Ter, 12 de junho de 2018, 19:17

STF e monarquia belga são temas do primeiro dia do Simpósio de Estudos Científicos
Evento transnacional segue até o dia 15/06

Teve início na tarde desta segunda-feira, 11, a 35ª edição do Simpósio Transnacional de Estudos Científicos. O evento é organizado pelo Departamento de Direito (DDI) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a abertura foi realizada no Auditório da Reitoria.

Um evento tão longevo – existe há cerca de 20 anos – só foi possível porque abarca um amplo repertório de temas desde o seu início, é o que defende o professor Carlos Rebelo Júnior, professor do DDI e organizador desde a primeira edição.

“A amplitude desse arco de possibilidades abrange todas as áreas do conhecimento humano: se alguém quiser falar sobre biologia marinha, pode falar, se quiser falar sobre física nuclear, também”, explica Rebelo. “Agora, como é fruto no departamento de direito, muitos acontecimentos são reportados sob a ótica do direito”, pondera.


Carlos Rebelo Júnior, professor do DDI e organizador do evento (Fotos: Adilson Andrade - Ascom/UFS)
Carlos Rebelo Júnior, professor do DDI e organizador do evento (Fotos: Adilson Andrade - Ascom/UFS)

A palestra de abertura, por exemplo, teve foco no mundo jurídico, já que teve como título “Limites constitucionais e institucionais de atuação do STF”. Os convidados para falar sobre o Supremo Tribunal Federal, no entanto, diversificaram o olhar sobre o tema. A mesa foi formada pelos professores da UFS Denise Leal Fontes Albano, do DDI, e José Rodorval Ramalho, do Departamento de Ciências Sociais. O Ouvidor Geral da UFS, Marcos Cabral Barretto, mediou o debate.

Os palestrantes abordaram a constituição e atuação do STF, relacionando-as aos fatos cotidianos que chamam atenção da população. O professor José Rodorval, por exemplo, citou a importância que o Supremo tem adquirido perante a sociedade. “Na minha época de adolescência, não se sabia os nomes dos ministros do STF; atualmente, as pessoas sabem quem são e até tomam partido, se identificam com um ou outro ministro”, exemplificou o docente.


José Rodorval Ramalho, professor do Departamento de Ciências Sociais
José Rodorval Ramalho, professor do Departamento de Ciências Sociais

Para Denise Albano, essa popularidade do STF está ligada também ao fator da transparência, já que se criou uma necessidade de a instituição tornar públicos seus debates. “Em outros países não se transmite a sessão da suprema corte, como no Brasil”, reflete a professora.

A atuação do Supremo, adverte Denise, representa ainda características que não são a essência do órgão. Ele tem funcionando como guardião das promessas constitucionais, quando busca suprir a ausência do legislativo e executivo na proposição e criação de leis, e como concretizador dos de direitos fundamentais – aqueles previstos na Constituição, mas que não são cumpridos pelo poder público e pela vida social e acabam tendo que ser decididos pela casa maior do judiciário.


Denise Leal Fontes Albano, professora do Departamento de Direito
Denise Leal Fontes Albano, professora do Departamento de Direito

Pannomion

A amplitude dos temas do Simpósio está mais aberta ainda este ano. Isso tem a ver com o aniversário de 50 anos da UFS, segundo o professor Rebelo. “Achamos que deveríamos dar um enfoque nesse aspecto de poder falar tudo, então escolhemos um nome que tem origem no grego: pannomion, pois pan representa a universalidade”, disserta Rebelo – o termo representa o todo de algo, como em panamericano, que significa todas as Américas.

O cinqüentenário da UFS está ligado também à escolha dos temas e dos palestrantes desta 35ª edição. “É uma prioridade que se está dando, de que os palestrantes e painelistas sejam ex-alunos, discentes e docentes da UFS”, destaca Rebelo.


Gustavo Costa Cunha, estudante do primeiro período de Direito
Gustavo Costa Cunha, estudante do primeiro período de Direito

Integrar os estudantes ao curso e à instituição também é objetivo do Simpósio. É o caso do aluno do primeiro período de Direito, Gustavo Costa Cunha, que viu no evento a confirmação da opção na vida acadêmica. “O interesse que eu tenho pelos temas do Simpósio mostra que Direito foi a escolha certa, sim”, afirma o discente, que aprovou a organização. “Achei uma proposta muito interessante, pelos temas muito concernentes à conjuntura – este sobre o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, que está muito em pauta na mídia”, conclui.

Monarquia belga

A tarde de abertura foi encerrada com a palestra “A estrutura constitucional belga e o papel da monarquia”. O tema foi abordado por Vinícius Andrade de Jesus, que além de ter cursado mestrado na Bélgica, é formado em Direito pela UFS e servidor técnico-administrativo da instituição. Completaram a mesa, a belga Isabelle Leblanc – que reside em Aracaju –, como painelista, e Adriana do Piauí Barbosa, na mediação.


Isabelle Leblanc, tecnóloga em imóveis, falou sobre seu país natal, a Bélgica
Isabelle Leblanc, tecnóloga em imóveis, falou sobre seu país natal, a Bélgica

O objetivo do Painel foi mostrar as particularidades daquela nação tão complexa, sobretudo em relação à sua formação político-jurídica. A nativa Isabelle contou um pouco da história do país, mostrando os caminhos que o levaram a se tornar um território tão plural – a Bélgica tem importantes fronteiras com a Alemanha, Holanda e França, o que leva o país a ter três idiomas oficiais: holandês e francês, falados em praticamente metade do território, cada um, e alemão, representado em uma pequena parcela do mapa.

Vinícius de Jesus apresentou as características da monarquia belga, narrando como a difícil manutenção de um território culturalmente dividido sempre foi um desafio para a representação política.

“A monarquia belga tem três principais desafios: o ultranacionalismo, um separatismo radical principalmente por parte dos flamengos; outro, que é um grande desafio da democracia moderna, a apatia e até desconfiança a tudo que é político; e a busca da reconciliação”, expôs Vinícius.


Servidor da UFS, Vinícius Andrade de Jesus tem mestrado em Direito na Bélgica
Servidor da UFS, Vinícius Andrade de Jesus tem mestrado em Direito na Bélgica

O mestre em Direito explicou ainda que a importância da monarquia belga tem se tornado, ao longo da história, cada vez mais simbólica. “Seu simbolismo só tendeu a aumentar, principalmente em face da crise lingüística e separatista. Usa-se esse símbolo para integrar a pluralidade lingüística e cultural sob uma mesma bandeira”, defende.

Aparentemente, o simbolismo da monarquia tem funcionado para o povo belga, segundo atesta Isabelle Leblanc. “A maior parte dos belgas gosta do monarca atual, é bem orgulhosa com a família real, que é realmente um ponto de referência para o país”, assegura a tecnóloga em imóveis, que é natural do lado francês da Bélgica.

Programação

O 35º Simpósio Transnacional de Estudos Científicos integra também a 10ª Semana de Estudos Jurídicos e o 22º Seminário Internacional – Justiça federal. A programação prossegue até o dia 15 de junho e os painéis são abertos a todos. Clique aqui e confira a programação.

Ascom
comunica@ufs.br


Atualizado em: Ter, 12 de junho de 2018, 19:46
Notícias UFS