Qua, 23 de novembro de 2011, 07:06

Um novo prédio do CSSA
Um novo prédio do CSSA

Josué Modesto dos Passos Subrinho


Em 1981, com a transferência das principais unidades da Universidade Federal de Sergipe para o então recém inaugurado Campus Universitário em São Cristóvão, os cursos de Economia, Direito, Serviço Social, Ciências Contábeis e Administração passaram a funcionar no prédio de Administração Departamental I. Hoje, transcorridos exatamente trinta anos, estamos inaugurando mais um prédio para o Centro de Ciências Sociais Aplicadas, o qual a primeira vista é uma réplica do original. Se adentrarmos o edifício, contudo, podemos confirmar a semelhança com o pioneiro na distribuição de salas, na área construída, na área de circulação e distribuição de banheiros.


Se os prédios aparentam continuidade em suas formas, a utilização e a incorporação de novas necessidades foram mudando suas funcionalidades.


Vamos reter inicialmente o significado do prédio de Administração Departamental I, no início da década de 1980, quando este foi inaugurado, para a Universidade Federal de Sergipe e para o nosso Centro.


Em 1981, a UFS tinha treze anos de implantação e ainda era, para fins práticos, um somatório de faculdades, voltadas essencialmente para a formação de profissionais, ficando mais na esfera dos desejos as possibilidades de pesquisa, de atividades de extensão e de formação no nível da pós-graduação. No período entre 1968 e 1980, os prédios das antigas faculdades receberam investimentos, com reformas, ampliações e mudanças em seus usos. Assim sendo, o prédio da Faculdade de Economia, na Praça Camerino, passou a ser usado pelo Centro de Educação Física, os prédios da Rua de Campos, que sediaram a antiga Faculdade Católica de Filosofia foram ampliados e passaram a servir de sede para os ciclos básicos, especialmente dos cursos da área de ciências humanas e cursos noturnos da antiga Faculdade Ciências Econômicas, os prédios da Rua Vila Cristina, sede da antiga Faculdade de Química, foram ampliados para servir as áreas básicas de Ciências Exatas e de Ciências Biológicas, os prédios da Faculdade de Serviço Social, na Rua de Estância, e de Medicina, no Hospital de Cirurgia, sofreram menores transformações em instalações e usos.


A grande mudança, contudo, só se daria com a transferência da maior parte dos cursos para o novo Campus, resultante de uma política do governo federal de modernização e expansão das universidades federais em meio a resistência de estudantes e professores ao regime autoritário vigente. O nosso campus era um dos 21 construídos em um programa financiado pelo BID e inspirado no modelo norte americano da universidade de pesquisa. O campus universitário era uma grande novidade para todos nós. Reunindo, idealmente, em um só local todas as atividades universitárias, desde as salas de aulas e laboratórios, passando por instalações centrais de uso comum, como a Biblioteca Central, o Restaurante Universitário, o Centro de Processamento de Dados, instalações esportivas, Prefeitura do Campus e Reitoria, centralizando as funções administrativas e de apoio, bem como as funções de administração acadêmicas.


Estas últimas, em seu nível finalístico, deveriam ser abrigadas nos prédios de administração departamental. O nosso prédio era o de número I. Para ele foram transferidas as secretarias e direções dos departamentos de Economia, Administração, Ciências Contábeis, Direito e Serviço Social. Tudo foi pasteurizado em salas e secretarias uniformes, em espaços muito mais amplos que os que eram disponíveis para os professores e funcionários nas antigas faculdades. Dentro da homogeneidade arquitetônica, destacava-se a área disponibilizada para a Direção do Centro, com sala e ante salas para a Diretoria, salas para a secretaria de apoio, e sala de reunião do Conselho do Centro. As antigas congregações de faculdades, salas coletivas dos professores e salas dos diretores pareciam perder algo do seu status e dos símbolos distintivos. Evidentemente, os quadros, as placas, os móveis e as memórias, as idiossincrasias que caracterizavam cada uma das faculdades foram trazidas na mudança para o novo prédio comum.


Salas individuais ou para poucos professores que poderiam ser usadas para estudos, preparação de aulas, orientação de alunos ou depósito de material didático eram novidades previstas mais pela inspiração norte-americana do que pelas necessidades presentes dos docentes. Afinal, a dedicação exclusiva ou o regime de 40 horas de trabalho ainda eram exceção numa universidade onde a maioria dos docentes se dedicava a outras atividades profissionais, seja o ensino na educação básica, sejam as diversas atividades das profissões liberais ou da administração pública. A pesquisa ainda não tinha mecanismos institucionais de financiamento e de fomento, a extensão era um desejo inspirado politicamente e de pouca viabilidade prática.


Não se admira que, não obstante nosso conhecido desejo por espaços, parte do prédio ficasse, por anos, ocioso ou que usos imprevistos fossem sendo dado aos espaços disponíveis. Os centros acadêmicos foram os primeiros a conseguir espaço no Prédio de Administração Departamental, evidenciando a importância da representação estudantil numa universidade que se democratizava, posteriormente vieram as sedes dos sindicatos dos docentes e o dos técnicos, a agência do Banco do Brasil e finalmente o pioneiro Núcleo de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais. Este último é contemporâneo com a estruturação em nível nacional da carreira docente, com estímulos à dedicação exclusiva, à titulação acadêmica, à pesquisa, à pós-graduação que redundaram em maior demanda do corpo docente por instalações onde pudessem desenvolver, em tempo integral, suas diversas atividades.


Compreende-se, portanto, a recente situação estressante de disputa por espaços físicos, acrescida com a criação dos novos cursos. Os docentes, em decorrência de suas múltiplas atividades e do crescimento do seu número, precisam de mais espaços, mas não podem deslocar a maior parte das atividades que foram implantadas no prédio de Administração Departamental.


Com este novo prédio agora disponibilizado, duplica-se a capacidade de abrigo de atividades acadêmicas do nosso Centro. Este prédio, como dissemos, parece ser uma réplica do original. Entretanto incorporou algumas mudanças: todas as salas são refrigeradas, estimulando maior permanência dos docentes, estudantes e servidores, todas as janelas foram lamentavelmente gradeadas para defesa do patrimônio público, as luminárias incorporam os padrões modernos de eficiência e economicidade, há pontos de internet em todas as salas, levou-se em consideração as necessidades de acessibilidade e de sinalizações, bem como a necessidade de laboratórios de informática e de pequenos auditórios para seminários e defesas de dissertações e teses, os núcleos de pós-graduação se integram ao ambiente comum dos docentes.


Enfim, parece o mesmo prédio, mas é diferente do original, que por sua vez também não é o mesmo de 1981, pois este passou por mudanças físicas, com reformas e adaptações e em seus usos. Mas certamente ambos os prédios contribuirão para maior conforto e produtividade das atividades do nosso Centro.



Atualizado em: Qua, 23 de novembro de 2011, 07:09
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