Sex, 18 de novembro de 2022, 10:25

Evento do Colégio de Aplicação da UFS fomenta ações pedagógicas para valorizar cultura afrobrasileira
A programação segue até esta sexta-feira, 18
Professores João Mouzart, da USP, e Ana Márcia Santana, do Codap. (fotos: Schirlene Reis/Ascom UFS)
Professores João Mouzart, da USP, e Ana Márcia Santana, do Codap. (fotos: Schirlene Reis/Ascom UFS)

O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (Codap/UFS) realiza até esta sexta-feira, 18, a quarta edição do evento ‘Isso é coisa de preta! Branquitudes e racismo: da (de) formação ao enfrentamento’. Na última quinta-feira, 17, a iniciativa foi aberta com a palestra Nos Movimentos do Atlântico: trajetórias negras, memórias, afetos e resistências, ministrada pelo professor João Mouzart, da Universidade de São Paulo.

"Sou formado em Pedagogia, História, Arqueologia e também tenho mestrado em Antropologia Social, doutorado em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia e sou doutorando em Antropologia Social pela USP. Trabalho com questões étnico-raciais há mais de 15 anos e a ideia hoje é refletir sobre os corpos negros, sobre a nossa trajetória, levando em consideração as mulheres negras partindo da cozinha, a partir disso falamos das experiências das mulheres negras através de seus processos de luta. Então falamos da cozinha não como espaço apenas de opressão, mas como lugar de resistência”, pontuou.


Evento está sendo promovido para todos os alunos do Codap
Evento está sendo promovido para todos os alunos do Codap

“O tema faz parte de uma pesquisa na qual eu interrogava os espaços de opressão e observava como essas mulheres negras guardavam os saberes e os ressignificaram nessa espacialidade para se manter vivas . Então a ideia foi levar para um movimento sensorial do sentir. Com isso foi possível captar suas táticas e as estratégias de luta que corroboram para pensar as estratégias de resistência das mulheres negras no estado de Sergipe. Essa foi a intenção. Levar os nossos aprendentes a experienciar um pouco sobre esse universo”, completou Mouzart.

O estudioso disse que foi responsável pela criação da primeira metodologia antirracista no Brasil, a metodologia com saberes negros de Sergipe, denominada Parafuso. “A metodologia gira em torno dos saberes localizados no corpo negro. O Parafuso é uma dança negra de Sergipe, com resquício dessa territorialidade, representando a saída do cativeiro para a liberdade. A partir desse processo, que é guardado na intimidade dos corpos negros, vem o que eu chamo de corpo aquivo , que é um corpo que guarda saberes que são potencializados. Essa metodologia possibilitou construir uma nova visão e gerar um movimento contra o racismo no espaço. Essa é a ideia, provocar as estruturas do campo acadêmico e trazer uma outra leitura a partir dos saberes que estão guardados em nossa intimidade”, detalhou João Mouzart

Objetivo

Uma das principais organizadoras do evento é Ana Márcia Santana, professora de língua portuguesa do Colégio de Aplicação e que nesta quinta foi mediadora da palestra do professor João Mouzart. “O objetivo desse projeto, que ocorre desde 2019, em formato presencial, e durante a pandemia em formato remoto, é trabalhar com a educação antirracista, incluindo-a no nosso currículo no decorrer do ano letivo, e não só em um evento pontual durante a Semana da Consciência Negra”, informou.

Ela explicou que o Codap tem desenvolvido ao longo do ano letivo ações como o Clube de Leitura Marielle Franco, quintas literárias abordando textos relacionados a negritude, ancestralidade e um contexto relacionado à valorização da cultura afro-brasileira. “No evento de hoje temos palestras, mas não só hoje. Desde o dia 16 estamos com atividades, incluindo do 6º ano ao 3º ano. Rodas de conversa, edição de filmes e documentários e palestras”, contou a professora.


Professor Carlos Alberto Barreto é o diretor do Colégio de Aplicação da UFS
Professor Carlos Alberto Barreto é o diretor do Colégio de Aplicação da UFS

O evento tem a participação do diretor do Colégio de Aplicação, professor Carlos Alberto Barreto. “Estamos realizando as atividades de culminância do projeto, que culmina sempre na Semana da Consciência Negra, desenvolvendo ações com o objetivo de valorização, das conquistas que estamos obtendo com relação a superar certos preconceitos, é também um momento de luta, porque muitas vitórias ainda precisam ser alcançadas, ainda existem muitos preconceitos. Então, essa ação visa a essa conscientização, não só dos nossos alunos, mas também para fazer um trabalho para que os nossos alunos possam conscientizar a sociedade”, relatou o diretor.

Ascom UFS

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Qua, 23 de novembro de 2022, 09:54
Notícias UFS