Saber Ciência / Roseane Santana Santos Dias
08/06/2010
O trabalho com gêneros textuais no ensino de língua não é tão novo quanto parece. A escola sempre trabalhou com os clássicos gêneros escolares narração, descrição e dissertação, principalmente com os gêneros literários contos e crônicas. A novidade consiste em fazer com que a aprendizagem dos gêneros que circulam fora da escola seja significativa para o aluno e contribua para o domínio efetivo da língua, possibilitando seu uso adequado fora do espaço escolar.
No contexto educacional, é a partir das propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que os livros didáticos passam a adotar o texto como unidade de ensino e os gêneros como objeto mediador do processo de ensino aprendizagem. Até então o foco de atenção estava centrado nos conteúdos a serem ensinados. Com os PCN o modo de ensinar passa a ser alvo das discussões no ensino de língua. Dessa forma, todo material didático foi reformulado no sentido de contemplar os gêneros como objeto de ensino. As discussões se tornaram mais amplas e hoje vemos que ainda existe um déficit considerável no que diz respeito à competência de leitura e escrita de grande parte dos alunos.
Do ponto de vista social, podemos considerar os gêneros textuais como um paradigma emergente capaz de proporcionar ao aluno a possibilidade de enfrentar o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e deveres. Já que, de acordo com os PCN, o domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha e constrói visões de mundo, produz conhecimento. Ou melhor, através do domínio dos gêneros já que todo ato comunicativo ocorre através de gêneros.
No entanto, é importante salientar que a questão não é apenas incluir os gêneros nos materiais didáticos de ensino. O trabalho com gêneros discursivos requer mudanças na relação ensino aprendizagem, ou seja, um redimensionamento na forma de trabalhar a linguagem. Esse trabalho deve estar centrado no texto, mas não o texto como fonte ou pretexto para o ensino de gramática; e sim o texto em sua dimensão textual discursiva. Nesse sentido, existe um considerável esforço das editoras e autores em aperfeiçoar cada vez mais o trabalho com gêneros no livro didático, no intuito de proporcionar ao aluno maior contato com a diversidade de textos possível.
Mestranda em Letras da Universidade Federal de Segipe. Graduada em Licenciatura Plena Letras Português/Inglês pela Universidade Tiradentes (2005).