Sex, 09 de dezembro de 2011, 07:25

Perfil socioeconômico dos estudantes do campus de Lagarto
Perfil socioeconômico dos estudantes do campus de Lagarto

Luiz Marcos de Oliveira[1]


Na última quarta-feira, 30 de novembro de 2011, encerrou-se o período de provas de mais um Processo Seletivo da Universidade Federal de Sergipe (Vestibular 2012). Quase 30 mil candidatos disputam as 5.490 vagas existentes nas 106 opções de cursos presenciais dos campi de São Cristóvão, Itabaiana, Laranjeiras e Lagarto.


Esta é a 2ª edição do Vestibular que conta com vagas para o novo campus da instituição no município de Lagarto, centro-sul do Estado de Sergipe. A novidade fica por conta da oferta de 2 novos cursos, Medicina e Odontologia, que passam a se somar aos 6 já existentes: Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Farmácia e Enfermagem.


Os quase 300 alunos do Campus Universitário Prof. Antônio Garcia Filho – que hoje caminham para o final do primeiro ano letivo –, ao prestarem o Vestibular (Edição 2011), responderam um questionário que nos fornece uma preciosa radiografia do perfil socioeconômico dos alunos ingressantes.


De início, é importante ressaltar o caráter inclusivo da abertura de um novo campus no interior do estado. Os dados da Coordenação de Concurso Vestibular (CCV) revelam que 2 em cada 3 estudantes do Campus vieram de escolas públicas (cerca de 67%). No Ensino Fundamental, 32,1% frequentaram escolas públicas municipais, 34,8% frequentaram escolas públicas estaduais e 33,1% frequentaram escolas particulares. Durante o Ensino Médio, a proporção de alunos que frequentaram escolas públicas estaduais sobe para 58,8%, e já é possível observar alguns ex-alunos de escolas federais (pouco mais de 3%). O curso com maior número de estudantes advindos de escolas públicas é o de Farmácia (cerca de 75% do total), seguido de perto pelo curso de Fisioterapia (72%). De forma oposta, o curso com maior número de egressos da rede privada é o de Enfermagem, com 46% do total.


A maioria dos alunos (quase 75%) cursou o Ensino Médio durante o dia, sendo 36,5% no período matutino e 38,18% no período vespertino. Apenas 25,34% cursaram o Ensino Médio durante a noite. Estes estudantes que frequentaram cursos noturnos, aparentemente, são os mesmos que afirmaram trabalhar durante o dia. 14,86% trabalhavam em tempo parcial e 9,46% em tempo integral. O percentual de estudantes que não exerciam atividade remunerada foi de 75,68%.


Em relação à cor/etnia, a maior parte dos alunos (72,3%) declarou ser pardo, 18,24% declararam ser brancos e 9,46% declararam ser negros. O curso com maior número de alunos que se declararam negros é o de Enfermagem (14%) e o de menor número é Farmácia (6%).


Apenas 19 dos 296 estudantes pesquisados já possuem um diploma de nível superior (6,42%). Os outros 277 alunos (93,58% do total) estão iniciando ou nunca concluíram um curso de nível superior.


No que se refere à escolaridade do pai, 13,51% não frequentaram a escola, 58,11% possuíam apenas o Ensino Fundamental (completo ou incompleto), 22,64% possuíam o Ensino Médio (completo ou incompleto) e apenas 5,74% possuíam Nível Superior (completo ou incompleto). As mães dos alunos, por outro lado, mostraram um nível de escolaridade maior: somente 9,12% não frequentaram a escola, 47,97% possuíam apenas o Ensino Fundamental, 21,62% possuíam o Ensino Médio e 21,28% possuíam Nível Superior.


Indagados sobre a situação do pai no trabalho, 40,88% afirmaram que os pais trabalhavam por conta própria, 15,54% que trabalhavam em empresas ou instituições privadas, 11,49% que eram funcionários públicos, 5,07% que os pais eram sócios ou proprietários de uma empresa e 20,27% não se enquadraram nas opções apresentadas. O número de pais desempregados, 6,76% do total, é bastante próximo do nível de desemprego do conjunto do mercado de trabalho brasileiro (IBGE, 2011[2]).


A situação das mães no trabalho difere bastante da apresentada acima. Quase 20% dos estudantes apontaram que suas mães estavam desempregadas e outros 25,43% não souberam classificar a ocupação das mães entre as opções apresentadas no questionário. Isso aponta para a necessidade de inclusão de uma alternativa na questão que melhor enquadre as mulheres que não estão à procura de trabalho (donas de casa). A condição de desemprego pressupõe a busca por um emprego, o que não parece ser o caso de boa parte deste expressivo contingente de mães de alunos. Apenas 2,03% dos alunos afirmaram que as mães eram sócias ou proprietárias de uma empresa, 5,41% que trabalhavam em empresas ou instituições privadas e 23,65% que trabalhavam por conta própria, percentual idêntico ao de mães que eram funcionárias públicas.


Interessante notar, também, que 259 estudantes – o que representa 87,5% do total – afirmaram que os pais possuem casas próprias. Boa parcela dos estudantes morava com os pais(91,55%) ou com familiares (4,39%). O número de alunos que moravam em repúblicas, ínfimo no momento da pesquisa (1%), alterou-se significativamente ao longo do ano de 2011, dada a associação espontânea entre os estudantes e a política de assistência garantida pela UFS, que criou 3 residências universitárias que comportam até 24 alunos.


Infelizmente a pesquisa não conseguiu captar quantos alunos são do município de Lagarto e regiões circunvizinhas. Informações da Prefeitura do Município dão conta de que aproximadamente 60% dos ingressantes são de Lagarto e região. Pode-se perceber, pelos dados disponibilizados pela CCV, que 13,18% residiam na capital sergipana (Aracaju), 8,78% residiam no município de Itabaiana e 9,46% residiam em outros estados. Merece destaque este alto poder de atração de estudantes de outros estados, principalmente da Bahia. Cidades como Paripiranga e Fátima, distantes de Lagarto 36 km e 80 km respectivamente, são importantes emissoras de estudantes para o Campus Universitário Prof. Antônio Garcia Filho.


Lagarto está recebendo uma quantidade significativa de estudantes, professores e técnicos de outros municípios e de outros estados brasileiros, processo que será aprofundado de forma contínua, sobretudo com o início dos cursos de Medicina e Odontologia, a partir de março de 2012. O acesso à educação superior pública – de qualidade referenciada socialmente e comprometida com a formação humanística e técnica dos munícipes de Lagarto e circunvizinhanças – trará como resultados o amplo crescimento econômico, a dinamização das estruturas sociais e a efervescência cultural da cidade e de toda a região.




[1] Economista pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestre em Desenvolvimento Econômico na área de Economia Social e do Trabalho pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP). Responde, atualmente, pela Direção Administrativa do Campus Universitário Prof. Antônio Garcia Filho (Campus de Lagarto – UFS). E-mail: lmarcosufs@gmail.com.


[2] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Outubro de 2011.



Atualizado em: Qui, 05 de janeiro de 2012, 08:21
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