Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) da Secretaria do Estado de Sergipe (SES) apontam que, desde 2011, o estado enfrenta um crescente avanço nos casos de infeções sexualmente transmissíveis (ISTs), ocupando o primeiro lugar do Nordeste no cenário da Sífilis congênita.
Os números indicam ainda uma maior incidência de infecções entre os jovens, o que motivou o professor do departamento de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe Lysandro Borges a desenvolver o projeto de extensão “Se liga nas ISTs!”, levando informações sobre as mais diversas infecções a estudantes da rede estadual de Aracaju.

Criado em 2018, o projeto – que tem caráter lúdico e teatral - já atendeu mais de dois mil estudantes, alertando-os sobre os processos de contaminação, prevenção e busca de tratamento.
“As infecções sexualmente transmissíveis, até pouco tempo chamadas de doenças, são uma pauta muito comum no âmbito da saúde desde a década de 70, mas sob perspectivas muito distintas das atuais. Agora, com informações muito mais concretas, sabe-se que os jovens estão dentro de um grande grupo de risco e a conscientização passa a ser um fator determinante. Assim, ainda em 2018, resolvemos levar essas informações às salas de aula dentro da linguagem deles, de forma acessível, didática e teatral, sem a ideia de imposição”, comenta o professor Lysandro Borges, coordenador do projeto de extensão.


Ele ressalta ainda que o projeto aconteceu através das observações do Grupo de Saúde nas Escolas, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (SES), que forneceu informações relevantes para o entendimento do público-alvo e o desenvolvimento do projeto.
“Através desses grupos, passamos a ter contato com os diretores e agendar as visitas às escolas para depois do recreio. São quinze minutos de peça teatral em que mostramos a rotina de um casal de namorados em três ambientes: o escolar, a balada e o posto de saúde, numa contação de história que vai desde a relação sexual sem preservativo à descoberta de uma gravidez e de uma IST. Então a gente também trabalha a questão dos contraceptivos e doenças sexualmente transmissíveis, como HPV, HIV, sífilis, gonorreia, sempre de maneira lúdica E o mais legal é que, depois da apresentação, os estudantes tiram muitas dúvidas e já ficamos sabendo que eles procuram outras orientações em unidades de saúde a partir do projeto”, explica Lysandro, que quer expandir o projeto para escolas no interior do estado.
Bolsista do projeto, a estudante do sexto período de licenciatura em Ciências Biológicas da UFS Eloia Emanuelly Dias Silva diz que o diferencial da abordagem dobre o tema foi a principal motivação para participar do grupo e que percebe o mesmo dos estudantes.
“Eu também tive acesso a essas ações sobre educação sexual na escola, mas de uma forma que gerava medo, ansiedade e vergonha, sentimentos compartilhados com os outros colegas à época. Quando eu soube que haveria o projeto, pensado de uma forma didática para a orientação e o autocuidado, e não para o julgamento, quis muito fazer parte”, conta Eloia.
Ela salienta que essa metodologia resulta numa maior atenção e participação dos estudantes durante toda a apresentação.
“Estamos num novo ciclo do projeto e o nosso objetivo é que os estudantes continuem se sentindo engajados com a nova estratégia, que, desta vez, foi pensada no universo das séries para que eles realmente perguntem, esclareçam as suas dúvidas sem qualquer teor de julgamento. Quanto mais eles estiverem conscientes e informados, mais chances terão de não se surpreenderem com uma gravidez indesejada e até mesmo com uma infecção sexualmente transmissível”, aponta a estudante.



Dados da SES
De acordo com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) da Secretaria do Estado de Sergipe (SES), até 2 de janeiro de 2023* o número de casos de sífilis não especificada no estado de Sergipe é de 2016, sendo 699 em Aracaju, 195 em Nossa Senhora do Socorro e 189 em Lagarto, município que praticamente dobrou o número de infectados em relação ao ano anterior.
Já no que diz respeito aos estudos de AIDS, até 28 de fevereiro de 2023*, aos dados apontam que 1106 pessoas adultas, 8 crianças e 416 gestantes vivem com a síndrome em Sergipe,
*Dados passados pela SES exclusivamente para esta matéria.
Jéssica Vieira - Ascom UFS
comunica@academico.ufs.br