Saber Ciência / Cleverson Luciano Trento e Amália Ribeiro
09/06/2010
Antes de ir ao dentista, alguns fantasmas rondam a cabeça dos pacientes. Mas um, em especial, pode tirar o sono daqueles que necessitam de intervenção odontológica. Trata-se da anestesia, método de controle da dor que antecede não só uma restauração, como quaisquer outros procedimentos odontológicos que possam causar incômodos.
A palavra “anestesia” deriva do grego e significa “ausência de sensações”; trata-se de um estado induzido por medicamentos, que torna possível a execução de procedimentos terapêuticos e de diagnósticos sem dor, representando um recurso seguro, necessário e eficiente. A técnica anestésica consta em infiltrar um medicamento por meio da injeção, promovendo momentaneamente a falta de sensibilidade de uma região da boca, criando condições para intervenções invasivas, seja em tecido mole ou ósseo da cavidade bucal.
Dos anestésicos modernos, estes, objetivamente fizeram desaparecer das cadeiras dos dentistas um fator que era inseparável delas: a dor. Envolta numa bruma de falsos conceitos e antigos dogmas, o desconhecimento do que se passa quando o paciente é anestesiado é o grande responsável por este medo, estes pacientes apresentam ansiedade de antecipação, antecipando que algo muito ruim possa acontecer.O medo acentuado da dor aumenta a sensação subjetiva da mesma, apresentando muitas vezes sinais fisiológicos de ansiedade, como aumento da freqüência cardíaca, respiração ofegante, sudorese, tremores, tensão muscular, entre outros, podendo esse quadro evoluir para uma crise de pânico.
Novas medicações como sedativos mais eficazes e pomadas anestésicas mais potentes, equipamentos modernos como os de inalação por óxido nitroso (equipamento que causa diminuição da ansiedade e dor por via respiratória), associado a muitos anos de estudos e pesquisas reduziram imensamente os acidentes ou complicações de uma anestesia, porém a principal forma de se reduzir o medo é a relação de confiança entre paciente e dentista, e não apenas uma relação formal, lembrando é claro que o risco de complicações nunca é zero. Há fatores de risco associados não só à anestesia, mas ao próprio procedimento, às condições locais do consultório odontológico e à condição clínica do paciente. Pacientes com doenças não tratadas ou descontroladas podem apresentar um maior risco na anestesia.
Algumas dicas para melhor controle do medo:
• Respire profunda e calmamente antes de sentar-se na cadeira do dentista e enquanto estiver em tratamento. Ao se concentrar na respiração, você deixa de prestar tanta atenção ao dentista e ainda oxigena melhor o cérebro.
• Utilize técnicas de relaxamento, como meditação e exercícios de ioga.
• Acompanhe o tratamento de parentes e amigos para se habituar gradativamente ao ambiente e à situação.
• O desconhecido gera insegurança. Por isso peça ao dentista para explicar o tratamento antes de iniciá-lo, procure tirar todas suas dúvidas e não fique pensando sobre o tratamento antes de ir ao dentista.
• Não transfira o próprio medo aos seus filhos. Evite associar o dentista a algo doloroso ou punitivo e mostre que a ida ao consultório faz parte da rotina.
Cleverson Luciano Trento-Doutor em cirurgia e traumatologia buco maxilo facial. Professor da UFS.
Amália Ribeiro-Doutora em laser pela UFBA e professor de endodontia da UFS"