Saber Ciência / Cristina de A. Valença C. Barroso
08/06/2010
A avaliação funciona não só como mecanismo de gestão que busca qualificar as ações do museu, mas como um verificador das necessidades e expectativas do público e da operacionalidade das estratégias utilizadas para gerir os programas dos museus. Essa avaliação está presente em todas as etapas de uma exposição. Em cada fase é necessário colocar em prática um tipo especifico de análise. Elas correspondem desde o período de planejamento e desenho da exposição, até a instalação e a visita do público. Mas também diz respeito a outros procedimentos como a auto-avaliação e a avaliação da experiência interativa do público com os objetos patrimoniais expostos. Dessa forma, podemos perguntar como o Museu Afro de Laranjeiras apresenta suas exposições? Qual é a proposta desse museu para o público? Por que um museu tão importante para a História de Sergipe é tão pouco visitado?
Dente os objetos expostos encontram-se as moendas de cana, os arados, carros-de-boi e as prensas. Possui também instrumentos de tortura como troncos, réplicas das mordaças, bola-de-ferro, chicote, palmatória e uma série de imagens distribuídas pelas salas do museu. Contém peças que representam do modo de vida cotidiano da casa grande como mucama, peças do imobiliário, cadeiras de arruaça e o pilão. Encontramos ainda, na sala de religiosidades, réplicas de vestimentas e das oferendas que tentam demonstrar traços da cultura negra no Brasil e em Sergipe.
A boa administração de qualquer museu está condicionada a revisão contínua de seus atos e das propostas presentes no processo avaliativo. Ao analisar o funcionamento dos programas do Museu Afro de Laranjeiras, das suas ações educativas, das exposições planejadas e dos serviços oferecidos é preciso pensar sobre a missão do museu, qual o objetivo que deseja alcançar e quais suas reais possibilidades. Isto porque a finalidade da avaliação é proporcionar melhorias, soluções que pareciam inviáveis dentro do contexto do próprio museu.
A avaliação serve para corrigir dados, informações e análises realizadas antes, durante e depois do processo de exibição. Ajuda a encontrar os principais problemas e possíveis soluções para determinadas situações. Para que o Museu Afro de Laranjeiras possa realizar essas avaliações, é necessário, primeiramente, demonstrar o valor da instituição à sociedade, pensar em novas exposições e novos programas educativos, avaliar o nível de aprendizagem e comunicação que suas exposições proporcionam e buscar sempre compreender como as pessoas se utilizam do espaço do museu e dos seus objetos.
Como todo processo avaliativo é documentado, fica fácil de observar a evolução, os erros e acertos. Mesmo com as dificuldades, o Museu Afro de Laranjeiras pode pensar em alternativas para se aproximar de seus visitantes e pensar em novas formas de responder às necessidades deles. Nesse sentido, pode-se supor que a dificuldade que a maioria dos museus sergipanos tem em promover as diversas formas de avaliação talvez esteja ou na falta de conhecimento teórico e metodológico ou na ausência de recursos materiais e financeiros.
Essas avaliações respondem a necessidade dos museus em saber como está o seu serviço ao público. Para que o museu seja atrativo, deve atentar-se para as necessidades da comunidade. A investigação sobre os visitantes constitui um meio essencial de obter informação para dirigir o museu. Dessa forma cabe ao Museu Afro de Laranjeiras conhecer quem é o seu público, suas necessidades para que possa realmente cumprir sua função social.
Historiadora e professora mestre do Curso de Museologia da Universidade Federal de Sergipe.