Saber Ciência / Luiz Amaro Ribeiro
08/06/2010
“O câncer é uma doença causada por mutações genéticas, espontâneas ou induzidas por agentes patogênicos que levam a uma desordem no ciclo celular desenvolvendo proliferações desordenadas de células, formando um aglomerado de células neoplásicas, os tumores. Existe uma provável ligação entre a dieta e o risco de câncer, destacando alguns componentes que possuem a função de quimioprevenção em alguns alimentos funcionais”.
É desta forma que se inicia um texto que pesquisadores da UFS elaboraram para publicar no livro do Encontro de Iniciação Científica de 2008. Pode não ser uma das linguagens mais complexas do mundo se observarmos o seu destino (uma publicação para jovens cientistas), mas, se o contexto fosse outro, como o de um jornal, talvez houvesse resistência dos leitores em passar das primeiras linhas.
Transformar a linguagem complexa dos cientistas em algo atraente constitui uma das principais atividades do jornalista que se propõe a escrever sobre ciência e tecnologia. A contribuição da ciência para a sociedade não se esgota em suas descobertas. Para a sociedade, não faz muito sentido “descobrir a origem do universo” se a comunicação dessa conquista não lhe for feita de forma clara e atraente. Ao contrário do discurso científico, que requer termos e palavras específicas de cada área, o discurso da divulgação científica trabalha na contramão desse artifício.
Uma outra vertente em curso nos estudos acerca das diferenças e semelhanças entre o discurso científico e o discurso de divulgação científica é a que prega o segundo como sendo um gênero particular (específico), que se desmembrou do primeiro quando mudou sua direção (seu destinatário): passou do discurso dirigido aos cientistas (campo restrito, especializado) para direcionar-se ao grande público.
Teorias à parte, o que há de se considerar nesse contexto é simplesmente a possibilidade da boa comunicação. Sem inventar nem distorcer fatos, o jornalista tem o dever de transformar muitas vezes o que mais parece um “criptograma científico” em linhas atraentes, informativas e precisas. Essa é sua missão. A competência comunicativa deve ser atributo indispensável para quem escreve sobre ciência e tecnologia.
Jornalista, membro da equipe da Agência UFS de Divulgação Científica e da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Sergipe.