Seg, 23 de janeiro de 2023, 10:59

Projeto transforma canetas usadas de insulina em esferográficas
Iniciativa evita incineração e colocação das canetas em aterro sanitário
Projeto é denominado "Insulinadiamor". (foto: Flávia Pacheco/SES)
Projeto é denominado "Insulinadiamor". (foto: Flávia Pacheco/SES)

Há cerca de cinco anos, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) patenteou a desmontagem da caneta de insulina e a posterior criação da caneta de insulina reciclável e esferográfica. Antes, as canetas já utilizadas eram devolvidas no Centro de Atenção à Saúde de Sergipe (Case) para descarte, mas agora passam por um processo de reciclagem e são transformadas em canetas esferográficas.

A iniciativa, denominada "Insulinadiamor", é uma parceria entre a UFS e as secretarias de Estado da Saúde (SES) e da Justiça (Sejuc). De acordo com o professor do Departamento de Farmácia da UFS, Lysandro Borges, que está à frente do projeto, a ideia da desmontagem da caneta de insulina e a sua transformação em caneta reciclável, esferográfica, surgiu por meio de pacientes que faziam esse artesanato para que a caneta usada virasse algo útil.


Há cinco anos o projeto foi patenteado pela UFS. (foto: Arquivo pessoal/Lysandro Borges)
Há cinco anos o projeto foi patenteado pela UFS. (foto: Arquivo pessoal/Lysandro Borges)

Preservação

“Pegamos a ideia dos pacientes, melhoramos, patenteamos na universidade e levamos para o serviço dos dois consultórios farmacêuticos que temos no Case, para que lá pudéssemos recepcionar as canetas usadas, desmontá-las e transformá-las em caneta reciclável. O retorno da venda dessas canetas é revertido para a aquisição de agulhas das canetas de insulina. Essa parceria foi firmada com o estado esse ano, por enquanto informalmente”, explica Lysandro.

“Já que é um projeto com reciclagem, há uma preservação ambiental, há uma economicidade, pois o dinheiro que o estado gastaria pra incinerar ou para destinar esse lixo não é mais utilizado, então pode ser destinado a outras coisas, além do aspecto social, já que essas canetas estão sendo desmontadas e montadas por internas do Presídio Feminino”, detalha o professor Lysandro.

O secretário de Estado da Saúde, Walter Pinheiro, também destaca a importância do projeto para o processo de ressocialização e para o meio ambiente. “Ficamos felizes em fazer parte do ‘Insulinadiamor’. Temos um volume expressivo de canetas usadas, porque os pacientes precisam devolvê-las para pegar as novas”, diz Pinheiro.


Duas intrenas realizam o processo de reciclagem e, a cada três dias trabalhados, é reduzido um dia na pena. (foto: Arquivo pessoal/Lysandro Borges)
Duas intrenas realizam o processo de reciclagem e, a cada três dias trabalhados, é reduzido um dia na pena. (foto: Arquivo pessoal/Lysandro Borges)

Ressocialização

Com a concretização dessa iniciativa, as internas do Presídio Feminino realizam o trabalho de desmontar a parte interna da caneta e colocar a carga de uma caneta esferográfica. O trabalho, além de minimizar os danos ambientais, tem como objetivo ressocializar pessoas privadas de liberdade. Duas mulheres realizam o processo de reciclagem e, a cada três dias trabalhados, é reduzido um dia na pena.

O professor Lysandro explica como funciona esse processo. “A desmontagem da caneta de insulina consiste na retirada da estrutura de vidro que armazena a insulina, podendo receber a carga de uma caneta que será fixada na ponta com cola quente. O adesivo original da empresa é retirado e colocamos o adesivo do projeto. Toda a desmontagem leva cerca de um minuto, deixando a caneta fica pronta para o uso. Quando acaba a carga, essa carga pode ser substituída novamente, ou seja, a caneta fica sendo usada até a sua deterioração, porque pode ser trocada a carga quantas vezes forem necessárias”, reforça Borges.


Parceria com o Governo do Estado foi estabelecida neste ano. (foto: Arquivo pessoal/Lysandro Borges)
Parceria com o Governo do Estado foi estabelecida neste ano. (foto: Arquivo pessoal/Lysandro Borges)

“Temos 20 alunos de iniciação científica e mestrado do Labic, que é o Laboratório de Bioquímica Clínica aqui da UFS no Departamento de Farmácia, coordenado por mim, que auxiliam no recolhimento dessas canetas, na esterilização, visto que precisam ser canetas esterilizadas previamente e enviadas ao Presídio Feminino. São recicladas em torno de mil a 1.500 canetas por mês, podendo aumentar esse quantitativo quando fizermos parcerias com outros presídios de Sergipe”, pontua Lysandro.

Para ele, o projeto é ambiental, porque evita a incineração e a colocação dessas canetas em aterro sanitário, mas é também social, já que também propicia ao paciente um retorno, por meio das agulhas que são adquiridas após a venda da caneta esferográfica. “É um projeto de cuidado farmacêutico, porque esses pacientes recebem insumos oriundos do projeto e acabam sendo beneficiados”, diz.

Ascom UFS

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Atualizado em: Seg, 23 de janeiro de 2023, 12:18
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