Sex, 28 de abril de 2023, 16:32

Seminário reuniu academia e comunidade para dialogar sobre pesca tradicional
Evento debateu teses e dissertações da pós-graduação, com a presença do secretário nacional de Pesca Artesanal
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Pesquisadores, estudantes, representantes de comunidades pesqueiras reuniram-se em um evento na Universidade Federal de Sergipe (UFS) na tarde desta quinta-feira, 27, com a presença de representação do Ministério da Pesca. O I Seminário Temático do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) ocorreu no Auditório do Núcleo de Petróleo e Gás.

No encontro, debateram-se questões relacionadas às dissertações desenvolvidas nas linhas de pesquisa do Planejamento e Gestão Ambiental e a Dinâmica e Avaliação Ambiental, no âmbito do Prodema. Como palestrante, o evento recebeu Cristiano Wellington Noberto Ramalho, que comanda a Secretaria Nacional de Pesca Artesanal.


Inajá Francisco de Sousa, coordenador do Prodema. (Fotos: Adilson Andrade / Ascom UFS)
Inajá Francisco de Sousa, coordenador do Prodema. (Fotos: Adilson Andrade / Ascom UFS)

“O Prodema é um programa interdisciplinar”, analisou Inajá Francisco de Sousa, coordenador do programa. “Esse evento faz com que diversas áreas do conhecimento venham para um só espaço, para discutir determinado tema, no qual a gente está trazendo um pesquisador que foi também professor aqui da nossa universidade que vai tratar sobre o tema de pesca artesanal”, explicou.

No Seminário foram apresentadas as pesquisas em andamento do Prodema, dentro do tema do evento “Desafios da Pesca Tradicional no Brasil”. Presente na abertura, Rosalvo Ferreira, reitor em exercício, enfatizou a importância de haver um olhar, por parte do poder público, para as comunidades que praticam a pesca artesanal.


Rosalvo Ferreira, reitor em exercício.
Rosalvo Ferreira, reitor em exercício.

“Comunidades com índices de produtividade não elevados não tem como competir com o mercado em condições de igualdade, por isso devem ter apoio institucional, de programas de Estado permanentes, imunes às mudanças de governo. E a universidade é um ambiente apropriado para que o debate e sobretudo as pesquisas empíricas possam contribuir para o desenvolvimento das formas tradicionais de produção, até porque essa atividade tem um papel transformador no local”, enfatizou.

“Esse evento coroa uma estrutura que o Prodema permite que é dialogar com outros entes, de outras unidades da federação”, prosseguiu Rosalvo. “Que essa integração regional possa propiciar um intercâmbio de pesquisadores, um diálogo entre pesquisas, multiplicidade de ideias e evidentemente a defesa da universidade como espaço que possa ser aproveitado e usufruído por aqueles que tenham menos oportunidade”, concluiu.


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Políticas públicas

O palestrante Cristiano Ramalho trouxe sua experiência com a pesca artesanal, desde sua trajetória como professor e pesquisador da UFS, e agora representada institucionalmente no Ministério da Pesca, para debater o tema com a comunidade acadêmica e pescadoras e pescadores presentes.

“É um prazer voltar à Universidade Federal de Sergipe. Fui professor aqui de 2010 a 2013, desenvolvi o tema de pesquisa voltado à pesca artesanal, com movimentos sociais e entidades representativas da pesca”, contou.

“Eu volto aqui para falar um pouco do Ministério da Pesca, que foi recriado a pedido dos movimentos sociais, e especialmente da Secretaria da Pesca Artesanal, outra demanda histórica dos movimentos”, disse Cristiano, “e falar sobre o que temos feito e o que planejamos de políticas públicas para a pesca artesanal”.


Cristiano Wellington Noberto Ramalho, secretário nacional de Pesca Artesanal.
Cristiano Wellington Noberto Ramalho, secretário nacional de Pesca Artesanal.

O secretário conhece a realidade sergipana e elogiou a iniciativa do seminário, aproximando a academia da comunidade, mobilizando discentes da pós-graduação em sintonia com as pessoas cuja realidade está presente nas teses e dissertações.

“Sergipe tem uma tradição importante na pesca artesanal: as marisqueiras, os pescadores, seja no litoral, nos rios, no sertão. Então queremos ouvir as pautas dessas comunidades e traduzir essa escuta em políticas públicas, a partir da participação social. A ideia é fazer parcerias com prefeituras, com governos estaduais, para atingir essas ações pela base”, analisou.

“Almejamos parcerias com a academia, como aqui com a Universidade Federal de Sergipe, com os grupos de pesquisa, em uma ideia de cooperação técnica, e ações que tenham na aproximação entre o saber científico e o saber popular como ferramenta de transformação social. Essa é uma aliança fundamental que não perderemos de vista”, finalizou.


O seminário discutiu os “Desafios da Pesca Tradicional no Brasil”.
O seminário discutiu os “Desafios da Pesca Tradicional no Brasil”.

Marisqueiras e sua terra

Uma das pós-graduandas a ter seu trabalho debatido no seminário foi Cristiane Neyre, doutoranda no Prodema. Ela estuda a soberania alimentar das marisqueiras da comunidade Preguiça, localizada em Indiaroba, no sul sergipano.

“Essa comunidade vem sendo afetada diretamente em suas atividades pelo avanço da carcinicultura [criação de camarões em viveiros], que tem se propagado de forma acelerada, inclusive com o incentivo da própria prefeitura municipal local”, descreveu Cristiane.


Cristiane Neyre, doutoranda no Prodema.
Cristiane Neyre, doutoranda no Prodema.

“A tese é voltada para a soberania alimentar alimentar dessas marisqueiras, para que elas possam, de forma sustentável, ter alimentação saudável, e quem sabe até pensar em uma futura reserva extrativista, para que possamos proteger o manguezal, onde a carcinicultura tem crescido cada vez mais”, resumiu.

“É importantíssimo para nós a presença do Secretário Nacional da Pesca Artesanal, para discutirmos teses e dissertações ligadas a essa área da sustentabilidade local, desenvolvimento e meio ambiente, e juntar forças, apoio, incentivos na preservação dessas atividades”, concluiu.

Ascom
comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Sex, 28 de abril de 2023, 16:44
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