Seg, 02 de junho de 2025, 16:40

Pesquisador da UFS descobre que estrutura à prova de fogo salva larvas de insetos
Estudo foi feito no cerrado, vegetação facilmente atingida por incêndios, principalmente em épocas secas
Galhas queimadas durante incêndios (Foto: arquivo pessoal)
Galhas queimadas durante incêndios (Foto: arquivo pessoal)

Um estudo encabeçado pelo professor Jean Carlos Santos, do Departamento de Ecologia da Universidade Federal de Sergipe (Deco/UFS), mostrou que estruturas criadas por insetos “galhadores” os ajudam a sobreviver durante incêndios florestais no Brasil. A pesquisa foi feita no cerrado, vegetação facilmente atingida pelo fogo, principalmente em épocas secas.

A análise foi realizada após um incêndio que atingiu uma área de preservação em Minas Gerais e queimou por mais de 24 horas. Os pesquisadores analisaram 40 das estruturas criadas nas plantas pelos próprios insetos, conhecidas como ‘galhas’.

“Esses insetos comem a planta e provocam uma espécie de tumor [as galhas], induzindo o crescimento vegetativo da planta, de forma a criar uma espécie de abrigo durante a fase larval. Além disso, na própria planta, eles encontram alimento”, explicou o professor Jean Carlos Santos.


 (Foto: arquivo pessoal)
(Foto: arquivo pessoal)

As galhas das áreas queimadas estavam em uma altura atingida por calor intenso e a maioria apresentava sinais de carbonização. Entretanto, 66% das larvas abrigadas por elas sobreviveram.

De acordo com o pesquisador, após a passagem do fogo, principalmente em casos como o analisado, a impressão é de destruição total. “Quando o fogo passa, ele mata tudo. Mata os bichos que estão em cima da planta, mata um monte de organismos. Mas, com o nosso trabalho, conseguimos ver que, depois que o fogo passou, esses insetos que estavam dentro da planta, suportaram o fogo. Então, a maior parte dos insetos acabou sobrevivendo ao impacto do fogo. Isso foi bem interessante. É algo inédito”.


Inseto carbonizado (Foto: arquivo pessoal)
Inseto carbonizado (Foto: arquivo pessoal)

A pesquisa ainda questiona se os incêndios e a reincidência deles estariam modificando a forma de construir galhas, tornando-as mais espessas para garantir a sobrevivência da espécie.

“A epiderme e os tecidos da galha parecem ter um papel protetivo como isoladores contra as altas temperaturas. Queremos fazer um estudo experimental e ver essas modificações, como elas são, e quanto o inseto conseguiu modificar, especialmente em áreas, por exemplo, que talvez tenha mais incidência de fogo, se de repente a espessura dos tecidos da epiderme da galha é maior do que em áreas que não tem fogo, por exemplo", concluiu o professor Jean Carlos.

O estudo foi publicado na revista científica Ecology e destacado em uma reportagem do jornal The New York Times.

Por Jéssica França - Ascom UFS

Atualizado em: Seg, 02 de junho de 2025, 17:30
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