Outro debate que tem uma relevância muito grande na educação é a questão da aprendizagem. Percebe-se cada vez mais que os alunos estão aprendendo cada vez menos. Existe aí uma “crise” na aprendizagem, e esta crise não se mostra tão simples de ser resolvida. Primeiro porque os objetivos reais da educação (defendidos por pesquisas, expostos nos PCNs, etc.) não estão sendo corretamente seguidos quando se observa os fins educacionais nas escolas atuais, que geralmente estão voltados apenas para uma aprovação no vestibular. Aprender significa em muitos casos, decorar alguns assuntos com eficiência e saber reproduzi-los na prova do vestibular. Geralmente, o que se observa é que esses conteúdos decorados permanecem por menos tempo na memória do aluno, que nem sempre consegue criar relações entre conceitos de diferentes disciplinas. O que mostra também que o conhecimento é transmitido de forma isolada e não interdisciplinar o que fere o interesse real da educação.
É neste momento que torna-se oportuno o conceito e aplicação do que Ausubel chamou de Aprendizagem Significativa. Segundo Marco Antonio Moreira, “a aprendizagem é dita significativa quando uma nova informação (conceito, idéia, proposição) adquire significados para o aprendiz através de uma espécie de ancoragem em aspectos relevantes [“subsunçores”] da estrutura cognitiva preexistente do indivíduo, isto é, em conceitos, idéias, proposições já existentes em sua estrutura de conhecimentos (ou de significados) com determinado grau de clareza, estabilidade e diferenciação”. Quando o conteúdo escolar a ser aprendido não consegue ligar-se a algo já conhecido, ocorre o que Ausubel chama de aprendizagem mecânica, ou seja, quando as novas informações são aprendidas sem interagir com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Assim, a pessoa decora fórmulas, leis, mas esquece após a avaliação.
O que se presencia nas escolas atualmente é uma aprendizagem mecânica e não significativa. Os alunos não criam significados para o que aprendem. Além do mais a avaliação resumida apenas em uma prova não avalia corretamente. E a partir daí o professor Vasco Moretto enfatiza: “se tivermos que elaborar provas, que sejam bem feitas, atingindo o seu real objetivo, que é verificar se houve aprendizagem significativa dos conteúdos relevantes”. Acrescenta-se, ainda, que a uma avaliação correta leva em consideração todo o processo vivenciado pelo aluno em sala de aula. A avaliação não pode ser um ponto final na aprendizagem e sim uma companheira diária do aluno.
De acordo com o exposto, acredita-se que se o ensino estiver voltado para a promoção da aprendizagem significativa, onde os conteúdos, o ambiente, o processo avaliativo sejam também significativos, onde o aluno consiga dar significado ao que aprendeu então este ensino está cumprindo os reais objetivos da educação. E mais, este ensino estará efetivamente contribuindo para a formação de um ser humano melhor, mais completo e mais consciente para viver nesta que sociedade que anseia por seres humanos assim.

Currículo
Professor Substituto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFS) e do Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Licenciado em Física pela Universidade Federal de Sergipe.