Qui, 22 de novembro de 2018, 18:36

Biblioteca Central recebe nome de dom Luciano Cabral Duarte
Homenageado foi um dos fundadores da UFS
Descerramento da placa ocorreu no hall da Bicen (Fotografias: Paulo Marques/bolsista Ascom UFS)
Descerramento da placa ocorreu no hall da Bicen (Fotografias: Paulo Marques/bolsista Ascom UFS)

A Biblioteca Central, localizada no campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe, recebeu o nome de dom Luciano José Cabral Duarte, arcebispo emérito de Aracaju e um dos fundadores da UFS. Além disso, o hall da Bicen contou também com a abertura da exposição “Luciano José Cabral Duarte e a UFS”. Os eventos ocorreram na tarde da última terça-feira, 20.

Dom Luciano é natural de Aracaju, nasceu em 1925 e foi ordenado sacerdote em 1948. Foi professor e o primeiro diretor da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe. Obteve doutorado em Filosofia pela Sorbonne e foi o primeiro presidente do Conselho Diretor da UFS.

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Confira, abaixo, o discurso de homenagem do reitor da UFS


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“O art. 1º da Lei nº 6.454, de 24 de outubro de 1977, proíbe atribuir nome de pessoa viva a bem público de qualquer natureza pertencente à União ou às pessoas jurídicas da administração indireta.

Assim sendo, não pôde ser levado à execução o disposto da Resolução nº 02/91/CONSU, do Conselho Universitário da Universidade Federal de Sergipe, aprovada em reunião extraordinária realizada em 13 de maio de 1991, denominando de “Biblioteca Central Dom Luciano José Cabral Duarte”, a nossa Biblioteca Central, a BICEN, neste prédio localizada.

Os parlamentares fazem as leis e nós as devemos cumprir. Às vezes elas são justas, mas, outras vezes, não o são. Porém, no sistema jurídico em que vivemos, as leis são proposições prescritivas obrigatórias.

Na época da aprovação da Resolução nº 02/1991, era reitor desta Universidade o professor Clodoaldo de Alencar Filho, há muito tempo aposentado da docência.

O conselheiro relator da proposição, professor José Arnaldo Vasconcelos Palmeiras, de saudosa memória, emitiu o seu parecer favorável à indicação do Conselho de Centro do Centro de Educação e Ciências Humanas, ao qual pertencia, como professor, o então arcebispo metropolitano de Aracaju, que fez, este ano, a sua viagem definitiva.


Arcebispo emérito de Aracaju e um dos fundadores da UFS, dom Luciano teve uma longa carreira como professor
Arcebispo emérito de Aracaju e um dos fundadores da UFS, dom Luciano teve uma longa carreira como professor

Naquele momento, em maio de 1991, foram considerados, para a indicação do nome do homenageado, os “relevantes serviços prestados pelo professor Luciano José Cabral Duarte ao ensino universitário, relatado no processo nº 2484/91-05”.

Também foi imperioso para a indicação, o fato de ter sido ele “um dos fundadores da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe”, que, com os seus cursos de graduação, agregou-se às demais Faculdades então existentes em Sergipe, para constituir a Universidade Federal de Sergipe, instalada em 1968, agora completados e comemorados o seu Cinquentenário.

Por outro lado, foram destacadas, na indicação, a “vasta contribuição à Cultura e à Educação no Estado de Sergipe” da parte de Dom Luciano. E, por fim, “a marcante presença” do homenageado “em Órgãos representativos da Educação a nível estadual e nacional”, a exemplo do Conselho Estadual de Educação e do Conselho Federal de Educação, por vários anos, com atuação sempre destacada.

Dom Luciano foi um padre, bispo auxiliar e arcebispo metropolitano que não se prendeu apenas às incumbências da vida religiosa. Desde cedo, logo após a sua ordenação, já estava militando na sala de aula. Aqueles e aquelas que foram seus alunos e suas alunas, ou seja, os remanescentes, que ainda são muitos, louvam sempre a postura do mestre, os conhecimentos aprofundados do professor, a didática e a metodologia sempre envolventes e a marca indelével do educador.

Quando da luta pela fundação da Universidade Federal de Sergipe, dois grupos se formaram, cada um deles tendo uma visão de como deveria ser, juridicamente, a nova Universidade. Um grupo opinava que deveria ser uma autarquia. O outro grupo opinava para que viesse a ser uma fundação. Este grupo tinha à frente exatamente Dom Luciano. Após muitas idas e vindas, venceu o grupo liderado pelo professor e bispo Dom Luciano.


Evento é marcado com a presença de Carmen Dolores Cabral Duarte, irmã do homenageado
Evento é marcado com a presença de Carmen Dolores Cabral Duarte, irmã do homenageado

Houve um tempo em que nesta Universidade e, até mesmo em Sergipe, vozes contestavam algumas posições de Dom Luciano. Provavelmente, pelo modo de ser do eminente religioso e pensador, diga-se de passagem, laureado em França.

O que não se deve negar é o esforço de Dom Luciano para ajudar na construção do projeto que redundaria na instituição da nossa Universidade que, nestes cinquenta anos de sua existência, acha-se devidamente integrada à sociedade sergipana, contribuindo decisivamente para o progresso e o desenvolvimento de Sergipe em várias áreas da vida pública e privada.

Dom Luciano nos deixou a 29 de maio deste ano, aos 93 anos, após uma penosa e resignada enfermidade.

A sua contribuição para a educação e a cultura sergipanas é plenamente reconhecida e deve ser amplamente agradecida.

Quero externar a minha solidariedade aos familiares de Dom Luciano aqui presentes. Aos seus alunos e às suas alunas. Aos seus amigos e, enfim, aos seus pares no sacerdócio.


Edmilson Menezes, professor do Departamento de Filosofia da UFS, faz discurso por ocasião da aposição do nome Dom Luciano José Cabral Duarte
Edmilson Menezes, professor do Departamento de Filosofia da UFS, faz discurso por ocasião da aposição do nome Dom Luciano José Cabral Duarte

Tenho a alegria de presidir esta solenidade, que, em virtude de proibição legal, demorou tanto para acontecer. Passaram-se 27 anos desde a aprovação da Resolução de 1991. Mas, o tempo nos deu tempo para fazer justiça a um dos grandes protagonistas, senão o grande protagonista, da fundação da Universidade Federal de Sergipe.

Consolidamos, neste momento, o desejo daqueles que propuseram e daqueles que votaram para nominar a BICEN de “Biblioteca Central Dom Luciano José Cabral Duarte”.

A este ato solene, seguirá a exposição referente ao nosso homenageado, que se estenderá por um mês. Conheçamos, portanto, a vida e a obra de Dom Luciano, um mestre que os seus alunos não esquecem.

Uma Universidade só tem razão de existir quando ela agrega pessoas, buscando na diversidade o equilíbrio para produzir ensino, extensão e pesquisa de qualidade.

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Angelo Roberto Antoniolli é reitor da Universidade Federal de Sergipe.

Ascom

comunica@ufs.br


Atualizado em: Qui, 22 de novembro de 2018, 19:25
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