Na manhã da última quarta-feira, 4, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) deu início à exposição artística “Maternidade e Universidade: A Conta que Não Fecha”, que mergulha nas complexas vivências de mulheres mães em seu cotidiano acadêmico, especialmente no Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH) e no campus de Itabaiana. Realizado pelo Coletivo Mulheridades, Universidade e Maternagem (Mum), o projeto é resultado de uma pesquisa aprovada no Edital Temático - Representatividade Feminina no Ambiente Acadêmico, com apoio do edital do Circuito Universitário de Cultura e Artes, das Pró-reitorias de Pós-graduação e Pesquisa (Posgrap/UFS) e de Extensão e Cultura (Proex/UFS), respectivamente.

Dividida em duas etapas: de 4 a 6 de dezembro, no Hall da Reitoria e, de 11 a 13 de dezembro, no campus de Itabaiana, a exposição é coordenada pelas professoras Laiany Souza Santos (DGEI/UFS), Maicyra Leão (DTE/UFS) e Melanie Letocard (DLE/UFS).

A docente Melanie Letocard explica algumas das motivações do projeto. “No Brasil, atualmente, o afastamento das estudantes que se tornam mães ainda é regido pela lei de 1975, que concede apenas três meses de afastamento, sendo que a OMS e o Ministério da Saúde brasileiro recomenda um aleitamento materno exclusivo de seis meses. Então, são estudantes que chegam aqui com seus bebês recém-nascidos, e que precisam amamentar, mas não encontram uma infraestrutura adequada para isso”.

Dentro da exposição, uma das instalações é o “Varal de Sonhos e Memórias”, em que são expostos objetos, escritos e lembranças das mães participantes. “Nosso intuito é relembrar as nossas histórias, honrar as nossas memórias maternas e também expressar nossas demandas por mudanças e por um ambiente universitário que seja mais acolhedor e justo, tanto para mulheres mães quanto para crianças”, aponta a coordenadora.

Além do “Varal de Sonhos e Memórias”, a iniciativa também conta com performance, áudio e vídeo-documentário. A docente Laiany Souza Santos, responsável pela criação do material audiovisual, compartilha que “é apresentada a dura realidade de ocupar o espaço de mulher mãe na universidade, para a construção de políticas concretas de atendimento a essa população”.

Shirley Melo, uma das discentes bolsistas do projeto, também é mãe e conta como sua vivência a instigou a participar da ação. “Eu tive minha filha no primeiro período em que entrei na UFS e sempre foi um desafio. Continuar ou não com o curso sempre era algo que eu me questionava. Quando eu encontrei esse projeto de pesquisa, esse coletivo de mulheres que pensam e discutem a partir da experiência da maternidade na universidade, eu encontrei também um lugar de apoio e uma afirmação de que eu posso reivindicar esse espaço, porque eu não estou só”.

Maria Flor Saraiva, de 11 anos, é filha da professora Márcia Alexandra, do Departamento de Ecologia (Deco/UFS), e participou da performance da exposição, juntamente a outras crianças. “A apresentação vai mostrar para outras pessoas da universidade que é muito importante que as mães que estudam e trabalham aqui possam passar mais tempo com seus filhos. Estou muito feliz de participar!”.

O professor André Maurício, do Departamento de Física (DFI), esteve presente na atividade como ouvinte e partilhou suas impressões sobre a relevância do evento. “É com prazer que eu vejo essa movimentação, de um coletivo que se reúne para tratar e expor questões ligadas às mulheres da universidade. Nós, enquanto UFS, temos que ser referência e mostrar à sociedade o melhor caminho para a relação entre maternidade, estudo e trabalho”, afirma.

A exposição artística “Maternidade e Universidade: A Conta que Não Fecha” acontece até esta sexta-feira, 6, no Hall do prédio da Reitoria, no campus de São Cristóvão, e segue para o campus de Itabaiana, entre os dias 11 e 13 de dezembro. Para mais informações, acesse o perfil no Instagram do Coletivo Mum.

Ascom UFS