Qua, 02 de outubro de 2024, 10:07

Egresso da UFS conquista Prêmio Capes de Tese 2024
Graduado e mestre pela UFS, o pesquisador Fábio Pereira é especialista na geologia sergipana
(Foto: arquivo pessoal)
(Foto: arquivo pessoal)

O pesquisador Fábio dos Santos Pereira, graduado em Geologia (DGEOL) e mestre em Geociências e Análise de Bacias (PGAB) pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), conquistou o Prêmio Capes de Tese 2024 na categoria "Geociências". Considerado como o “Oscar da Ciência Brasileira”, a premiação reconhece as melhores teses de doutorado do país, de acordo com os seguintes critérios: originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação, e o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato.

Doutor em Geologia e Geoquímica pela Universidade Federal do Pará (PPGG/UFPA), Fábio iniciou a trajetória na pesquisa em 2013, ainda durante a graduação, quando a professora Maria de Lourdes Rosa (DGEOL/UFS) o convidou para ser orientando de Iniciação Científica. A parceria rendeu frutos e a pesquisadora seguiu sendo sua orientadora durante os trabalhos de conclusão da graduação e do mestrado, além de ter sido co-orientadora no doutorado, juntamente com o professor Jean Lafon (PPGG/UFPA).


(Foto: arquivo pessoal)
(Foto: arquivo pessoal)

Para Fábio, receber este prêmio foi uma grata surpresa. “Embora soubéssemos que havíamos feito um bom trabalho, não imaginávamos que chegaríamos a esse resultado. A maior parte da pesquisa foi realizada na pandemia, quando o acesso aos laboratórios era bastante restrito. Além disso, estávamos disputando com grandes centros de pesquisa do eixo sul-sudeste. Por conta disso, o prêmio foi recebido com grande alegria por parte de todos os envolvidos. Eu acredito que ele demonstra a qualidade da pesquisa geológica realizada no norte-nordeste e como ela não deixa nada a desejar em relação ao restante do país”.

Recentemente, o pesquisador retornou a sua universidade de origem, desta vez como professor substituto. Para ele, a UFS foi a porta de entrada para a carreira acadêmica. “Além das bolsas de iniciação científica, fui beneficiário do programa de residência universitária, que me garantiu moradia e alimentação até o fim do curso. Acredito que sem esses auxílios não seria possível me dedicar exclusivamente ao estudo e pesquisa como pude”, compartilha.

A professora Maria de Lourdes Rosa é a atual coordenadora do PGAB, que completa 13 anos em 2024. Para ela, o prêmio conquistado por Fábio indica o reconhecimento de que o programa está consolidado e maduro o suficiente para um futuro doutorado.

“Foram mais de 1.600 inscrições e apenas 49 teses premiadas. Esse prêmio é muito importante pela relevância nacional e porque a área de estudo da tese foi a região norte do estado de Sergipe, o que demonstra o potencial geológico. Orientar o Fábio desde o primeiro ano na UFS, acompanhar o amadurecimento profissional e as conquistas foi um privilégio. O que mais um professor poderia almejar?”.

A pesquisa

Em torno de 630 milhões de anos atrás, quando o oceano Atlântico não existia e o Brasil ainda estava conectado à África, os estados de Sergipe, Bahia e Alagoas faziam parte de um grande cinturão de montanhas que se estendia para a região central africana. Esse cinturão, que hoje recebe o nome de Sistema Orogênico Sergipano na parte brasileira, foi o foco da tese de doutorado de Fábio dos Santos Pereira.

O objetivo da pesquisa foi reconstruir a história geológica dessa região por meio da investigação de rochas ígneas e metasedimentares de Sergipe, com base em dados petrográficos, geoquímicos e isotópicos. Segundo o pesquisador, de uma forma geral, a composição química de rochas ígneas pode ser usada para desvendar o ambiente tectônico em que elas se formaram e o momento em que isso ocorreu também pode ser determinado pela datação de um mineral chamado Zircão. Com base nessas duas técnicas principais, os geocientistas podem reconstruir o passado mais remoto da Terra.

“Os nossos resultados permitiram reavaliar o modelo de evolução baseado em subducção-colisão continental previamente sugerido para a área. Propomos que a evolução do Sistema Orogênico Sergipano pode ser explicada por uma ampla extensão da crosta continental, que levou a formação de rochas sedimentares e um tipo especial de rocha derivada do manto terrestre. Esse estágio foi seguido pela colisão de grandes blocos continentais, que produziu calor suficiente para fundir as rochas preexistentes da área e formar vários tipos de granitos. Esse modelo permite explicar os diferentes aspectos das rochas encontradas em Sergipe sem a necessidade de assumir a existência de um antigo oceano nessa área. Assim, a pesquisa buscou lançar um novo olhar sobre os tradicionais processos que são amplamente utilizados para explicar a geologia do Nordeste do Brasil”, explica o pesquisador.

A tese “Evolução Crustal do Setor Sul da Província Borborema: Domínio Macururé, Sistema Orogênico Sergipano, Nordeste do Brasil” pode ser conferida aqui.

Brunna Martins - Ascom UFS


Atualizado em: Qua, 02 de outubro de 2024, 10:29
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