A produção editorial da Universidade Federal de Sergipe (UFS) passa longe de ser apenas a etapa final de um texto pronto. Nos corredores e salas da Editora UFS, funciona uma verdadeira engrenagem que envolve avaliação acadêmica, preparação textual, revisão, diagramação, programação visual, emissão de registros, divulgação e, sobretudo, diálogo constante entre autores, conselheiros e equipe técnica.

Como programa editorial da universidade, a Editora UFS se consolida como um dos principais canais de difusão do conhecimento científico, artístico e cultural produzido pela instituição. Para isso, opera processos rigorosos de seleção, prepara equipes multidisciplinares e se reinventa diante dos desafios contemporâneos da comunicação científica, com iniciativas que vão da expansão dos editais de livros digitais à revitalização da Livraria UFS.

Como os livros são selecionados?

O ponto de partida para a maior parte das publicações digitais são os editais lançados pelo Conselho Editorial da universidade. É este conselho que define temáticas, eixos e critérios que orientarão a seleção das obras.

Segundo Gabriel Paiva, designer responsável pelas mídias digitais da Editora UFS, o edital garante transparência e direcionamento: “O Conselho Editorial, formado por professores de diversas áreas, estabelece os eixos acadêmicos, científicos e literários. As obras submetidas passam por inscrição, triagens, avaliações e só depois entram na etapa de produção".

A primeira triagem é realizada pela equipe administrativa, que confere documentos, autorizações, declarações e materiais enviados. A partir daí, os conselheiros analisam plágio, adequação ao edital e mérito acadêmico.

Para obras avulsas — aquelas enviadas diretamente pelos autores, fora de edital — o processo é semelhante. Elas também passam por parecer especializado e discussão em reunião colegiada.

Quem pode submeter obras?

Podem participar dos editais professores, técnicos, estudantes e pesquisadores vinculados à UFS. Já no edital de chamamento da Livraria UFS, aberto pela primeira vez em 2025, também foram aceitos autores externos, que puderam comercializar suas obras no espaço físico da livraria.

Obras avulsas, impressas por conta do próprio autor, também são avaliadas pela Editora antes de receberem ISBN, ficha catalográfica e selo institucional.

Quem faz a Editora UFS?

A equipe reúne profissionais de diferentes áreas, cada um responsável por etapas cruciais da construção do livro. Uma dessas etapas é o atendimento e acompanhamento de autores desde a inscrição até as fases finais com o Conselho Editorial, feita por Malvina Andrade.

“Todo processo é digital. Conferimos documentos, organizamos reuniões, distribuímos obras para pareceristas e acompanhamos cada fase. Quando aprovado, abrimos o caminho para as etapas técnicas". É também Malvina que atua na intermediação com bibliotecas, ISBN, fichas catalográficas e contratos.

Responsável pela preparação e revisão textual, Vanessa Goés descreve um trabalho minucioso: “Adequamos o texto à norma linguística acadêmica, padronizando as referências conforme a ABNT ou, quando é o caso, consideramos os ajustes dentro da norma linguística na qual o texto foi escrito, isso se aplica, por exemplo, a textos literários. Depois, já diagramado, o arquivo vai e volta diversas vezes, entre revisão e diagramação, até chegar ao ponto ideal para publicação", conta. Esse diálogo garante que o livro preserve a intenção do autor com qualidade técnica e padronização editorial.

O diagramador é quem traduz o conteúdo para seu formato visual. Na Editora UFS, Guilherme Kauark é um dos responsáveis por essa fase.

“Criamos o projeto gráfico — protótipo de capa, miolo, elementos internos — sempre em conversa com autores e coordenação. O objetivo é transformar a visão do autor em um objeto visualmente coerente e acessível".

Após essa etapa, o arquivo segue para finalização, ISBN, catalogação e publicação online.

Desafios e planos para o futuro

O coordenador gráfico da Editora UFS, professor Luís Américo Bonfim, explica que a prioridade atual é concluir pendências de editais anteriores e lançar, já no primeiro semestre de 2026, um novo edital de livros digitais.

“Nossa meta é liquidar as obras em aberto até fevereiro ou março e iniciar o lançamento do edital de obras eletrônicas. Queremos ampliar o alcance e diversificar a política editorial".

Entre as iniciativas planejadas, ele destaca:

• Criação do Laboratório de Autoração, em parceria com o curso de Design, para permitir republicações e novos projetos fora da lógica de edital;

• Digitalização de obras já impressas e disponibilização gratuita;

• Publicações de autores clássicos em domínio público, ampliando o catálogo para além da produção interna;

• Expansão da Livraria UFS como espaço cultural, com eventos semanais, saraus, rodas de conversa e gravações para TV UFS, Rádio UFS FM e podcasts;

• Novos editais de chamamento para comercialização de livros de autores da UFS e externos.

“Queremos transformar a livraria em um polo de visibilidade da produção intelectual da UFS; um espaço vivo, com agenda cultural contínua”, afirma Luís Américo.

Acervo digital gratuito e acessível ao público

A Editora UFS mantém um amplo acervo digital gratuito, disponível para toda a comunidade acadêmica e o público geral. As obras podem ser acessadas diretamente no site da Livraria UFS, onde estão organizadas por áreas temáticas e atualizadas conforme novos títulos são publicados. Além disso, as redes sociais da Editora, especialmente o Instagram, funcionam como canais de divulgação contínua, apresentando lançamentos, bastidores da produção editorial e conteúdos que aproximam leitores e autores, ampliando o alcance das publicações da universidade.