Qua, 27 de agosto de 2025, 12:56

Caminho não é atalho: quando os números contam histórias de inclusão
Pluralidade entre alunos, docentes e servidores faz a diversidade sair do campo das ideias e se tornar algo real na UFS
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Desde 2013, quando passou a adotar o Sistema de Seleção Unificada (SiSU) com reserva de vagas para estudantes de escola pública, pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência, a UFS se tornou uma instituição mais plural. O mesmo movimento aconteceu nos concursos públicos: desde 2014, com a entrada em vigor da Lei nº 12.990, que garantiu 20% das vagas a pessoas negras, a diversidade também se fortalece entre docentes e técnicos.

“São essas pessoas que nos impulsionam a ter mais representatividade, inclusive nos espaços de gestão. Porque se nosso alunado fosse prioritariamente branco, quem reivindicaria a representatividade? Então, esse é um movimento que colabora para que a gente tenha mais representatividade também nos espaços de poder”, diz a pró-reitora de Graduação Marta Élid. “Se a gente continuar naquela ideia de que só os brancos ocupam, talvez não exista o olhar diferenciado para as situações que acontecem dentro da universidade com as pessoas não brancas”, completa.

Na graduação, metade das vagas é destinada a cotistas. Marta destaca que, em muitos cursos, a presença negra e indígena pode ser ainda maior do que os dados oficiais revelam. Isso acontece porque estudantes que se inscrevem pelas cotas acabam conseguindo aprovação na ampla concorrência, sem deixar de ser cotista em identidade e sem passar pela banca de heteroidentificação, fazendo com que o número geral de cotistas seja mais baixo que o número real de estudantes de escolas públicas, pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência (PcDs) na instituição.

Nos concursos públicos, a reserva de vagas tem seguido uma evolução significativa. Em 2014, os editais da UFS reservaram 20% das vagas para negros, distribuídos por área. Em 2019, a distribuição passou a ser feita por sorteio dentro do edital. Em 2023, houve um avanço com a adoção de uma lista única para cotistas.

“Com o passar do tempo a gente foi verificando que haviam outras maneiras de ser mais efetivo, aí fomos aprimorando o método”, informa a coordenadora de Concursos, Movimentação e Provimento de Pessoal (Cmop), Lucielma Passos.

O próximo passo já está definido: com a nova Lei nº 15.142/2025, os concursos da UFS terão 30% das vagas reservadas, sendo 25% para pessoas negras, 3% para indígenas e 2% para quilombolas. Além disso, pelo acordo judicial firmado com o Ministério Público Federal (MPF), haverá mais 10% para negros.

“Também vamos ter a confirmação da autodeclaração para indígenas e quilombolas e estamos aprimorando o sistema junto ao STI [Superintendência de Tecnologia da Informação da UFS], para que possamos receber essas inscrições junto com as declarações. E, para efetivar mesmo a aplicação das cotas, a gente já minutou um edital novo, com todas as normativas previstas” completa Passos.

As falas de Marta e Lucielma convergem em um ponto: a UFS de hoje é mais plural do que a de ontem. “Quando eu era aluna, no início dos anos 2000, era raro ver colegas negros nos corredores. Hoje, é visível como a universidade se transformou”, comenta Lucielma.

O desafio agora é ampliar o alcance das políticas afirmativas. Além da reserva de vagas em graduação e concursos, a UFS já aplica cotas na pós-graduação desde 2017 e estuda novas formas de inclusão, como a criação de cotas para pessoas trans e refugiados, a criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Estudantis com as coordenações de Ações Afirmativas e Ações Inclusivas, o CAAF Itinerante, além do vestibular e programas de ressocialização de pessoas privadas de liberdade. “Não estamos prestando o devido serviço à sociedade se não incluirmos essas pessoas”, conclui a pró-reitora Marta Élid.

A trajetória da UFS mostra que as cotas não são apenas números em editais. São histórias de transformação, caminhos e oportunidades abertas para uma universidade mais parecida com o Brasil real.

Ascom UFS


Atualizado em: Qua, 27 de agosto de 2025, 13:04
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