
15/05
Senhoras e senhores,
Estamos aqui reunidos para comemorar os 46 anos da nossa querida Universidade Federal de Sergipe.
Lembro-me bem de ter dito, neste mesmo recinto, por ocasião das comemorações dos 45 anos da UFS, que a sua história poderia ser contada através das experiências dos alunos, técnicos e professores que por aqui passaram, nas últimas quatro décadas.
Hoje, gostaria de enfatizar duas contribuições desses agentes que, nos últimos anos vêm fazendo da UFS o principal lugar de formação de todos os sergipanos: a difusão do conhecimento e a democratização da educação e da cultura.
A democratização da educação significa uma educação pública cujo sentido maior seja a justiça social. Uma educação que seja diversa, multicultural, autônoma, inclusiva, solidária, crítica, científica. Enfim, um conjunto de iniciativas que ampliam as capacidades antropológicas do pensar, do agir e do sentir e que, devidamente apropriadas pelos sujeitos da educação transformam-se num exercício permanente da democracia.
Por democratização da cultura, de maneira ainda mais detalhada, entendo o conjunto de ações que ampliam as nossas sensibilidades e a liberdade às diferentes formas de pensamento. Liberdade e incentivo que tem estimulado a manutenção de variadas organizações de diferentes perfis ideológicos que atuam em benefício da felicidade do nosso povo, dentro e fora da nossa Universidade.
No que diz respeito ao conhecimento, entendo-o como um bem de desenvolvimento ilimitado. O bem que deve ser partilhado por todos. Um conjunto de informações, frutos de insights, mas também de descobertas de longa experimentação. Um conhecimento gerador de intervenções imediatas no modo de vida das pessoas, ou aquele que pode demorar décadas para ser reconhecido como valor pela população, mas, que vão servir, de igual modo, para modificar o ambiente e as relações convertendo-se em ação coletiva que seja capaz de provocar as mudanças sociais que tanto queremos.
São exatamente esses dois benefícios – a democratização da educação e da cultura e a difusão de conhecimentos – que a Universidade Federal de Sergipe tem proporcionado à comunidade sergipana. E quero aqui enfatizar uma grande ação institucional, efetivada desde a nossa última comemoração. O empreendimento que reúne essas duas qualidades é a implantação do Campus do Sertão.
Ele foi planejado dentro da UFS, mas foi sonhado e reivindicado sobretudo pela comunidade extra-campus , como aconteceu com os demais campi do interior.
Fruto desse esforço coletivo, ele amplia e enriquece o patrimônio cultural sergipano. E assim o faz porque potencializa a acumulação e a distribuição mais equânime da riqueza, sobretudo, na região semi-árida.
O Campus do Sertão nasce para atuar na ampliação da escolaridade da população, na qualificação dos trabalhadores, no melhoramento genético do rebanho, no uso sustentável dos recursos naturais, no aperfeiçoamento das técnicas de beneficiamento da produção leiteira, na criação de melhores oportunidades de emprego e renda e no crescimento dos índices de desenvolvimento humano.
Essas intervenções são apenas uma dimensão dos frutos que a UFS pode oferecer, instalando-se em regiões, que envolvem dezenas de municípios e muitos milhares de sergipanos.
Junto ao enriquecimento cultural, proporcionado pela introdução de novos e melhores hábitos de vida, a Universidade Federal de Sergipe também promove uma verdadeira revolução em termos de estratégias de ensino-aprendizagem e de criação científica e tecnológica num exercício cotidiano de ação coletiva transformadora da realidade social.
O Campus do Sertão assim como o Campus de Lagarto, foram planejados para produzir e difundir conhecimento em colaboração com a comunidade não universitária. Ao invés de levar as soluções perfeitas, alunos, técnicos e professores que utilizam essa metodologia diferente vão inventariar os problemas locais e elaborar respostas de forma interativa com a comunidade que os recebe, direcionando assim o sentido da educação para a democratização das sociedades.
Turmas reduzidas, aulas no interior das fazendas, aguadas e fábricas, aproveitamento da experiência do trabalhador local são estratégias que reforçam uma nova forma de produzir e difundir conhecimento no Estado de Sergipe. São também um mecanismo que pode implantar uma nova cultura de ensino-aprendizagem nas demais instituições do gênero no Estado.
Espero que esses breves exemplos tenham sido suficientes para demonstrar o lugar que todos nós – estudantes, técnicos e professores – representamos nessa imensa tarefa de humanização, abraçada pela Universidade Federal de Sergipe, desde a sua fundação, há 46 anos.
Quero nesse momento me dirigir especialmente aos professores que recebem da comunidade universitária, através dos seus Conselho Superiores, o título de professor emérito, como expressão do reconhecimento ao trabalho desenvolvido por cada um dos senhores e das senhoras nesta casa, que é de todos os sergipanos.
À professora Elze Lima Teles que dedicou a sua competência para contribuir com a formação de profissionais da área da saúde.
Ao professor Jocelino Francisco de Menezes que se destaca na administração pública brasileira e cuja contribuição trouxe vigorosos frutos para a nossa Universidade e para o Estado de Sergipe.
À professora Wilma Porto de Prior cuja dedicação à atividade acadêmica e ao Departamento de Educação em particular, possibilitou avanços que culminaram com a criação do Mestrado e Doutorado nessa área tão estratégica para a UFS e para a educação do nosso Estado.
E finalmente ao professor José Airto Batista que, com alegria, suavizou a aridez dos estudos da matemática por várias gerações e que, convocado para assumir os desafios da administração universitária, nunca mediu esforços no sentido de viabilizar projetos extremamente desafiadores como foi a implantação do Campus de Laranjeiras. A todos vocês o reconhecimento da Universidade Federal de Sergipe.
Nesta tarde/noite de comemorações, desejo ainda que todos nós nos empenhemos, sempre e cada vez mais, para que a nossa Universidade Federal de Sergipe continue a ser esse veículo de democratização da educação e de difusão de avançado conhecimento científico e tecnológico.
Muito obrigado!
* Discurso do reitor Angelo Roberto Antoniolli na tradicional Sessão Solene dos Conselhos, realizada no dia 15 de maio de 2014, data do 46º aniversário da Universidade Federal de Sergipe.