Qua, 15 de junho de 2022, 15:24

Residentes do HU-UFS/Ebserh têm trabalhos científicos selecionados para congresso internacional
Evento aconteceu em Fortaleza, no Ceará, entre 8 a 11/6

Três residentes do programa de residência em Física Médica do HU-UFS/Ebserh tiveram os seus trabalhos selecionados para o XXVI Congresso Brasileiro e IX Congresso Latino-americano de Física Médica, organizado pela Associação Brasileira de Física Médica e pela Associação Latino-americana de Física Médica, que aconteceu em Fortaleza, no Ceará, entre 8 a 11 de junho. O Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará, também administrado pela Ebserh, apoiou o evento.

De acordo com o preceptor e físico médico do HU-UFS/Ebserh, Cássio Ferreira, a aceitação dos trabalhos representa a qualidade do programa de residência em Física Médica e a dedicação dos residentes às atividades de investigação. “Sempre vi esse estímulo à pesquisa dentro da residência como algo importante. Os atos de experimentar, testar e observar têm um impacto fundamental no processo de aprendizagem. O nosso programa dá essa liberdade aos residentes”, assegura.

Todos os trabalhos são de autoria dos três residentes e de outros professores, já que as tarefas foram divididas entre o residente que dirigiu cada uma das pesquisas (primeiro autor) e os demais colaboradores.

Qualidade de imagem e redes neurais

Um dos trabalhos selecionados é dirigido pelo residente Carlos Prazeres, intitulado “Impacto da qualidade de imagem por ressonância magnética em deep neural network”. “As redes neurais profundas, as inteligências artificiais, elas terão um papel muito importante no futuro. Basta olharmos para os carros autônomos, por exemplo. Então, um dos objetivos do meu trabalho é demonstrar que um diagnóstico por imagem pode ser auxiliado por uma inteligência artificial”, explica.


(Foto: Ascom/CH-UFC/Ebserh)
(Foto: Ascom/CH-UFC/Ebserh)

Na pesquisa de Carlos, analisa-se como a qualidade da imagem de uma ressonância magnética pode influenciar no diagnóstico dado por uma rede neural. Para reforçar a importância do estudo, o residente faz um paralelo com a radiômica, uma área do radiodiagnóstico em que a tecnologia, mediante o uso de diagnóstico auxiliado por computador, converte um grande número de imagens médicas em dados quantificáveis. “Quis trazer um pouquinho das dificuldades enfrentadas pela radiômica para a relação entre a ressonância magnética e a possibilidade de uso das inteligências artificiais”, acrescenta.

“Interessante pensar que, embora a ressonância magnética não faça uso de radiação ionizante, ela não está livre de oferecimento de riscos ao paciente. Então, a inteligência artificial pode ser usada para diminuir filas, aumentar a quantidade de exames realizados, melhorar a qualidade dos resultados e trazer reduções de gastos para as instituições de saúde", pontua o residente.

Influência da iluminância

Outro trabalho selecionado é encabeçado pelo residente Perseu de Paula, intitulado “Influência da iluminância ambiental na tela do monitor durante procedimentos de hemodinâmica”. Foi na sala de hemodinâmica do HU-UFS/Ebserh que tudo começou. “Nesse dia, estava acontecendo um procedimento hemodinâmico e, incidentalmente, alguém apagou uma luz da sala. Nesse momento, eu estava na sala de controle, de onde percebi que passei a ver melhor um monitor lá dentro. Realizamos as medidas com o fotômetro e chegamos à ideia da pesquisa”, conta.

Segundo Perseu, um dos objetivos do trabalho é alertar para uma possibilidade de redução de dose de radiação. “Um simples apagar de luminárias, ou seja, diminuir um pouco a iluminância, dá mais conforto visual ao médico responsável e lhe permite utilizar baixa dose de radiação no procedimento. Foi uma pesquisa produto de um insight, de algo que percebemos na rotina”, garante.


(Fotos: Residentes do programa de Residência em Física Médica)
(Fotos: Residentes do programa de Residência em Física Médica)

“A pesquisa num hospital universitário é uma benfeitoria à comunidade. Por causa do meu artigo, dos trabalhos dos colegas e dos demais que fizeram parte do congresso, tenho certeza de que contribuímos para que os pacientes recebam cada vez menos doses de radiação nos seus exames. Também representa uma perspectiva de melhoria de qualidade de vida à equipe multiprofissional que trabalha com a radiação”, complementa Perseu.

Otimizar mamografias

O terceiro trabalho selecionado teve à frente o residente Davi Azevedo. Como profissional da área, ele lembra que os físicos médicos, periodicamente, têm de realizar avaliações de qualidade nos equipamentos. “Numa dessas avaliações no mamógrafo, percebi uma limitação na qualidade das imagens das mamas mais espessas. Como solução, propus no meu artigo a utilização de um modo manual para compensar essa deficiência do aparelho”, descreve Davi.

O residente conta que os resultados da sua pesquisa demonstram ser possível solucionar o problema da qualidade da imagem das mamas espessas quando se utiliza o modo manual em vez do automático, ambos disponíveis no mamógrafo. Isso incluiu a identificação dos parâmetros mais adequados, em especial aqueles relacionados à otimização da quantidade de dose de radiação ionizante.


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“Enxergo a pesquisa científica como uma forma de contribuir com o cenário geral da saúde. Assim como utilizei o trabalho de outras pessoas para direcionar o meu, sei que outros pesquisadores poderão usar o meu artigo para aprimorar o trabalho deles. Temos de devolver à sociedade o conhecimento que a universidade pública nos oferece. Imagine que, por meio de dados obtidos no estudo, uma instituição de saúde possa resolver um problema com qualidade de imagem sem a necessidade de comprar um novo equipamento”, destaca.

Orgulho da docência

Para a professora e coordenadora da residência em Física Médica do HU-UFS/Ebserh, Ana Maia, foi uma grata surpresa ver o empenho dos residentes nos trabalhos, já que o programa é um dos mais novos do HU-UFS/Ebserh. “Trata-se do primeiro congresso da área em formato presencial depois da pandemia de covid-19, e todos os trabalhos foram aceitos com bons comentários. Dois deles foram convidados para apresentação oral. Isso mostra que a residência, como programa de formação, tem funcionado de forma plena. Aprimoram-se as práticas no hospital-escola e gera-se conhecimento de interesse da sociedade científica”, explica a coordenadora.

Ana Maia enfatiza que o corpo docente teve um papel fundamental no incentivo à produção dos trabalhos aceitos. “Com a ajuda da tutoria, dos preceptores e orientadores, os residentes conseguiram pensar em pesquisas compatíveis com o escopo do programa. Um dos papéis do hospital-escola é fazer pesquisa científica relevante”, conclui a professora.

O Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde outubro de 2013. Saiba mais sobre a Rede Ebserh.

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Luís Fernando Lourenço

Ascom/HU-UFS/Ebserh


Atualizado em: Qua, 15 de junho de 2022, 15:26
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