O ato simbólico de lançamento da pedra fundamental da Vila do Turismo, no Centro Comunitário do Assentamento Jacaré-Curituba, entre Poço Redondo e Canindé de São Francisco, ocorreu nesta sexta-feira, 26. A iniciativa, fruto da parceria entre a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária de Sergipe (Incra), por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe (Fapese), visa transformar os assentamentos sergipanos em referências nacionais em turismo de base comunitária.

O projeto vai fortalecer as comunidades rurais ribeirinhas no Alto Sertão e no Baixo São Francisco sergipanos através da elaboração e implementação de um Plano Estratégico de Turismo de Base Comunitária nos assentamentos, assim como trazer benefícios significativos para as comunidades envolvidas.

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A superintendente de Comunicação da UFS e presidente da Fapese, Maíra Bittencourt, destacou como projetos como este trazem para a Universidade a possibilidade de inserção na sociedade local. “O papel da extensão da Universidade é esse, de levar conhecimento para comunidades de forma que elas possam, por si só, serem protagonistas da sua história. Então, esse projeto tem muito esse intuito de formação da comunidade para que depois ela possa continuar perpetuando esses conhecimentos”.

Uma das principais entregas foi o projeto “Nas Trilhas da Reforma Agrária Popular: Turismo e Desenvolvimento Sustentável”, feito através da tese de doutorado de Daniela Rollemberg, gestora da Fapese.

“Entendemos que alguns desafios do turismo de base comunitária tinham mais força por causa da ausência de políticas públicas e de investimentos em infraestrutura local. A comunidade é quem produz cultura e impulsiona o turismo de forma geral, porém as comunidades precisam entender qual será o protagonismo delas nessa engrenagem. Eles precisam fazer toda a gestão da cadeia produtiva e impedir que a iniciativa privada se aproprie desses locais de belezas cênicas, já que a maioria desses locais estão à beira do rio São Francisco”, explicou.

A co-coordenadora do projeto, professora Maria José Nascimento Soares (DED/CECH), informou que uma equipe multidisciplinar foi formada para desempenhar atividades no assentamento.

“Essa equipe desenvolve workshop, oficinas, atividades de campo, trilhas em relação a cartografia dos espaços, uma série de atividades. Nessa segunda etapa, houve duas trilhas de desdobramento. O primeiro foi da infraestrutura, que é um outro pedaço do projeto. Agora vamos entrar na construção da Vila do Turismo de base comunitária, para fomentar todo um aspecto social, ambiental, socioeconômico, para dar maior visibilidade aos assentamentos”

A medida se deu através de emenda parlamentar do deputado federal João Daniel, que destinou mais de R$ 3 milhões para o projeto. Para o parlamentar, a obra vai beneficiar toda a região, agricultura familiar, assentamentos, espaço de comercialização, turismo, cultura, entre outros aspectos.

“Essas obras vão beneficiar os municípios de Canindé e Poço Redondo, que está na divisa. São recursos de emenda para fortalecer a região do Alto Sertão, fortalecer a agricultura familiar e os assentamentos que têm uma história de luta”, explicou

O Sertão sergipano, reconhecido como o único território do Brasil onde a desconcentração fundiária foi efetivamente concretizada, foi apontado como um exemplo do potencial transformador das políticas públicas voltadas à terra e à inclusão social, como destacou o superintendente do Incra em Sergipe, André Milanez.

“Esse projeto é de grande relevância aqui para o Sertão, o único território reformado do Brasil, ou seja, é o único local onde de fato houve a desconcentração fundiária através da reforma agrária. Então, um projeto dessa monta, traz o desenvolvimento em todas as dimensões, seja econômica, cultural, social”

Para o morador do assentamento e idealizador do projeto em Jacaré Curituba, João "Neguinho", o projeto é a concretização de um sonho.

“Passa muito turista na beira dessa pista, e muitas vezes, nem olha para o nosso assentamento. Então, a gente se reuniu e vimos a necessidade de ter um espaço aqui na beira da pista onde a gente pudesse comercializar os nossos produtos, com quadra de esporte para os nossos jovens, e um espaçozinho onde a gente possa ter lá um restaurantezinho, uma lanchonete, um artesanato”

A estudante do curso de Turismo de Base Comunitária e moradora do assentamento, ⁠Maria Jaqueline, reforçou a necessidade do projeto para o desenvolvimento da região. “Esse projeto vai tirar as mulheres de dentro de casa para trabalhar e serem independentes, o que, com certeza, vai mudar a vida de muita gente aqui do assentamento”.

Ascom UFS