
O período de chuvas costuma trazer alguns transtornos, não apenas nas cidades, mas também fora das áreas urbanizadas. Sobretudo quando essas áreas sofreram perdas de sua vegetação nativa, ocasionando em erosão pluvial. É o que tem ocorrido, por exemplo, no Campus Rural do Centro de Ciências Agrárias Aplicadas da Universidade Federal de Sergipe (CCAA/UFS).
Para prevenir e controlar esse tipo de erosão, o Laboratório de Erosão e Sedimentação do CCAA (Labes) está desenvolvendo um trabalho de conservação do solo no campus. A tarefa envolve a construção de estruturas de controle da erosão, reflorestamento e revegetação das áreas degradadas.
A atividade faz parte de uma Unidade de Difusão de Tecnologias e Inovação em Conservação do Solo e da Água do Labes, liderada pelo coordenador do laboratório, o professor Sandro Holanda, com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação. Técnicas como terraços em nível, terminal escoadouro e bacias de captação são utilizadas na ação.

Além de melhorar as condições do terreno do Campus Rural e de funcionar como prática para os discentes, o trabalho desenvolvido servirá, segundo Sandro, como vitrine, uma estação experimental para a multiplicação das técnicas de conservação para a comunidade.
“[Quando o trabalho for concluído, daqui a aproximadamente um mês,] poderemos ofertar essas possibilidades de capacitação e treinamento para técnicos, produtores rurais, extensionistas e estudantes. Então iremos ofertar aperfeiçoamento para prefeituras, cooperativas agrícolas, para instituições públicas ou privadas que tenham interesse de capacitar os seus técnicos em relação a essa questão da conservação do solo e da água”, afirma o docente.
“O que é conservação do solo e da água? Nada mais é do que você conservar o solo onde ele é produtivo e conservar essa água que se perde por conta do dos processos de erosão”, completa Sandro.

Ravinas
A ravina é caracterizada por um canal profundo e estreito, formado principalmente pela ação erosiva das águas pluviais ou correntes de água em declives acentuados. As ravinas podem se estender por vários metros e, em alguns casos, alcançar profundidades de mais de 10 metros.
Geralmente as ravinas se desenvolvem em áreas onde a vegetação é escassa ou ausente, e os solos são frágeis e pouco consolidados, como em áreas de cultivo intensivo, desmatamento, urbanização ou mineração. A falta de cobertura vegetal e a exposição do solo à ação direta da água da chuva aumentam a suscetibilidade do solo à erosão.
A formação de ravinas pode ter sérias consequências para o meio ambiente e as atividades humanas. Além de causar a perda de solos férteis e diminuição da produtividade agrícola, elas também podem afetar a qualidade e a disponibilidade de recursos hídricos, degradar habitats naturais, danificar infraestruturas e aumentar o risco de desastres naturais, como deslizamentos de terra e enchentes.

No Campus Rural, o manejo do solo vem ocorrendo por meio de mecanismos que corrijam, reduzam ou previnam a erosão pluvial no solo.
“A ideia é distribuir nos pontos críticos do campus (rampas e pontos de erosão) mecanismos que previnem o surgimento ou induzem a redução desse tipo de atividade”, diz Diego Vidal, doutorando em Ciência da Propriedade Intelectual.
“Nesse sentido, realizamos procedimentos como a instalação de terminal escoadouro, e bacias de captação, por exemplo. Então em todo o campus, em cada ponto, tem uma ferramenta específica para controle de erosão”, completa.
Além disso, já vem sendo feito um trabalho de reflorestamento no campus, sobretudo em áreas onde houve ocupação agrícola, segundo explica Sandro Holanda.
“A área do Campus Rural é muito vulnerável à ocorrência de erosão. A gente já vinha fazendo um trabalho de conservação para evitar que esse processo erosivo evoluísse para além do que já existia, porque aquela área foi ocupada há algumas décadas por produção de cana, e nesse local já tem uma floresta em recuperação”, conta.
O Laboratório
A UDTI-Conservação, como é chamada a Unidade de Difusão de Tecnologias e Inovação em Conservação do Solo e da Água, se propõe a ofertar capacitação (treinamento) para técnicos, agricultores e estudantes sobre essas técnicas, com o diferencial que elas estarão implantadas e concentradas no mesmo espaço, e de forma permanente, na Estação Experimental Campus Rural da UFS, localizado na zona rural de São Cristóvão.
Vinculada ao Laboratório de Erosão e Sedimentação, a UDTI oferece um portfólio de técnicas como: terraços agrícolas; bacias de captação; paliçadas; sistemas de preparo do solo etc. Trata-se de um rol de atividades exclusivo na região, segundo o coordenador do Labes, Sandro Holanda.
Ascom
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