Josué Modesto dos Passos Subrinho
25/05/2010
Há alguns anos, o Instituto Nacional de Pesquisas em Educação "Anísio Teixeira" - INEP – vem produzindo e publicando estatísticas acerca dos diversos níveis dos sistemas de educação brasileiros, permitindo análises fundadas em dados confiáveis e precisos sobre os diversos aspectos desses sistemas. Infelizmente, como ocorre frequentemente com os dados censitários, eles são disponibilizados com alguma defasagem temporal, prejudicando uma correta e imediata avaliação das tendências do desenvolvimento dos sistemas.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, ANDIFES, lançou, no mês passado, um “Relatório de Acompanhamento do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni)” que, ao selecionar as variáveis mais importantes, com dados compreendendo o período 2006-2010, permite uma boa apreensão do desempenho recente das Instituições Federais de Ensino Superior, IFES, em conjunto, com recorte regional, ou individualmente.
Neste artigo, focaremos o desempenho da Universidade Federal de Sergipe, no conjunto das Instituições Federais de Ensino Superior, que estão passando por um ciclo expansivo muito significativo, especialmente após a edição do Programa Reuni, o qual envolveu a ampliação de recursos de custeio e investimento, bem como o incremento nos corpos docente e técnico das universidades, em proporções, há muito, não vistas. O citado programa teve como motivação uma proposta apresentada pelos dirigentes das instituições federais de ensino superior, através de sua associação, a ANDIFES, ao Presidente da República, em 2003. Inicialmente, o Ministério da Educação aprovou programas de interiorização, com a construção de novos campi universitários, 115 para sermos precisos, a partir de demandas das instituições de ensino e/ou de lideranças das regiões beneficiadas. Posteriormente essas ações ficaram conhecidas como Expansão Fase 1.
O impulso decisivo, contudo, ocorreu a partir de 2008, com a aprovação, em 2007, do já citado Programa Reuni, com a adesão total das instituições, após o vencimento de resistências e desconfianças internas.
O documento de onde retiramos os dados, espelha o crescimento das IFES, no período 2006-2010, não captando o crescimento em período anterior, o qual, no caso da Universidade Federal de Sergipe, teve como base o ano de 2005 que assistiu aos primeiros incrementos, na criação de cursos e de novas vagas, em cursos de graduação. Para manter a unidade da fonte de informação, não consideraremos essa expansão da UFS, anterior ao ano de 2006, e, evidentemente, em períodos mais remotos.
Tabela 1
Como podemos ver na tabela 1, o nosso crescimento apresentou em ritmo mais célere que a média das IFES, visto termos ampliado a oferta de vagas, em cursos de graduação presencial, em 68,4%, enquanto o conjunto das IFES teve um crescimento de 58,9%. Isso não obstante a UFS já ter tido feito um esforço expansivo, na oferta de novas vagas, em cursos de graduação presencial, entre 2005 e 2006, passando de 2010 vagas para 2.915, ou seja, um crescimento de 45%.
O resultado foi melhorar a posição relativa da Universidade Federal de Sergipe, no conjunto das IFES, como também pode ser depreendido da tabela 1. Em 2006, nossa oferta de vagas, em cursos de graduação presencial, representava 2,3% das vagas do conjunto das IFES. Em 2010, o mesmo indicador alcançou 2,5%. Com isto, entre as 55 instituições federais de ensino superior, a UFS em 2006 estava colocada em 20º (vigésimo) lugar, classificando-se as instituições pelo maior número de vagas ofertadas, passando para 18º (décimo oitavo) lugar, em 2010, segundo o mesmo critério. Na região Nordeste, pelo mesmo critério, a UFS é a sétima maior instituição, em ambos os anos.
Muito além de representar o desejo provinciano de destaque nacional, tais indicadores têm o profundo significado de êxito, na política de redistribuição regional da riqueza nacional, visto significar que estamos ofertando mais vagas, dentro do sistema federal de ensino superior, e que a participação de Sergipe na população nacional é pouco superior a 1% da população brasileira, e mais ainda em termos de participação da economia sergipana, no Produto Interno Bruto Brasileiro ( PIB, ou seja, a totalidade da riqueza produzida anualmente no País), que está em torno de 0,7%.
Resumindo, a Universidade Federal de Sergipe vem contribuindo decisivamente para a geração de melhores condições para o desenvolvimento de Sergipe, desde sua fundação, em 1968, chegando, nos últimos anos, a um patamar muito superior à participação de Sergipe, na população brasileira, e do seu PIB, na economia brasileira. Esta é uma percepção compartilhada por boa parte da opinião pública sergipana, confirmada por dados oficiais. A segunda boa notícia é que, neste período recente de intenso crescimento do sistema federal de ensino superior, a Universidade Federal de Sergipe conseguiu um êxito ainda maior que o do conjunto nacional de instituições federais.
Reitor da UFS.