Ter, 27 de setembro de 2011, 11:29

Games x Cinema: uma competição pelo espectador
Games x Cinema: uma competição pelo espectador

Saber Ciência / Thiago Almada


09/06/2010


Duas indústrias com forte apelo em várias faixas etárias da sociedade. De um lado, o cinema, uma indústria antiga que por anos moldou gostos de várias pessoas, lançando moda e tendências sociais. Do outro, temos a indústria dos games que mesmo sendo recente, teve um salto tecnológico extremamente rápido se comparado com a primeira. É sabido que por muito tempo os games eram tratados como simples passatempo e para muitos uma distração de criança. Os tempos mudaram, os jogadores cresceram, e com eles o gosto por jogos eletrônicos também evoluiu e cada vez mais a indústria dos games, percebendo o caminho que esse nicho seguiu, tratou de produzir jogos cada vez mais complexos, tanto no quesito narrativa quanto em gráfico.


Em meados dos anos 2000, o cinema foi ultrapassado em termos lucrativos pela indústria dos games que se utilizou em parte da linguagem cinematográfica para criar novas modalidades de jogos e aliou o fato de que os eles traziam certos atrativos que dificilmente podemos encontrar na sétima arte. Para Machado (Regimes de Imersão e Modos de Agenciamento. São Paulo, 2002) “podemos acompanhar as peripécias da ação de um ponto de vista externo, como um observador, enquanto dirigimos a personagem que nos representa no interior da cena, ou então, de forma mais imersiva, podemos visualizar a ação de um ponto de vista interno, através de um efeito de câmera subjetiva”. É essa experiência que encontramos nos games e que falta para o cinema.
Como os games se apoderaram da linguagem do cinema, este, por sua vez, também soube como usar os jogos eletrônicos a seu favor. Adaptações de vários títulos famosos como Mortal Kombat, Street Fighter, Silent Hill, Resident Evil, entre outros, levaram um pouco dos games para a tela grande, mesmo que algumas dessas produções passem longe de serem consideradas pelos fãs mais fervorosos como boas adaptações.
Mesmo com vários jogos sendo adaptados, poucos são aqueles que mostram realmente como os games trabalham com o imaginário das pessoas. Recentemente um filme conseguiu retratar bem a inserção dos games online na sociedade. A história de Gamer (2009) gira em torno de um jogo chamado Slayers – matadores – que nada mais é do que um simulador de guerra online. Mas não é só esse game que faz sucesso dentro da película. Um simulador de vida, na mesma linha dos ‘reais’ The Sims e Second Life, chamado Society, foi o primeiro a ter implantando a tecnologia do implante de nano-chips no cérebro. A pessoa que se submete a esse processo passa a ser controlada por um dos jogadores enquanto esse estiver conectado ao game.
Em Slayers ao invés de pessoas comuns, presos condenados à morte e outros detentos são os personagens a serem escolhidos no game. O prêmio para quem conseguir trinta vitórias consecutivas é a liberdade e todas as acusações retiradas. O personagem principal vivido por Gerard Butler (Kable) está perto da trigésima vitória e o seu jogador, um garoto de dezessete anos, é aclamado por todos, ao redor do mundo.
A trama, apesar de se desenvolver de forma um pouco confusa, consegue transmitir muito bem como os games MMO – massive multiplayer online ou jogos online para múltiplas pessoas – ganharam o gosto das pessoas independentes da faixa etária, além de mostrar um possível futuro para esses tipos de jogos, visto como a tecnologia avança de forma desenfreada.
Recentemente a Microsoft anunciou o Project Natal que é um concorrente direto do Wii da Nintendo. O Project Natal é um dispositivo que instalado ao console da empresa consegue captar todos os movimentos que são realizados convertendo-os em ações dos jogos.
Por fim, tanto o cinema quanto os games ainda têm muito para dialogar e muito para compartilhar. Com a evolução da tecnologia e a ascensão da virtualidade podemos, quem sabe, em um futuro poder participar do filme como agentes e não só como expectadores/jogadores, construindo assim histórias e talvez finais alternativos.


Currículo
Aluno de Radialismo da Universidade Federal de Sergipe. O presente artigo foi escrito como exigência parcial para a disciplina “Tópicos Especiais em Cinema”, ministrada em 2009.2 pela Profa. Dra. Lilian França.


Atualizado em: Ter, 27 de setembro de 2011, 11:31
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