Qua, 08 de junho de 2016, 09:35

Discurso de entrega do título de Honoris Causa
Angelo Roberto Antoniolli

As Universidades têm, desde a constituição das primeiras, um papel da maior relevância no contexto das sociedades. É provável que nenhuma outra instituição criada pela inteligência humana tenha prestado tantos serviços à humanidade, no que diz respeito ao ensino, à extensão e à pesquisa. Enfim, aos serviços que direta ou indiretamente as sociedades têm recebido dessas antigas instituições.

O saber conservado em bibliotecas e mosteiros antigos passou para as Universidades, que o conservou e ampliou de maneira como nenhum outro tipo de instituição poderia fazê-lo tão bem. Pouco importa se a primeira universidade surgiu no Marrocos, no ano 859, ou na Itália, no ano 1088. Importante mesmo é que foram as Universidades que disseminaram de forma universal os conhecimentos produzidos pelo homem, nas mais diversas áreas do saber.

Eis, enfim, o papel das Universidades: produzir saberes e difundi-los, com o objetivo precípuo de contribuir para o aprimoramento da vida social contextualizada. As Universidades são como faróis ou bússolas a indicar caminhos. São régua, compasso e alavancas. Elas abrem e aprimoram caminhos. Elas próprias se fazem o motivo de uma bela caminhada.

A caminhada da vida universitária toca-nos a todos nós que, um dia, decidimos dedicar-nos à vida acadêmica. Caminhamos com as Universidades ou elas caminham conosco. Nós fazemos a face das Universidades e elas acabam de um modo ou de outro moldando as nossas faces também. Delas nós somos frutos. E elas são frutos do nosso labor.

As Universidades têm também o papel de reconhecer. De reconhecer o trabalho interno ou externo de quantos dedicam as suas vidas à produção do conhecimento, à inserção das Universidades no seio das sociedades, nas quais elas foram edificadas. Afinal, de que serviriam as Universidades se elas fossem instituições fechadas em si mesmas, se elas não se abrissem para ouvir os queixumes das sociedades e para enxergar as suas carências? Não seriam Universidades se ficassem fechadas em salas de aulas, gabinetes e laboratórios.

As Universidades têm também o papel de agraciar. De agraciar aqueles que, por mérito, em face de suas excepcionais capacidades, debruçam-se sobre os seus fazeres cotidianos para solidificar conhecimentos e transmiti-los, tendo em vista a transformação da vida social em todos os seus possíveis termos.

Agraciar é prestar uma homenagem a quem faz da vida uma janela para o mundo. As Universidades criaram, então, as formas de agraciar. E uma delas é o título de Doutor Honoris Causa. Título máximo que as Universidades conferem a quem não está inserido em cada uma delas, particularmente.

A expressão latina Honoris Causa, ou seja, “por causa de honra”, tem sido utilizada quando uma Universidade deseja conceder um título de honra para uma pessoa importante pelo que ela é e pelo que ela faz. Pelo que ela se destaca nas artes, nas letras, nas ciências, pela promoção da paz, pela preocupação destacada no aprimoramento da vida social, pelo trabalho em prol da resolução de questões humanitárias.

O que hoje faz a Universidade Federal de Sergipe é exatamente reconhecer e agraciar. É tornar seu Doutor Honoris Causa um professor que tem dedicado a sua preciosa vida aos encantos da produção e disseminação do saber. Trata-se do eminente médico e professor da USP, Irineu Tadeu Velasco, cuja síntese biográfica foi lida pelo cerimonial. Uma biografia das mais ricas que temos nas Universidades brasileiras.

A homenagem que ora prestamos ao professor Irineu Tadeu Velasco é prestada ao homem. Ao cidadão. Ao médico. Ao professor. Ao gestor. Ao pesquisador. Ao cientista.

A Universidade Federal de Sergipe torna-se muito mais enriquecida com a colhida deste exemplar profissional, cujo caráter enobrece a todos nós. A sua folha de serviços prestados à educação superior e à prática da ciência médica o conduz aos ápices da atividade laboral a serviço da sociedade brasileira e da própria humanidade.

Os prêmios com os quais o professor Irineu foi agraciado bem demonstram o valor e a grandeza de sua vida profissional, tão bem demonstrada pelos cargos e funções que exerceu, pela vasta bibliografia produzida, pelos trabalhos apresentados e lidos em congressos e conferências.

A Universidade Federal de Sergipe fez muito bem em reconhecer o especial trabalho e a exemplar dedicação do professor Irineu às atividades acadêmicas e ao labor médico-científico. A sua vida profissional tem sido um exemplo para todos que o conhecem, tenham sido ou não seus alunos ou companheiros de trabalho.
Com esta homenagem que lhe presta, a Universidade Federal de Sergipe agracia e é, igualmente, agraciada. Honramos um homem que é um símbolo. E por ele somos honrados.

Somos gratos, professor Irineu, por ter Vossa Senhoria aceito o título que ora lhe conferimos. O seu gesto de aceitação é, para nós, um gesto de grandeza, que muito diz da grandeza do seu coração. Da grandeza do homem e do profissional, que, fruto da gigantesca Universidade de São Paulo, entroniza-se na pequena e jovem Universidade Federal de Sergipe com a humildade e a sabedoria dos que, mirando uma estrela pequenina, conseguem nela enxergar uma estrela grandiosa.

A nossa grandeza, professor Irineu, é, neste dia, tê-lo conosco, como o teremos, doravante, para todo o sempre.

A Universidade Federal de Sergipe é, agora, a sua Universidade. A nossa casa é a sua casa. Vossa Senhoria é um de nós. Aqui está o nosso reconhecimento. O nosso apreço. O nosso abraço. A nossa amizade.
Doutor Honoris Causa é apenas um título. O professor Irineu Tadeu Velasco, por si só, é maior do que qualquer título.

Seja bem-vindo, professor Irineu.

Muito obrigado.

Angelo Roberto Antoniolli
Reitor da Universidade Federal de Sergipe


Atualizado em: Qui, 18 de agosto de 2016, 14:51
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