Qui, 30 de março de 2017, 18:08

Campus de Laranjeiras relembra as histórias dos seus 10 anos de implantação
Unidade da UFS abriga três cursos de graduação e um doutorado
Campus de Laranjeiras é também conhecido como o “campus das Artes”. Grupo teatral Boca de Cena foi uma das atrações do evento.
Campus de Laranjeiras é também conhecido como o “campus das Artes”. Grupo teatral Boca de Cena foi uma das atrações do evento.

As estruturas históricas restauradas do conjunto arquitetônico denominado Quarteirão dos Trapiches, onde hoje funciona o campus de Laranjeiras, foram mais uma vez palco de um momento marcante para Sergipe. Desta vez, o local canaliza a atenção para as memórias dos 10 anos de atuação da unidade da UFS na cidade histórica.

Veja o álbum do evento.

No auditório lotado na solenidade ocorrida na última terça, 28, os presentes ouviram as histórias narradas pelo primeiro diretor Airto Baptista sobre o início de toda a história do campus, que iniciou suas atividades provisoriamente no Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) em 2007 até ser transferido, em 2009, para o atual espaço.

“As dificuldades foram imensas. Nós não tínhamos transporte para Laranjeiras. Havia cursos que encerravam as aulas às 22h30. Foi uma luta muito grande, tudo foi sendo feito com muito sacrifício e a gente não tinha outro jeito a não ser transformar tudo isso em família”, relembra o ex-diretor.


O estudante de Arquitetura e Urbanismo Vinicius Deda Menezes foi o responsável pela logomarca de comemoração dos 10 anos do campus.
O estudante de Arquitetura e Urbanismo Vinicius Deda Menezes foi o responsável pela logomarca de comemoração dos 10 anos do campus.

Mesmo em processo constante de melhoria, o campus ainda encontra alguns obstáculos a serem vencidos, como a implementação de um restaurante universitário, demanda da administração da UFS e dos estudantes.

Em mesa que discutiu a importância do campus, diversos professores, alunos, técnicos administrativos e terceirizados que contribuíram para a história da unidade de ensino foram homenageados. Eles receberam uma caneta com a logomarca dos 10 anos, escolhida em concurso feito pela comissão organizadora do evento.

“Como Laranjeiras é algo que eu vivo todos os dias, busquei coisas que são mais presentes para fazer a logomarca: a igreja, que é a primeira coisa a ser vista quando se chega à cidade; o sol, que é muito forte aqui; e a cor laranja, que foi usada para remeter, além do sol, às laranjeiras. Tentei juntar isso tudo em uma única imagem em conjunto com os 10 anos da logomarca”, relata o vencedor do concurso Vinicius Deda Menezes, estudante do 6° período de Arquitetura e Urbanismo.

Dedicação


Homenageados receberam uma caneta com a logomarca dos 10 anos do campus.
Homenageados receberam uma caneta com a logomarca dos 10 anos do campus.

Abrigando três cursos de graduação - Arqueologia, Arquitetura e Urbanismo e Museologia - e o doutorado em Arqueologia, o campus de Laranjeiras conta com um corpo docente formado por 50 professores, sendo 26 doutores e 24 mestres, segundo dados do “UFS em números” referentes aos anos de 2015 e 2016. Houve transferência de dois cursos: Dança foi para o bairro Treze de Julho, em Aracaju, e Teatro para o campus de São Cristóvão.

Eleita pelos demais colegas para ser homenageada como professora-símbolo do campus durante o evento, a professora de Arqueologia Suely Amâncio Martinelli começou a dar aula após um ano de implantação do campus. “Para mim é uma satisfação. Estou na universidade há 32 anos. Eu comecei como arqueóloga e depois passei a ser professora do curso de Arqueologia. É um prazer transmitir o meu conhecimento para a formação dos alunos”, diz.

Assim como Suely, a também professora Verônica Maria Meneses Nunes, de Museologia, está há décadas na UFS. Ela entrou na universidade em 1992 como professora do Departamento de História e, durante sua trajetória profissional, trabalhou em museus.


A professora Suely Amâncio Martinelli começou a dar aula após um ano de implantação do curso de Arqueologia.
A professora Suely Amâncio Martinelli começou a dar aula após um ano de implantação do curso de Arqueologia.

Com a implantação de Museologia em Laranjeiras, Verônica foi convidada pelo ex-diretor Airto Baptista e pelo ex-reitor Josué Modesto a coordenar o curso. Pesquisadora na área de patrimônio há muito tempo, também dirigiu o Museu do Homem Sergipano. Ela foi nomeada cidadã laranjeirense pela Câmara dos Vereadores.

“Penso que eu, como professora, me saio muito melhor nos meus exercícios. Isso é uma honra para mim porque, ao mesmo tempo em que é um aprendizado na área de Museologia, é também uma forma de eu continuar a desenvolver os meus trabalhos no universo do patrimônio. Isso é bom porque a gente consegue passar para o aluno a importância do patrimônio e a necessidade de preservar monumentos desse tipo”, afirma.

Inserção da comunidade


Professora de Museologia desde a criação do campus, Verônica Maria Meneses Nunes foi nomeada cidadã laranjeirense pela Câmara dos Vereadores.
Professora de Museologia desde a criação do campus, Verônica Maria Meneses Nunes foi nomeada cidadã laranjeirense pela Câmara dos Vereadores.

De acordo com o diretor do campus Gilson Rambelli, a unidade ainda está engatinhando e crescendo com várias possibilidades.

“Nós temos perspectivas de melhorias e da participação da extensão aqui no campus. A extensão vai fazer essa ponte com a comunidade. Não só pensando nos cursos daqui, mas na UFS como um todo. Proporcionar uma integração maior com a cidade para fazer com que o laranjeirense possa usufruir mais desse campus. Os cursos que foram colocados aqui não contam com a participação de muitos laranjeirenses, mas a extensão pode fazer essa integração, então nós vamos dar mais esse enfoque”, explica.

Para o reitor Angelo Antoniolli, é preciso fazer com que as pesquisas realizadas no campus cheguem para a sociedade com o apoio do poder público local.


Para a estudante de Arquitetura e Urbanismo Camila Alencar, é preciso levar cursos que interessem à população de Laranjeiras.
Para a estudante de Arquitetura e Urbanismo Camila Alencar, é preciso levar cursos que interessem à população de Laranjeiras.

“Muitas coisas não dependem da universidade, dependem da integração e da disposição dos que fazem a universidade junto com o poder público local. É preciso abrir um diálogo de responsabilidade e integração. O que Laranjeiras pode esperar da gestão é fazer essa aproximação do poder público com a universidade e a disposição de um projeto que acalente e integre ainda mais a comunidade no seio da nossa universidade”, afirma.

Os estudantes também observam o distanciamento da comunidade local em relação ao campus e acreditam que é necessário reverter este quadro. Uma constatação é a de que boa parte dos estudantes não é de Laranjeiras. Francisco Dias Neto, estudante do 8° período de Arqueologia, considera que “para a comunidade acadêmica, o campus é muito importante, já que tem professores reconhecidos aqui e fora do estado. Para a comunidade de Laranjeiras, infelizmente não tem muitos alunos daqui. A maioria vem de Aracaju ou de outros estados”.

Camila Alencar, estudante do 2° período de Arquitetura e Urbanismo, considera que os cursos não fazem muita diferença para a comunidade e que é preciso levar cursos que interessem à população, de modo que os capacitem para o trabalho. “A gente está tentando trazer a população para o campus porque é muito importante fazer com que eles se sintam acolhidos aqui dentro”, destaca a estudante.

Histórico


Segundo o reitor Angelo Antoniolli, há a necessidade de se viabilizar uma maior integração entre a UFS e o poder público local. (fotos: Adilson Andrade e Márcio Santana/Ascom UFS)
Segundo o reitor Angelo Antoniolli, há a necessidade de se viabilizar uma maior integração entre a UFS e o poder público local. (fotos: Adilson Andrade e Márcio Santana/Ascom UFS)

Instalado a partir do protocolo de cooperação firmado em 2006 entre a Universidade Federal de Sergipe, a Prefeitura de Laranjeiras, o Governo do Estado e o Governo Federal, através do Programa Monumenta, vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o campus teve sua aula inaugural ministrada pela professora Beatriz Góis Dantas no dia 28 de março de 2007.

Em um primeiro momento, funcionou no Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) até que, em 12 de junho de 2009, foi inaugurada a sede permanente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passando a funcionar no conjunto arquitetônico Quarteirão dos Trapiches.

O campus de Laranjeiras é também conhecido como o “campus das Artes”, por trazer afinidades artísticas, culturais e históricas condizentes com a tradição do município.

Segundo dados do “UFS em números” referentes a 2016.1, possui 614 discentes matriculados.

Visite a página do campus de Laranjeiras.

Dayanne Carvalho (bolsista)

Luiz Amaro

comunica@ufs.br


Atualizado em: Qui, 30 de março de 2017, 18:39