A UFS poderá coletar informações básicas sobre a(s) visita(s) realizada(s) para aprimorar a experiência de navegação dos visitantes deste site,
segundo o que estabelece a Política de Privacidade de Dados Pessoais.
Ao utilizar este site, você concorda com a coleta e tratamento de seus dados pessoais
por meio de formulários e cookies.
Cada povo, cada comunidade tinha e tem o seu modo de acolher como um de seus membros aquele que veio ou vem de fora. E foi Roma que instituiu o título honorário de cidadania, como nós hoje o conhecemos.
Em Roma, no princípio, só eram cidadãos os que tinham direitos políticos. E, de início, só os tinham os descendentes das antigas famílias que expulsaram os dominadores etruscos. Com o passar do tempo, já na época da República, o Senado Romano começou a conceder títulos de cidadania a pessoas de comunidades conquistadas, com ou sem reservas, ou seja, de cidadania plena ou limitada. No Império, coube ao imperador Caracala, no ano 212 da era Cristã, conceder cidadania a todas as populações que habitavam territórios dentro dos limites do Império, ampliando, assim, as disposições nesse sentido da Constituição Antonina.
No entanto, foi no Império Romano do Oriente que a legislação do imperador Justiniano pôs fim à divisão de classes, deixando todos os indivíduos como súditos de césar ou escravos. Fossem de onde fossem; desde que habitassem as fronteiras imperiais.
No Brasil, os estados e os municípios, seguindo a velha tradição romana, concedem títulos honoríficos de cidadania a pessoas naturais de outras plagas.
Hoje, a Câmara de Vereadores de Aracaju faz a entrega do título de cidadania aracajuana a um professor que escolheu Sergipe para trabalhar e Aracaju para viver.
Aqui está um paulista que, um dia, tomou a mais acertada decisão de sua vida: vir para Sergipe, enamorar-se de Aracaju e abarcar o seu povo. Aqui nós vivemos sob o embalo das ondas marinhas e sob o brilho da lua e das estrelas do céu de uma cidade que, menina, tem a elegância de uma mulher; e mulher, tem a formosura de uma menina.
Atalaia, Aruana, Robalo, Mosqueiro, 13 de Julho, Coroa do Meio, São José, Salgado Filho, Santa Tereza, Beira Rio, Inácio Barbosa, Leite Neto, Getúlio Vargas, Pereira Lobo, Luzia, Ponto Novo, JK, Sol Nascente, Santa Lúcia, Aloque, Jabotiana, Augusto Franco, Orlando Dantas, São Conrado, Grageru, Siqueira Campos, América, Industrial, Santo Antônio, 18 do Forte, Santos Dumont, Lamarão, Porto Dantas, Bugio, Pau Ferro, Alto da Jaqueira, Japãozinho e todos os bairros e comunidades, que formam essa princesinha que se deita nas areias da praia para ouvir o canto do mar, pronunciando o seu doce nome: Aracaju...
De pequena povoação, intitulada Santo Antônio do Aracaju, à sede do governo provincial, a partir de 17 de março de 1855, por obra do então presidente da Província de Sergipe, Inácio Barbosa, a capital de todos sergipanos, terra da qual eu me enamorei e que viu crescer o meu filho.Vinicius, o mais precioso fruto que eu colhi na minha existência, abre-me o seu seio e o seu coração de Mãe extremada, para me acolher como seu filho adotivo.
Sinto-me, Senhor Presidente, imensamente honrado com este galardão.
E eu terei, Senhores Vereadores, o zelo e a dignidade de honrar o título que vós me concedestes.
Estando em Sergipe e em Aracaju há 22 anos, como professor e, agora, como reitor da Universidade Federal de Sergipe, sempre me senti sergipano e aracajuano, tal tem sido o carinho e a acolhida de todos com os quais eu convivo, na faina do dia a dia, na UFS, e no convívio social com colegas, amigos e pessoas do povo com as quais eu tenho convivido. De tal forma, que já incorporei ao meu vocabulário o sonoro linguajar sergipanês. Que, descendente de italianos, e, portanto, amante do bom prato, já absorvi satisfatoriamente a deliciosa culinária aracajuana e sergipana. Já adotei o seu modo de vida, no que há de mais salutar. Eu me sinto, parafraseando o tribuno Fausto Cardoso, como se já tivesse bebido a alma de Aracaju e de Sergipe.
Agora, todavia, a acolhida que tenho recebido materializa-se no título que esta Casa do Povo aracajuano, através de seus legítimos representantes, me outorgou.
Nasci em Itapeva, São Paulo, mas passei toda a minha infância e a minha adolescência na cidade de Pariquera-Açu, pequena cidade no Vale do Ribeira, litoral paulista. Foi em Pariquera-Açu que comecei a construir o meu mundo. Foi onde os meus sonhos encontraram inspiração para se tornarem projetos de vida.
Hoje tenho o coração dividido. Lá, eu tenho as minhas raízes. Lá, eu deixei uma vida profissional bem iniciada e reconhecida. Aqui, eu tenho o meu lar. Aqui, eu tenho uma vida profissional em expansão, cujo reconhecimento, humildemente, dia a dia se consolida.
Em Aracaju, os meus pés palmilham o chão que me acolheu. As minhas mãos movem o meu labor cotidiano. A minha mente elabora o meu presente e o meu futuro. O meu coração entrega-se com amor ao amor que neste chão eu recebo.
Peço vênia, Senhor Presidente e Senhores Vereadores, para dividir este título com a minha família: com o meu pai, Luiz Antoniolli, in memoriam, com a minha mãe Zoé, que está em Santa Catarina, com os meus irmãos, com o meu filho, com a minha companheira, e com os meus colegas e amigos da Universidade Federal de Sergipe.
E, por fim, eu agradeço penhoradamente à Ex-Vereadora Tânia Soares, propositora da concessão deste título, e a todos os Senhores Vereadores que o aprovaram.
Ser aracajuano para mim, Senhoras e Senhores, é sinônimo de ser feliz.
Muito obrigado.
* Discurso proferido na Câmara de Vereadores de Aracaju em 05/03/2015 na ocasião do recebimento do título de cidadão aracajuano.