Qua, 15 de março de 2023, 12:06

Projeto da UFS leva informações sobre ISTs às escolas
Cerca de 2 mil estudantes da rede pública de ensino já foram beneficiados

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) da Secretaria do Estado de Sergipe (SES) apontam que, desde 2011, o estado enfrenta um crescente avanço nos casos de infeções sexualmente transmissíveis (ISTs), ocupando o primeiro lugar do Nordeste no cenário da Sífilis congênita.

Os números indicam ainda uma maior incidência de infecções entre os jovens, o que motivou o professor do departamento de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe Lysandro Borges a desenvolver o projeto de extensão “Se liga nas ISTs!”, levando informações sobre as mais diversas infecções a estudantes da rede estadual de Aracaju.


Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Criado em 2018, o projeto – que tem caráter lúdico e teatral - já atendeu mais de dois mil estudantes, alertando-os sobre os processos de contaminação, prevenção e busca de tratamento.

“As infecções sexualmente transmissíveis, até pouco tempo chamadas de doenças, são uma pauta muito comum no âmbito da saúde desde a década de 70, mas sob perspectivas muito distintas das atuais. Agora, com informações muito mais concretas, sabe-se que os jovens estão dentro de um grande grupo de risco e a conscientização passa a ser um fator determinante. Assim, ainda em 2018, resolvemos levar essas informações às salas de aula dentro da linguagem deles, de forma acessível, didática e teatral, sem a ideia de imposição”, comenta o professor Lysandro Borges, coordenador do projeto de extensão.


Foto: Arquivo pessoal
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Ele ressalta ainda que o projeto aconteceu através das observações do Grupo de Saúde nas Escolas, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (SES), que forneceu informações relevantes para o entendimento do público-alvo e o desenvolvimento do projeto.

“Através desses grupos, passamos a ter contato com os diretores e agendar as visitas às escolas para depois do recreio. São quinze minutos de peça teatral em que mostramos a rotina de um casal de namorados em três ambientes: o escolar, a balada e o posto de saúde, numa contação de história que vai desde a relação sexual sem preservativo à descoberta de uma gravidez e de uma IST. Então a gente também trabalha a questão dos contraceptivos e doenças sexualmente transmissíveis, como HPV, HIV, sífilis, gonorreia, sempre de maneira lúdica E o mais legal é que, depois da apresentação, os estudantes tiram muitas dúvidas e já ficamos sabendo que eles procuram outras orientações em unidades de saúde a partir do projeto”, explica Lysandro, que quer expandir o projeto para escolas no interior do estado.

Bolsista do projeto, a estudante do sexto período de licenciatura em Ciências Biológicas da UFS Eloia Emanuelly Dias Silva diz que o diferencial da abordagem dobre o tema foi a principal motivação para participar do grupo e que percebe o mesmo dos estudantes.

“Eu também tive acesso a essas ações sobre educação sexual na escola, mas de uma forma que gerava medo, ansiedade e vergonha, sentimentos compartilhados com os outros colegas à época. Quando eu soube que haveria o projeto, pensado de uma forma didática para a orientação e o autocuidado, e não para o julgamento, quis muito fazer parte”, conta Eloia.

Ela salienta que essa metodologia resulta numa maior atenção e participação dos estudantes durante toda a apresentação.

“Estamos num novo ciclo do projeto e o nosso objetivo é que os estudantes continuem se sentindo engajados com a nova estratégia, que, desta vez, foi pensada no universo das séries para que eles realmente perguntem, esclareçam as suas dúvidas sem qualquer teor de julgamento. Quanto mais eles estiverem conscientes e informados, mais chances terão de não se surpreenderem com uma gravidez indesejada e até mesmo com uma infecção sexualmente transmissível”, aponta a estudante.


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Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
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Dados da SES

De acordo com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) da Secretaria do Estado de Sergipe (SES), até 2 de janeiro de 2023* o número de casos de sífilis não especificada no estado de Sergipe é de 2016, sendo 699 em Aracaju, 195 em Nossa Senhora do Socorro e 189 em Lagarto, município que praticamente dobrou o número de infectados em relação ao ano anterior.

Já no que diz respeito aos estudos de AIDS, até 28 de fevereiro de 2023*, aos dados apontam que 1106 pessoas adultas, 8 crianças e 416 gestantes vivem com a síndrome em Sergipe,

*Dados passados pela SES exclusivamente para esta matéria.

Jéssica Vieira - Ascom UFS
comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Qua, 15 de março de 2023, 16:39
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