A Universidade Federal de Sergipe (UFS) recebeu, nesta sexta-feira, 14, o professor e jurista Adilson Moreira, vencedor do Prêmio Jabuti 2025, na categoria Educação. Durante sua participação, ele provocou reflexões sobre o letramento racial como ferramenta de transformação social e política, tema central de seu livro homônimo.
Adilson Moreira destacou que o letramento racial ultrapassa o campo teórico e se configura como um processo estruturante para a democracia brasileira.
“A ideia de letramento racial é um processo político, também jurídico e cultural, que passa exatamente pela reconstrução e afirmação do comprometimento coletivo, com a ideia de solidariedade cívica de que todas as pessoas devem ser vistas como sujeitos de direito”, explicou Adilson Moreira.
O jurista também chamou atenção para os obstáculos à consolidação de uma democracia plena no país. “O que impede a construção de uma democracia verdadeiramente substantiva é a presença dessa ideia de solidariedade cívica, ou seja, no Brasil grande parte de pessoas brancas acham que elas são seres humanos e consequentemente merecem ter acesso a direitos e que outras pessoas não brancas não são seres humanos e que portanto não merecem ter direitos”.
A importância da luta pela igualdade foi destacada pelo reitor da UFS, André Maurício Conceição de Souza, durante a abertura do evento. “Pode até ser que durante a nossa vida, que é muito curta, possamos não ver grandes transformações, mas é importante continuar lutando, porque vamos deixar as conquistas para as próximas gerações”.
O professor do Departamento de Direito (DDI/UFS e organizador do evento, Ilzver de Matos Oliveira, falou sobre a importância de fortalecer o debate racial dentro do ambiente acadêmico.
“Abrir para a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Sergipe a oportunidade de debater o letramento racial, de forma muito séria, a partir do principal nome sobre esse assunto no nosso país, é para nós uma honra”.
Para a estudante de Letras Português-Inglês, Brenda Freitas, ter acesso à palestra de Adilson Moreira foi uma experiência enriquecedora.
“É um privilégio sermos alunas de uma universidade federal e ainda podermos ouvir ilustres diálogos sobre a temática do letramento racial, unindo teoria à prática com o letramento crítico. Como estudantes de Letras, acabamos refletindo muito sobre esse papel do letramento na sociedade, de um letramento crítico e humano”.
Homenagem a Elza Soares
Durante o evento, estudantes da rede estadual de ensino, integrantes do Grupo ParlaCênico de Teatro, apresentaram alguns atos do espetáculo ‘A Elza que vi’. A peça homenageia a vida e trajetória da cantora negra brasileira Elza Soares, que também atuou no combate ao racismo, ao machismo e à LGBTfobia.
“Cada vez mais devemos aproximar a universidade pública da escola de educação básica pública e unir sempre as nossas forças, mostrando as potencialidades que as políticas neoliberais tentam, com todas as forças, descaracterizar e desmerecer”, ressaltou a vice-reitora da UFS, Silvana Bretas.

Ascom UFS
