As células-tronco são células capazes de autorrenovação e diferenciação em diferentes tipos de tecido. Um estudo pioneiro está sendo realizado pela doutora em Biologia Celular e Molecular, Cristiane Bani Corrêa, na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Segundo Cristiane, o principal foco da pesquisa é estudar a utilização das células-tronco na recuperação de tecidos de pacientes com a distrofia muscular de Duchenne.
Cristiane Bani explica que a distrofia é uma doença genética em que o indivíduo nasce com a ausência de determinada proteína e, por isso, começa a ter lesões musculares graves. Por ser uma doença degenerativa, a criança demora mais para andar e, por volta dos quatro anos, cai muito. Aos sete, já não consegue mais correr e, por volta dos doze anos, não consegue andar, ficando então confinada à cadeira de rodas.
Os pacientes com essa doença morrem por volta dos 18 a 25 anos de idade por comprometimento cardíaco ou insuficiência respiratória. A doença ainda não tem cura e o grande desafio dos pesquisadores é fazer com que as células-tronco recuperem os tecidos afetados.
A pesquisadora Cristiane Bani já realizava pesquisas sobre células-tronco no Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e veio para Sergipe através do Programa de Bolsas de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (DCR), desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica de Sergipe (Fapitec/SE).
Segundo a pesquisadora, a meta é construir um banco de células tronco na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
“A nossa ideia é montar um banco de células-tronco e para isso precisamos do apoio da Fapitec/SE, UFS e do CNPq. Há muito a ser feito aqui e estou contando com o apoio de pesquisadores do Rio de Janeiro”, relata.
“Além do estudo com células tronco, quero implementar no estado de Sergipe o exame laboratorial da distrofia muscular. Esse exame é importante, pois permite o fechamento do diagnóstico da distrofia. Atualmente, o exame é feito fora do estado. Temos condição de fazer o diagnóstico aqui, só precisamos de apoio das agências de fomento”, completa Cristiane.
Experimentos
Quanto ao desenvolvimento da pesquisa, Cristiane Bani explica que os experimentos in vitro já estão sendo realizados. Segundo Cristiane, o primeiro passo é realizar o isolamento das células e caracterização para saber se realmente são células-tronco. A segunda etapa seria a terapia em animais. “A expectativa é que essa célula que estou estudando seja capaz de regenerar o tecido muscular. A ideia é ter um bom resultado para recuperar a lesão no animal e no futuro usar em humanos”.
Como os experimentos precisam ser testados várias vezes em animais até obter resultados, a pesquisadora explica que a pesquisa só trará resultados para aplicação em humanos no futuro, daqui a cerca de dez anos. Ainda de acordo com Cristiane, existem pesquisadores do Brasil e do mundo inteiro que estudam a utilização das células-tronco na distrofia muscular.
“O processo é lento porque o problema da distrofia muscular afeta todos os músculos esqueléticos. Injetamos células-tronco para que elas regenerem todos os músculos e não é simples assim, mas estamos no caminho”, conclui.
Assessoria de Comunicação da Fapitec