O Laboratório de Pesquisa em Neurociências da Universidade Federal de Sergipe (Lapene) realizou na última segunda-feira, 27, em um shopping da capital sergipana, evento alusivo ao Maio Bordô, mês de conscientização das cefaleias, ou dores de cabeça. Coordenado pela professora Josimari Santana, do Departamento de Fisioterapia, o Lapene disponibilizou alunos da graduação e pós-graduação para esclarecer dúvidas e orientar a população atingida pela doença.
Anualmente, o Maio Bordô alerta a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento correto dos diversos tipos de cefaleia. Neste ano, o slogan da iniciativa é “3 é Demais”, ou seja, mesmo que exista uma explicação para as dores de cabeça, se elas aparecem três ou mais vezes por mês, há mais de três meses, é preciso procurar um médico e providenciar tratamento.
De acordo com as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), as cefaleias, incluindo as mais severas, como a enxaqueca, acometem cerca de 15% da população mundial, sendo mais frequente em mulheres. Entretanto, para a professora Josimari Santana, que coordena o Lapene na UFS, muitas vezes as pessoas subestimam a doença.
“Você pode ter não somente um sintoma, você pode ter uma doença chamada dor de cabeça. Só que quando a gente fala de dor de cabeça, que muitos se queixam como um sintoma, pode na verdade ser uma doença com mais de 200 tipos de causas diferentes. Então isso configura um problema de saúde pública, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento, já que essa é hoje a segunda doença que traz dor crônica mais frequente no Brasil e no mundo, perdendo apenas para a dor lombar, porém muitas vezes ela é negligenciada”, relata a professora.
Ela aproveita para fazer um alerta sobre o uso incorreto de medicações. “Muitos pensam em tomar um remédio que passa, tomar um analgésico, mas isso também configura um problema de saúde, porque geralmente pessoas com dor de cabeça que não são acompanhadas por um especialista, que não são tratadas, desenvolvem abuso de analgésico, começam a fazer uso de doses cada vez maiores e com pouca eficiência, com pouca eficácia para o alívio da dor, e isso também é grave. Então resolvemos fazer essa campanha em um shopping, que recebe um grande número de pessoas da comunidade, oferecendo de forma acessível informações para conscientizar, para fazer as pessoas compreenderem, através de algumas estratégias educativas que são promovidas por um projeto de extensão da UFS ”, ressalta Josimari.
Extensão
Uma das alunas que se integraram à iniciativaação foi Ivone Dantas, fisioterapeuta, membro do Lapene, e estudante da pós-graduação da UFS. “Estamos observando aqui a importância de ter um espaço dentro de um shopping, trazer um pouco da universidade, mostrar o quanto que a gente serve à sociedade. O nosso laboratório é pioneiro no atendimento das pessoas com enxaqueca crônica em Sergipe, e trazer esse evento para cá é mostrar um pouco do que a gente faz e a importância de conscientizar as pessoas sobre as suas dores de cabeça, fazendo-as entender inclusive que existe tratamento para isso”, pontuou a fisioterapeuta.
“As nossas expectativas com o Maio Bordô são muito boas, no sentido de que a gente espera que as pessoas tirem suas dúvidas. É servir como uma ponte com relação ao conhecimento que a gente adquire dentro da universidade e como é que a gente pode trazer isso para a vida das pessoas, que às vezes é apenas uma orientação simples, mas que pode fazer total diferença para aquele indivíduo. Muitas vezes o tratamento pode ser feito com mudanças no estilo de vida, alimentação, hidratação, exercício físico, às vezes até questões do sistema vestibular, ou seja, outras questões corporais que podem estar contribuindo para aquela dor e que podem ser resolvidas”, alerta Ivone.
Qualidade de vida
A babá Célia Santana procurou o serviço para tentar entender como pode ter mais qualidade de vida, relatando que sofre com dores de cabeça frequentes. “Fiquei sabendo desse evento pelas redes sociais e me interessei, estou achando muito interessante e produtivo, já sofro com hérnia de disco, tenho suspeita de fibromialgia e minhas dores de cabeça atrapalham muito, questão de trabalho de qualidade de vida mesmo. Fui orientada aqui hoje a procurar um neurologista para ter um diagnóstico certo, e vou procurar, porque dormir é complicado, acordar com dor é muito ruim, mas as fisioterapeutas aqui me explicaram muita coisa. Agora é tomar as providências”, disse Célia.
O Maio Bordô tem à frente a Sociedade Brasileira de Cefaleia e a Academia Brasileira de Neurologia, que afirmam que pacientes com cefaleia recorrente levam muitos anos para procurar um médico por dor de cabeça e mais ainda para procurar um especialista, interferindo diretamente na qualidade de vida e trazendo prejuízos econômicos e sociais.
A iniciativa tem a meta de levar informações e sanar dúvidas sobre estas condições, mudando a percepção pública sobre elas e promovendo um diálogo sobre diagnóstico precoce e tratamentos inovadores.
Ascom