Seg, 26 de setembro de 2011, 14:03

Degradação ambiental
Degradação ambiental

Saber Ciência / Renisson Neponuceno de Araújo Filho


08/06/2010


As matas ciliares exercem a função de proteger os rios, influenciando na qualidade da água, na manutenção do ciclo hidrológico nas bacias hidrográficas, evitando o processo de erosão das margens e o assoreamento do leito dos rios. Apesar da relevância das matas ciliares, este recurso vem sendo perturbado e degradado pelas ações antrópicas. Diante deste cenário, instauram-se inúmeros problemas como erosão, assoreamento do canal do rio, degeneração de nascentes, vulnerabilizando terras para inundações, além de poluição das águas.


A depender do grau de degradação, diversas técnicas podem ser utilizadas para a recuperação de áreas como os ecossistemas ribeirinhos. Áreas com menores impactos apresentam um processo regenerativo mais rápido que geralmente ocorre sem a necessidade da intervenção humana, através da sucessão ecológica iniciada pela ocorrência de espécies pioneiras, responsáveis pela preparação do ambiente para o estádio seguinte, o secundário. Em seguida ocorre o estádio secundário tardio e por fim o estádio clímax.
Muitas são as alternativas para a recuperação de áreas degradadas que possibilitem a redução de custos e retorno das mesmas a uma condição ecológica mais próxima da original - a restauração ecológica. Nessa nova tendência, têm sido preconizado o manejo e a indução dos processos ecológicos, com vistas a aproveitar ou estimular a resiliência do ecossistema. Para isso, o conhecimento da vegetação colonizadora das áreas degradadas, bem como aspectos relacionados às condições edáficas e à auto-ecologia das espécies, são fundamentais para a definição de metodologias de restauração.
Nas áreas de grandes impactos, a regeneração natural não atua de forma a garantir a sua recuperação, e quando atua o processo é bastante lento, podendo demorar anos. Nesses casos, é necessária a intervenção humana. Segundo Sandro Holanda e equipe de pesquisa, vários desafios precisam ser enfrentados para a recuperação de áreas degradadas. Um dos mais importantes é a adoção de técnicas de revegetação eficazes e adequadas às peculiaridades do local a ser recuperado. Entre as diversas técnicas utilizadas, destaca-se a bioengenharia de solos que implica no uso de materiais vivos (vegetação), associados com materiais inertes. Bioengenharia de solos, por outro lado, pode ser considerada como uma técnica especializada ou subconjunto de estabilizações biotécnicas.
A estabilidade de encostas marginais e o impedimento da dinâmica de erosão e sedimentação, comuns e indesejáveis em cursos de água, podem ser realizados por meio de soluções simples que, associadas com uma visão mais abrangente da bacia hidrográfica, produzem melhorias estéticas, ecológicas e de produção dessas áreas. Soluções baratas, de fácil implementação e corretas do ponto de vista ecológico, são buscadas pela bioengenharia.
Araújo e outros autores, em uma publicação de 2005, verificaram que a família “Leguminosae” possui papel singular na recuperação de áreas degradadas. Essa família agrega características importantes na ativação e regulação dos recursos disponíveis, permitindo o surgimento de espécies mais exigentes. Tal efeito justifica o uso de espécies dessa família em trabalhos de Bioengenharia de Solos. A presença das leguminosas permite o desenvolvimento de espécies típicas de estádios sucessionais mais avançados, apesar da degradação a qual a área foi submetida.
Preferencialmente são utilizados plantas herbáceas, pois estas geralmente fornecem uma cobertura vegetativa inicial rápida nos locais impactados e contribuem na melhoria dos atributos físicos do solo. Os modelos de sucessão típicos vão do solo exposto, passam de estágio herbáceo, para arbustivas e árvores pioneiras e, finalmente, para o estágio de uma floresta clímax.


Currículo
Engenheiro Florestal.


Atualizado em: Seg, 26 de setembro de 2011, 14:04
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