


Maior disponibilidade de sombra influencia positivamente o rendimento do gado
Pesquisa realizada pela UFS em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) comprova que, em um sistema chamado pelos especialistas como silvipastoril (em que o produtor mantém o manejo integrado de pasto, árvores e animais), o gado passa mais tempo em busca de alimento devido a maior disponibilidade de sombra nos períodos mais secos do ano.
O projeto foi feito no campo experimental Jorge Prado Sobral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Nossa Senhora das Dores, e se desenvolveu através da observação contínua de dez bovinos da raça Nelore, que foram divididos em duas áreas: uma com pouca concentração de árvores e outra onde elas eram mais abundantes.
“Foi constatado que, na área com maior disponibilidade de sombra, o gado permaneceu maior tempo em pastejo, enquanto que, na área com menor quantidade de árvores por hectare, permaneceu maior tempo em ócio”, afirma a orientadora da pesquisa, professora Jucileia Aparecida da Silva Morais, do Departamento de Zootecnia.
Segundo ela, mesmo a raça Nelore, que é mais adaptada ao clima tropical, sofre com o calor excessivo. Por isso, é mais vantajoso para o produtor aderir ao sistema silvipastoril. “Os animais, de uma forma geral, buscam alimento quando se sentem confortáveis e seguros. Com maior consumo de alimento, maior será o ganho de peso dos animais”, diz.
Vantagens econômicas
Ainda de acordo com a pesquisadora, as vantagens econômicas em manter plantas de grande porte no pasto vão além do benefício para os animais, já que as árvores utilizadas no sistema silvipastoril podem ser frutíferas, madeireiras ou forrageiras (que servem para a alimentação do gado).
Além disso, “do ponto de vista ambiental, o sistema silvipastoril também se demonstra promissor, por manter árvores no ambiente de pastejo, evitando assim a degradação ambiental”, defende a professora Jucileia, uma vez que a pecuária tem sofrido pressão dos ambientalistas por conta da emissão de metano e gás carbônico – gases do efeito estufa – por parte dos bovinos.
Gliricídia
As árvores utilizadas durante pesquisa eram da espécie gliricidiasepium (gliricídia), uma leguminosa de folha rica em proteína, que também serve de alimento para o gado. A gliricídia também pode contribuir para o aumento da disponibilidade de nitrogênio no solo, o que favorece o crescimento do capim.
De acordo com informações da Embrapa, o plantio da gliricídia pode ser feito das seguintes formas: em sistema adensado (onde só há plantas dessa espécie); em sistema consorciado com milho; em sistema consorciado com palma e milho; e em sistema consorciado com pasto, como foi realizado durante a pesquisa. Para esse caso, o recomendável é plantar as espécies em uma distância de cinco metros entre cada planta e o pasto.
Equipe de pesquisa
Além da professora Jucileia Aparecida da Silva Morais, a pesquisa “Comportamento ingestivo de bovinos Nelore em sistema silvipastoril no Estado de Sergipe” foi coordenada também pelo professor Jailson Lara Fagundes (ambos do Departamento de Zootecnia da UFS) em parceria com José Henrique Rangel, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros. Também fizeram parte da pesquisa sete estudantes de graduação em Zootecnia.
Gustavo Monteiro (bolsista)
Márcio Santana
Matéria publicada no Jornal UFS, ano VI, nº 2, Julho-Setembro 2013.