimento LGBTT. Tem vasta experiência em transexualidade e questões de identidade.

Unidade de Comunicação Social do HU


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