Embora os relatos iniciais – e generalistas - acerca da lógica tenham ocorrido na Índia e na China, o raciocínio lógico tal como o conhecemos teve sua origem na Grécia Antiga, com os trabalhos do filósofo Aristóteles. Sua teoria, presente ainda hoje nos estudos das mais diversas áreas, tais como Filosofia, Comunicação, Matemática e Ciências da Computação, prevê basicamente que é possível chegar a certas conclusões a partir de assuntos preliminares sobre um assunto específico e tem cada vez mais despertado o interesse de estudantes em todo o mundo.

Prova disso foi a acirrada disputa na XV Olimpíada Internacional de Lógica, que classificou três estudantes de Filosofia da Universidade Federal de Sergipe dentre as dez primeiras colocações. O evento, realizado pela Academia Mexicana de Lógica teve sua primeira edição realizada no Brasil e, segundo o professor do departamento de Filosofia da UFS Renato Rocha, esse resultado reflete um processo de crescente interesse e dedicação dos estudantes em relação ao tema.

“Ficamos muito felizes com essa classificação num evento tão respeitado dentro dos estudos de Lógica e que demonstra cada vez mais um interesse dos estudantes pelo assunto. A disputa envolvia graduandos das mais diversas áreas e universidades brasileiras o que, de fato, mostra o potencial dos nossos classificados”, salienta o professor.

Ele explica ainda que é muito comum os estudantes iniciarem suas graduações com certa apreensão diante desses estudos “pela própria crença – errônea - de que se trata de algo difícil, associado a um processo mecânico, sem humanização, o que não é verdade”, esclarece.

Foi o que pensou o estudante de filosofia da UFS Alex Deiwinsson, que obteve a quinta colocação na disputa internacional e, atualmente, tem se dedicado às pesquisas na área do raciocínio lógico.

“Não entrei na graduação com nada definido, nenhuma área específica para seguir, mas inicialmente tinha uma percepção de que a lógica era algo um tanto distante. Acho que isso é muito comum quando ainda não entendemos o seu funcionamento. No entanto, ela é aplicável constantemente, no nosso dia a dia mesmo, e isso me despertou bastante interesse. Fui estudando e, hoje, é a área que me dá mais prazer”, explica.

Sobre estar nas primeiras colocações da Olimpíada Internacional de Lógica, ele alega ser um processo motivacional, que contribui positivamente para o seu desenvolvimento acadêmico.

“A classificação é legal, mas o mais importante é a motivação que o evento proporciona. É um trabalho em equipe, muitos estudantes se preparam, há o apoio dos professores, de outros colegas, e isso faz com que o participante se sinta motivado a estudar, a se dedicar, a compreender um pouco mais sobre o assunto, independente da sua classificação”, diz Alex, que atualmente cursa o 5º período de Filosofia na UFS.

Para o estudante Marcos Deyvinson Damacena, que cursa o 7º período de Filosofia e também ficou entre as dez primeiras colocações no evento internacional, o resultado fortaleceu seu interesse pelo raciocínio crítico e pelas ramificações da área, que é aplicável além da graduação em Filosofia.

“Quando a gente estuda e se aprimora no conhecimento da lógica, amplia todas as percepções que envolvem o raciocínio crítico, a argumentação e o funcionamento de áreas como Ciências da Informação e da Computação. Diariamente, por exemplo, usamos aplicativos no celular e no computador de forma intuitiva. Todos esses mecanismos orgânicos são baseados na lógica e isso foi aprimorado junto a todos os outros colegas nas olimpíadas”, explica o estudante.

A percepção da lógica como algo divertido e instigante também motivou a participação de Daniel Montenegro, estudante do 3º período.

“Gosto da percepção da lógica como algo natural e me divirto estudando o assunto. As pessoas vêem a filosofia analítica como algo distante, inalcançável, mas não é. Existem livros, exercícios e material de lógica disponibilizado até para crianças. É, literalmente, uma questão de observação e prática que deveria ser incentivada desde cedo, independente de que profissão a pessoa irá seguir. A falta de lógica, muitas vezes, é falta de compreensão, de poder de argumentação e isso é algo que se desenvolve”, diz Daniel, que também ficou entre os dez primeiros colocados na Olimpíada Internacional.

Segundo o professor Renato Rocha, o resultado da UFS é conseqüência de um trabalho que já vinha sendo desenvolvido por outros professores ao longo dos anos e que contribui significativamente para o interesse de estudantes de outas graduações.

“É importante ressaltar que esses estudos e a própria Olimpíada não se restringem às áreas de Filosofia e Matemática. Qualquer estudante da UFS que se mostrar interessado pode entrr em contato conosco para participar dos grupos de estudo. Essa interdisciplinaridade é fundamental”, salienta.

A Olimpíada Internacional de Lógica teve sua etapa final realizada no último dia 23 de junho e contou com apoio da Sociedade Brasileira de Lógica. No Brasil, a prova foi realizada de forma presencial na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal do Ceará (UFCE) – campus Quixadá – Universidade Federal de Santa Maria e Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo.

Ascom

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