Qua, 08 de outubro de 2014, 08:31

Estudo sobre Doença de Parkinson é premiado na SBNeC
Estudo sobre Doença de Parkinson é premiado na SBNeC
Professor Ronaldo (à direita) e seu grupo de pesquisa
Professor Ronaldo (à direita) e seu grupo de pesquisa


A Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento (SBNeC) concedeu Menção Honrosa ao trabalho da estudante de Mestrado Rachel Cintra, do Programa de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A pesquisa foi apresentada durante a 38ª Reunião Anual da SBNeC, ocorrida entre os dias 10 e 13 de setembro desse ano, na cidade de Búzios-RJ.


A Reunião Anual da SBNeC é o maior evento na área de Neurociência no Brasil, contando com mais de dois mil inscritos e a participação de neurocientistas brasileiros e estrangeiros. Durante o evento, a organização seleciona os melhores trabalhos apresentados e concede o título de Menção Honrosa aos seus autores. Esse prêmio tem como objetivo reconhecer os trabalhos na área de Neurociência dos estudantes de graduação e pós-graduação. Para o resultado, são considerados o resumo submetido ao evento, o painel apresentado e a desenvoltura do estudante durante a sua apresentação.


Rachel Cintra cursa o mestrado no Programa de pós-graduação em Ciências Fisiológicas da UFS (PROCFIS), sob a orientação dos Professores Murilo Marchioro e José Ronaldo Santos. Seu trabalho objetiva avaliar a ocorrência de alterações na nocicepção (dor) e atividade motora, como precedentes da Doença de Parkinson. Os dados obtidos mostram que alterações nociceptivas precedem as alterações motoras, reforçando a ideia de que é possível que essas alterações sejam um dos sinais precoces da Doença de Parkinson.


Para o professor José Ronaldo, os resultados do estudo possibilitarão um melhor entendimento das alterações iniciais da Doença de Parkinson. Além disso, explica, “o prêmio é um reconhecimento da dedicação e esforço da estudante Rachel Cintra, junto à equipe do Laboratório de Neurofisiologia (LNFS), no desenvolvimento de seu projeto de pesquisa”. A linha de pesquisa adotada foi implantada na UFS por Ronaldo, em meados de 2013.


“Estudos como esse, a longo prazo, podem contribuir para conhecer cada vez mais sobre os primeiros sinais da doença, proporcionando um diagnóstico mais precoce”, avalia Ronaldo.


O trabalho


A estudante Rachel Cintra cursa o segundo ano de mestrado no Programa de pós-graduação em Ciências Fisiológicas da UFS (PROCFIS) sob a orientação dos Professores Murilo Marchioro e José Ronaldo Santos. Seu trabalho, intitulado “Avaliação da Nocicepção e da Atividade Motora de Ratos Wistar Submetios a um Modelo Progressivo de Parkinsonismo”, objetiva avaliar a ocorrência de alterações na nocicepção e atividade motora de ratos da linhagem Wistar, submetidos ao modelo progressivo da Doença de Parkinson, baseado na administração repetida de baixas doses de reserpina.


Os dados obtidos no projeto mostram que alterações nociceptivas precedem as alterações motoras, reforçando a ideia de que é possível que alterações nociceptivas sejam um dos sinais precoces da Doença de Parkinson.


A Doença de Parkinson


A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo, de caráter crônico e progressivo, caracterizado principalmente pela perda progressiva e irreversível de neurônios dopaminérgicos situados na zona compacta da substância negra (SNpc). A morte dessas células leva à ocorrência de disfunções motoras e também alterações cognitivas.


Os sintomas motores são utilizados na clínica como diagnóstico e incluem, principalmente, fraqueza muscular, instabilidade postural, tremores em repouso e bradicinesia. Entretanto, os sinais motores só aparecem quando 70-80% dos neurônios da SNpc já morreram. Essa doença não tem cura e o tratamento disponível apenas minimiza a progressão.


Além de alterações motoras, são observados alterações cognitivas e sintomas relacionados a ansiedade, depressão, distúrbios do sono e nocicepção (dor).


Nos últimos anos, diversos trabalhos têm apontado para possíveis alterações no limiar de dor apresentado por pacientes parkinsonianos. Entretanto, os resultados disponíveis na literatura são controversos e baseiam-se, majoritariamente, em estudos com pacientes que apresentam alto grau de acometimento, o que impossibilita uma análise mais precisa.


Modelos animais são importantes ferramentas de pesquisa que podem contribuir para um melhor entendimento da fisiopatologia da Doença de Parkinson. O grupo de pesquisa tem publicado trabalhos propondo um novo modelo crônico da Doença de Parkinson que permite estudar a natureza progressiva dessa patologia, principalmente as alterações neurofisiológicas e comportamentais em fases iniciais da patologia.



Atualizado em: Qua, 08 de outubro de 2014, 09:13
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