Ter, 02 de agosto de 2022, 12:28

UFS promove roteiros turísticos virtuais de São Cristóvão
Projeto de extensão do Departamento de Turismo leva informações históricas, culturais e turísticas sobre a quarta cidade mais antiga do país

Fundada em 1590, a cidade de São Cristóvão – distante 20 km de Aracaju - foi a primeira capital de Sergipe e é a quarta cidade mais antiga do país. No entanto, mesmo com sua importância sócio-histórica e sua proximidade da capital, ainda se trata de um destino pouco explorado turisticamente até mesmo por sergipanos.

Os motivos são vários, desde a falta de inserção da História e da Geografia de Sergipe no ensino básico à tímida estrutura dos setores hoteleiro e gastronômico do município, por exemplo, mas, com a pandemia e a crise no setor turístico em todo o mundo - o Brasil teve uma queda de 41% nas viagens nacionais segundo o IBGE -, houve uma demanda até então inesperada: o turismo virtual.


Projeto possibilita turismo virtual por São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do Brasil (Foto: Adilson Andrade / Ascom UFS
Projeto possibilita turismo virtual por São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do Brasil (Foto: Adilson Andrade / Ascom UFS

Assim, em meio ao isolamento social, várias cidades foram mostradas para pessoas em todo o mundo e isso levou a professora do Departamento de Turismo da Universidade Federal de Sergipe Cristiane Alcântara Campos a desenvolver o projeto de extensão “Roteiros turísticos virtuais: conhecendo São Cristóvão sem sair de casa”.

Criado em 2020, o projeto se utiliza de geotecnologias livres, a exemplo do Google Maps e do Street View, além de textos explicativos que remetam à importância do patrimônio arquitetônico, cultural e ambiental da cidade.

“Muito embora não seja uma cidade tão explorada pelos sergipanos, São Cristóvão tem um potencial formidável para o setor turístico, por tudo o que representa para Sergipe e para o Brasil. Assim, durante a pandemia, com as atividades de entretenimento restritas ao ambiente virtual, decidimos levar roteiros turísticos, já desenvolvidos num projeto anterior, para que as pessoas pudessem ter acesso remoto às informações sobre bens patrimoniais e culturais da cidade, que é um patrimônio histórico”, explica a professora.


Coordenadora do projeto, a professora Cristiane Alcântara explica que roteiro virtual possibilita maior conhecimento sobre bens patrimoniais e culturais da cidade (Foto: Schirlene Reis / Ascom UFS)
Coordenadora do projeto, a professora Cristiane Alcântara explica que roteiro virtual possibilita maior conhecimento sobre bens patrimoniais e culturais da cidade (Foto: Schirlene Reis / Ascom UFS)

Ela ressalta que o projeto de extensão não tem como finalidade substituir o turismo local, mas fornecer subsídios para que as residentes e turistas em potencial saibam o que encontrar e como se deslocar quando visitarem a cidade.

“O projeto surgiu devido a uma demanda coletiva do uso das plataformas digitais e é um suporte ao turismo local, não um substituto. Através da narração dos roteiros, feita por uma estudante da área, e do deslocamento feito pelas geotecnologias, é possível entender o porquê de São Cristóvão ter sido escolhida como primeira capital do estado, a sua mudança de sede, suas construções sacras, sua importância para a economia da região etc. Com essas informações, o visitante vai mais consciente desse cenário e certamente tirará melhor proveito desse roteiro e da cidade”, diz Cristiane.

Foi justamente o interesse por roteiros turísticos que fez a egressa do curso de Licenciatura em Biologia da UFS Elayne Silva Lima iniciar uma segunda graduação em Turismo e se interessar pelo projeto de extensão. De acordo com ela, que empresta a voz para os roteiros, os estudos sobre a cidade de São Cristóvão lhe proporcionou novas observações sobre a área e a profissão.


O projeto se utiliza de geotecnologias livres, a exemplo do Google Maps e do Street View (Foto: Schirlene Reis / Ascom UFS)
O projeto se utiliza de geotecnologias livres, a exemplo do Google Maps e do Street View (Foto: Schirlene Reis / Ascom UFS)

“O início da pandemia mostrou algumas fragilidades na forma como o turismo até então era apresentado à população. Não se falava em turismo sem o deslocamento físico e, com o isolamento social e a impossibilidade de sair de casa, outras alternativas precisaram ser criadas e ganharam importância, a exemplo dos roteiros virtuais”, explica a estudante.

Ela conta ainda que, exceto pela presença na universidade, nunca tinha ido à cidade de São Cristóvão para visitá-la turisticamente e que a participação no projeto foi importante para desconstruir alguns estereótipos.

“Mesmo morando e estudando tão perto, nunca havia visitado o centro histórico da cidade, as igrejas e outras construções, o que me fez perceber que foi um grande desperdício, pois a cidade tem muito a acrescentar no reconhecimento da sergipanidade. Assim, poder fazer a locução dos roteiros me trouxe, além do conhecimento acadêmico, um reconhecimento do lugar onde estou e da própria universidade”, diz Elayne.


"Uma cidade só se torna turística quando é valorizada pelo seu cidadão”, ressalta o professor Antônio Carlos Campos, coordenador adjunto do projeto (Foto: Schirlene Reis)
"Uma cidade só se torna turística quando é valorizada pelo seu cidadão”, ressalta o professor Antônio Carlos Campos, coordenador adjunto do projeto (Foto: Schirlene Reis)

Para o professor do Departamento de Geografia da UFS Antônio Carlos Campos, coordenador adjunto do projeto, a iniciativa busca dinamizar tanto a profissão do turismólogo quanto do geógrafo, sobretudo pelo apoio às geotecnologias livres.

“A utilização de softwares livres para a espacialização e o georeferenciamento desses roteiros, identificando os monumentos históricos e espaços turísticos, é um ponto de destaque nesse projeto, uma vez que se torna mais acessível à sociedade. Além disso, contribuem para os trabalhos interdisciplinares nas áreas de Turismo e Geografia, bem como na atuação dos profissionais. Assim, o projeto de conhecer São Cristóvão de forma remota proporciona às comunidades acadêmica e externa o conhecimento do seu patrimônio, pois uma cidade só se torna turística quando é valorizada pelo seu cidadão”, ressalta o professor.

Para participar

Neste momento, os roteiros turísticos virtuais são apresentados aos interessados através da plataforma Google Meet. Para participar, os interessados devem preencher um formulário e aguardar as datas de apresentação.

O próximo encontro será realizado na próxima sexta-feira, dia 5, às 19h, em comemoração à chancela de Patrimônio da Humanidade da Praça São Francisco.

Jéssica Vieira – Ascom UFS

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Ter, 02 de agosto de 2022, 17:41
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