Como parte das comemorações dos 57 anos da Universidade Federal de Sergipe (UFS), foi realizado nesta quinta-feira, 15, o lançamento da nova edição do livro 'A Questão da Universidade', do filósofo Álvaro Vieira Pinto. O evento ocorreu no auditório da Associação dos Docentes da UFS (Adufs), com grande participação da comunidade acadêmica, e contou com debate entre os professores Nildo Ouriques, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA), Romero Venâncio, presidente da Adufs e professor do Departamento de Filosofia da UFS (DFL/UFS) e a mediação da vice-reitora, professora Silvana Bretas.

O evento ainda consolidou-se como um espaço de reflexão profunda, reafirmando o compromisso da UFS com o raciocínio analítico, o diálogo acadêmico e o fortalecimento da universidade pública brasileira. A obra, publicada originalmente em 1962, é considerada um marco no pensamento crítico brasileiro sobre a função social da universidade. Em 2025, a Editora Insular traz uma nova edição do livro, reafirmando sua relevância nos dias atuais.

Durante o lançamento, a vice-reitora Silvana Bretas destacou a importância do evento no contexto do aniversário da instituição. “Em um momento de maturidade como esse, é preciso refletir sobre o papel da universidade pública. Como ela responde aos problemas da sociedade sergipana e brasileira, com ciência, arte e cultura. Trazer uma obra como essa é voltar ao acúmulo teórico e prático de quem já pensou profundamente o papel da universidade, e construir, a partir disso, os nossos próprios caminhos”, afirmou.

Silvana também reforçou o compromisso da gestão com o incentivo a debates qualificados dentro da UFS. “Hoje é um exemplo. A sala cheia, mais de três horas de discussão. E outros momentos como esse virão. Estamos construindo projetos institucionais que vão orientar a universidade nos próximos anos, sempre com diálogo e participação da comunidade”, pontuou.

Para o professor Nildo Ouriques, a republicação do livro é fundamental para fortalecer a reflexão crítica sobre o futuro das universidades brasileiras. “Álvaro Vieira Pinto escreveu essa obra num momento histórico crucial. Ele pergunta: a universidade existe para si mesma? Não. Ela existe para o povo e para um país que busca sua emancipação e soberania. Sua obra continua atual porque ainda lutamos contra o subdesenvolvimento e a dependência. Por isso, esse livro é uma arma teórica poderosa para o presente”, avalia.

Já o professor Romero Venâncio lembrou o contexto histórico da obra e sua ligação com a atualidade da UFS. “Esse livro nasceu de uma palestra de Vieira Pinto para estudantes da UNE, em 1962. Agora, em sua terceira edição, continua sendo uma leitura essencial para pensar a universidade como espaço de pesquisa, ensino e extensão a serviço do país. Além disso, pode servir como base ideológica para retomar o processo da Estatuinte, fundamental para que a UFS avance como uma instituição democrática e atualizada”, explica.

Presente na atividade, o professor Carlos Mascarenhas, do curso de Teatro da UFS, avaliou o evento como necessário e urgente. “O evento foi de total importância, de altíssimo nível, porque abordou um tema que precisamos encarar com urgência: o sentido da universidade. Vivemos um tempo em que equívocos têm permeado o funcionamento e a produção intelectual das instituições. Tivemos hoje a oportunidade de refletir sobre a necessidade de recuperar a dimensão crítica da universidade, que me parece estar sendo deixada de lado,” destaca.

Yan Lima - bolsista
Jéssica França - Ascom UFS