Saber Ciência / Anderson Tavares
08/06/2010
Para que o professor desempenhe um trabalho eficaz em língua materna, instigando no aluno a competência comunicativa através da linguagem verbal, é essencial o uso de textos que o remeta às diversas posições sociais e aos vários recursos de comunicação, merecendo destaque a comunicação virtual, que com certeza é hoje um grande atrativo. Com essa integração, o aluno passa a perceber-se como membro atuante de seu próprio aprendizado, com isso, o texto, tratado como unidade de sentido, revelando posições sociais e integralizando as mídias digitais, possibilita a amplitude e o reconhecimento de experiências novas ou já vividas pelo aluno.
Dessa forma, o professor de língua materna passa a trabalhar com mais uma forma de comunicação, que é a linguagem utilizada na internet para estabelecer um canal de comunicação verbal. Integrar a vivência às aulas é de suma valia, e isso deve ser feito a partir do que os alunos mais se interessam para potencializar neles o entendimento dos usos das linguagens em cada contexto e estabelecer as condições apropriadas para o emprego de tais linguagens a cada situação. No caso da linguagem utilizada pelos usuários da internet, nota-se o desejo de criar uma linguagem própria para então fugir do que é convencional, o que é comum entre os jovens principalmente.
Pesquisas revelam que o uso de “internetês” não influencia na escrita de um texto formal. Portanto, o uso da linguagem da internet não prejudica a escrita formal como acreditam muitos profissionais da educação e por assim pensarem tentam afastar o estudante desse recurso, ao invés de aproveitar para colocá-lo em contato com o texto e com a pesquisa na busca do entendimento de como funciona a linguagem em cada situação, levando-o a perceber que e em algumas dessas situações, a variante padrão ganhará a sua vez como melhor representadora do ato de fala ou da escrita. Assim, o aluno consegue apropriar-se das variantes lingüísticas, compreendendo-as como expressão cultural e identidade de cada comunidade de fala.
“As escolas passaram a punir com notas baixas os alunos que não sabiam diferenciar a linguagem rápida das mensagens da norma culta da língua. Segundo linguistas, a chave para evitar que a língua portuguesa seja comprometida pelo "internetês" é justamente garantir que os jovens saibam separar o registro formal do informal e que eles aprendam não só a escrever rapidamente, mas a escrever bem.”(FSP, 12 de julho de 2009). De acordo com essa afirmação, o professor deve em seu trabalho com o aluno deixar clara a diferenciação entre as situações comunicativas para que não ocorra tal confusão no momento de escrever. A solução não está em punir ou distanciar os jovens dessa nova forma de comunicação, mas sim em saber utilizá-la e colocar nas aulas situações de uso tanto dos “internetês” quanto da modalidade formal de escrita. Assim o aluno vai se sentir capaz de diferenciar as formas de escrever de acordo com seus objetivos para o momento no qual faz uso da linguagem verbal.
Graduado em Letras/Português pela Universidade Tiradentes e especialista em Ensino de Português e Literatura pela Universidade Federal de Sergipe. Atua como professor de Literatura e Língua Portuguesa no Colégio “Nota Dez” em Malhador/SE e como tutor de Linguística pela UAB/UFS