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Música sertaneja é tema do livro "Cowboys do asfalto"
Seg, 14 de setembro de 2015, 07:57
Música sertaneja é tema do livro "Cowboys do asfalto"
Música sertaneja é tema do livro "Cowboys do asfalto"
Professor Gustavo Alonso defendeu sua tese na Federal Fluminente, em 2011Lançamento ocorreu na UFS na tarde da última quarta-feira, 9/9
“Cowboys do Asfalto” realiza um profundo debate em torno da questão da modernização do Brasil, refletindo, a partir da disputa entre sertanejos e caipiras no início dos anos 1950 ate o fenômeno do sertanejo universitário.
O professor Gustavo Alonso realizou na tarde da última quarta-feira, 9, uma palestra de lançamento do livro “Cowboys do Asfalto: Música Sertaneja e Modernização Brasileira”. O evento aconteceu no auditório do curso de Ciências Sociais. O livro é resultado da sua tese de doutorado, defendida em 2011 na Universidade Federal Fluminense.
Gustavo conta que o interesse em pesquisar este tema surgiu da curiosidade em entender o fenômeno da música sertaneja no Brasil. “Eu não encontrava livros que me explicassem profundamente o assunto. Senti que era preciso explicar a relação desses artistas com a sociedade brasileira e com a história do Brasil, com as mudanças culturais, modernização e industrialização. Não encontrava nenhuma obra que falasse sobre isso. Então resolvi escrever o livro que eu queria ler”, contou o professor que já lançou a obra no Rio de Janeiro, Recife e Aracaju.
Além das pesquisas em reportagens, arquivos da censura, discos e sebos, Gustavo também entrevistou cantores, produtores e empresários do gênero. “Onde tinha rastros de sertanejos eu fui atrás, porque existe muita informação, mas são informações dispersas”, contou.
Segundo Gustavo, Cowboys do Asfalto é a primeira tese sobre música sertaneja, o que mostra um certo preconceito com o gênero na academia. “A música sertaneja se tornou sucesso em todo o Brasil a partir de 1989, com a canção “Entre tapas e beijos” e desde então, ninguém havia feito uma tese sobre o assunto. Gostando ou não é preciso analisar”, pontuou.
Com o objetivo de inserir o gênero na história da música brasileira, o professor estuda desde os sertanejos e caipiras do início do anos 1950, até o fenômeno do Sertanejo Universitário. Durante as pesquisas, o autor se surpreendeu com algumas descobertas. “Espantei-me com a quantidade de musicas que Tonico Tinoco fizeram apoiando a ditadura, junto com artistas de outros gêneros, como da MPB. Também como Zezé di Camargo criticava os sertanejos universitários, chamando-os de mentira marqueteira. Não sabia que o cineasta Nelson Pereira dos Santos produziu um filme sobre Milionário e José Rico, em 1980, durante o Cinema Novo e que fez sucesso na China. Também muitos sertanejos se engajaram na redemocratização do Brasil, apesar de uma parte deles terem apoiado a ditadura”, recorda.
O professor ainda busca fazer uma compreensão da musica brasileira além dos gêneros que são sempre contemplados com estudos, como a MPB, tropicália e samba. “Eu tentei trazer um painel da música brasileira, não só da música sertaneja, mas uma relação do sertanejo com outros gêneros, pois ela não está sozinha. Diferente de vários outros livros sobre música brasileira, onde só se fala sobre um ritmo, falo sobre música sertaneja em dialogo com outros gêneros”, conta.
A chefe do departamento de Ciências Sociais, Tamara Maria de Oliveira, falou sobre a importância do debate sobre o tema na universidade. “A música é um fenômeno social universal, não existe povo sem música. A musica sertaneja é polêmica no Brasil. Por um lado ela é cada vez mas escutada, porém há quem deteste. É ame-o ou deixe-o! Ter um pesquisador, alguém que mergulhou neste tema traz um olhar mais amplo, que ajuda a diminuir esta polarização”.
O livro ainda será lançado em Caruaru e São Paulo.