Servidores da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Federal de Sergipe (Prograd/UFS) participaram, nesta quarta-feira, 3, de uma formação antirracista e anti-LGBTfóbica, com o objetivo de qualificar o atendimento e o acolhimento às pessoas desde o ingresso na universidade.
De acordo com a pró-reitora de Graduação da UFS, Marta Élid, a programação promove uma cultura institucional de respeito, equidade e garantia de direitos.
“Entendemos que os nossos estudantes precisam ser bem acolhidos desde a chegada. Então, para que nosso servidor esteja preparado para receber todas as pessoas, decidimos fazer esse primeiro módulo de formação, mas que a gente entende que precisa ser de uma maneira continuada. Iremos envolver a Pró-Reitoria de Equidade Racial e Ações Afirmativas e também de Acessibilidade e Ações Inclusivas nos próximos módulos”, disse.
Ainda de acordo com Marta Élid, a ideia é que a formação seja ampliada para todos os servidores. “Principalmente porque temos uma nova demanda, com a aprovação das Cotas Trans”.
A historiadora e professora Andréia Teixeira dos Santos, durante a manhã, dialogou e promoveu debates sobre o racismo e o antirracismo no serviço público.
“A formação antirracista é fundamental para nós aqui do serviço público, porque atendemos as pessoas negras, indígenas, e acho que a gente tem que ter o conhecimento básico para tratar a respeito dessa questão de não reproduzir os estereótipos racistas na nossa prática de trabalho, e também entre nós, colegas. Espaços formativos como esse devem ser uma constante, uma formação realmente continuada. O processo de conscientização é importante porque, muitas vezes, a pessoa mesmo não tem consciência de que determinado episódio que ela passou foi racista”, explicou a palestrante.
Para a assistente social e mulher trans Ariel Matos Brito, que palestrou pela tarde sobre letramento e permanência estudantil da população LGBTQIAPN+, as cotas para pessoas trans e travestis são essenciais para garantir inclusão. Porém, essa política afirmativa precisa vir acompanhada da preparação dos servidores públicos, que devem estar aptos a acolher adequadamente o público acadêmico que ingressará por meio dessas ações.
"É fundamental investir em formação continuada, especialmente em um país que ainda registra altos índices de violência contra a população trans e travesti e que carece de políticas públicas suficientes. Além disso, nossa educação ainda não incorpora de forma consistente autores e referências trans em sua grade curricular. A formação permanente é, portanto, um passo necessário para começar a preencher a lacuna histórica da ausência desses corpos e saberes na ciência brasileira", afirmou.
Para a servidora e participante Ann Letícia Aragão Guarany, a formação é uma oportunidade de entender demandas sociais específicas e melhorar o atendimento.
“Como servidora, acredito que a gente tem que estar em constante formação, porque as políticas de cotas sociais não são recentes, mas houve pouca discussão sobre o atendimento a esses alunos, não só no sentido do respeito às individualidades, mas também de ações pedagógicas de atendimento a essa população, que têm questões específicas, sociais, de identidade e culturais. Então é uma forma da gente discutir, se auto-organizar e propor outras possibilidades, outros projetos, outras ações que possam vir a contribuir para o acesso e a permanência dessa população na universidade”.

Ascom UFS
