Qua, 04 de setembro de 2019, 14:01

A Física além da teoria: projeto de extensão leva experimentos a alunos do ensino médio
Visitas periódicas são feitas em escolas da capital e do interior
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Experimento caixa escura: o objetivo é mostrar que, para enxergar, precisamos de luz e reflexão. Quando uma fonte de luz é emitida diretamente em nossos olhos, nenhuma informação nos é dada, inclusive nos irrita. A luz precisa incidir sobre a informação (objeto), refletir e vir em nossa direção. (fotos: Diego DiSouza/Ascom UFS)

Muitas vezes, a disciplina de Física é transmitida em sala de aula de forma que seja difícil para os alunos visualizar como todos aqueles fenômenos ocorrem na realidade. Esse é um desafio de diversos professores. Um projeto de extensão desenvolvido pela UFS tenta superar esse empecilho. Trata-se do Física nas escolas, que tem o objetivo de ensinar a ciência que investiga as leis do universo de uma forma diferente da qual estamos habituados.

Composto por graduandos e um coordenador, o professor Edvaldo Alves de Souza Júnior, do Departamento de Física (DFI), campus de São Cristóvão, a ação vigora há um ano e meio e já visitou cerca de nove instituições.


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Experimento plataforma de pregos: uma mesma força exerce pressões diferentes no objeto se aplicada em apenas um único ponto ou em vários pontos ao mesmo tempo. Assim, em uma plataforma de pregos, semelhante a “cama de faquir”, uma bola de assopro pode ser pressionada e não estourar.

Com a parceria da Secretaria de Educação do Estado (Seed), o projeto consegue contato com os diretores das escolas e realiza visitas periódicas, onde a apresentação de experimentos de três temáticas da física é feita com o intuito de despertar o melhor entendimento e interesse pela área.

“A ideia de fazer esses experimentos veio de uma vontade que eu via nos alunos de graduação de poder criar, construir coisas, e levar para as escolas”, conta o professor Edvaldo.


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Experimento garrafa na pressão: o objetivo é demonstrar que a diferença de pressão pode modificar o ambiente e realizar trabalho.

O projeto, que já visitou escolas tanto no interior quanto na capital, começou com dois alunos e hoje conta com seis, entre eles Rafael Gomes Souza, do 3º período. Para ele, a forma como o ensino da matéria é passado em sala de aula influencia completamente no aprendizado do estudante.

“O que me motivou a integrar o projeto é o seu ideal de levar o conhecimento de Física de forma simplificada para as escolas. Imagino o quão diferente seria se esse projeto tivesse feito parte do meu ensino médio”, afirma.


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Experimento reflexão de pregos: os pregos mostram o caminho que será percorrido por um feixe de luz devido à lei da reflexão. Assim, aprende-se que, devido às propriedades da luz, se soubermos a origem dos raios, podemos dizer qual será o seu "fim".

No último dia 23 de agosto, o Física nas escolas visitou a Escola Estadual 24 de Outubro, no bairro Cidade Nova, em Aracaju. A diretora, o conselheiro escolar e a professora de Física estavam presentes, acompanhando as apresentações e observando a receptividade dos alunos à nova experiência.

Para Ivone de Moraes, diretora da escola, a inovação na forma de ensino é essencial. “Nós temos que despertar no nosso aluno o conhecimento e o interesse pela ciência. Nossos professores trabalham mais com a teoria e é importante que se trabalhe também com a prática”, explica.


Escola Estadual 24 de Outubro, no bairro Cidade Nova, em Aracaju, recebeu o projeto em 23 de agosto.
Escola Estadual 24 de Outubro, no bairro Cidade Nova, em Aracaju, recebeu o projeto em 23 de agosto.

Para o conselheiro escolar Júlio César Santos de Santana, ações como essa são ainda mais importantes em localidades de baixa renda. “Nossa comunidade é muito carente, por vezes esquecida. Nós não temos os aparatos que vocês [a universidade] têm, e quando isso chega até nós é uma forma de mostrar aos nossos alunos o que eles também podem fazer”, ressalta.

A professora Aline do Nascimento Rodrigues, responsável pela matéria de Física na escola, acredita que essa experiência é uma oportunidade única para os alunos. “É legal até mesmo ter contato com outros profissionais, pois por vezes a figura repetitiva do professor em sala de aula torna o aprendizado monótono”, diz.


 “A ideia de fazer esses experimentos veio de uma vontade que eu via nos alunos de graduação de poder criar, construir coisas, e levar para as escolas”, conta o professor Edvaldo Alves de Souza Júnior, idealizador do projeto.
“A ideia de fazer esses experimentos veio de uma vontade que eu via nos alunos de graduação de poder criar, construir coisas, e levar para as escolas”, conta o professor Edvaldo Alves de Souza Júnior, idealizador do projeto.

O aluno Gabriel Rocha dos Santos, que cursa o primeiro ano do ensino médio, acredita que aprender a disciplina é melhor e mais fácil ao observar os experimentos de perto. “Na sala de aula é algo mais teórico, às vezes acaba ficando meio chato. Ver as reações acontecendo é muito mais legal”, conclui.

Brunna Martins (bolsista)
Luiz Amaro

comunica@ufs.br

*As informações das legendas das fotos dos experimentos nos foram passadas pelo professor Edvaldo Alves de Souza Júnior, coordenador do projeto.


"Spinners" magnéticos: imãs são colados aos "spinners" e, assim, a interação magnética faz com que eles interfiram um no movimento do outro.

Atualizado em: Qui, 05 de setembro de 2019, 10:15
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