Sex, 17 de dezembro de 2021, 12:25

Mulheres na tecnologia: egressa da UFS conquista prêmio internacional pela atuação na área
Fernanda Fontenele receberá o valor de 5 mil dólares como forma de reconhecimento
Fernanda Fontenele cursa PhD na Universidade de Cornell (EUA). (fotos: Arquivo pessoal)
Fernanda Fontenele cursa PhD na Universidade de Cornell (EUA). (fotos: Arquivo pessoal)

Na adolescência, Fernanda Fonetele sempre percebeu a afinidade com a área de exatas, mas ainda não tinha noção de como a engenharia mecânica seria peça fundamental na sua vida. Agora aos 27 anos, a egressa da Universidade Federal de Sergipe (UFS) acaba de conquistar o prêmio 2021-22 Women in Technology Scholarship (Bolsa Mulheres na Tecnologia) da Cadence Design Systems.

Com isso, ela recebe o valor de 5 mil dólares como forma de reconhecimento pelo seu esforço no desenvolvimento da área. O programa seleciona mulheres estudantes de nível supeior nos Estados Unidos ou Canadá com atuação de destaque no meio da tecnologia. Toda a trajetória profissional da candidata é avaliada, já que a bolsa leva em consideração não só uma pesquisa específica, mas todo o desempenho acadêmico.

Fernanda concluiu a graduação em Engenharia Mecânica na UFS em 2018 e no mesmo ano já ingressou no PhD na Escola Sibley de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da Universidade de Cornell (EUA), onde desenvolve pesquisa voltada à combinação de materiais para a formação de um superior, tendo como base de análise o material humano em uma das aplicações.

"Estou estudando materiais que são aplicados, por exemplo, na carcaça de avião e navios, mas o que me inspira é estudar o material humano, o tendão humano em específico. Analisar como esses materiais estão falhando ou dando problema. Principalmente em atletas e pessoas que fazem muitos movimentos repetitivos, esse material tem falhado. Minha mãe, por exemplo, tem tendinite e o modo de tratar essa doença ainda não é muito claro, então tenho estudado esses materiais porque geralmente materiais humanos são muito superiores e servem de inspiração para a gente desenvolver materiais sintéticos", afirma Fernanda.

Ela explica ainda que são duas as principais razões para esse foco na pesquisa. "Tem várias aplicações da pesquisa, uma das grandes inspirações é o material humano por duas principais razões: primeiro a gente quer ajudar os médicos a encontrarem soluções para doenças como a tendinite; e a segunda razão é a gente se inspirar no material humano para desenvolver melhores na área de engenharia. A gente olha na natureza e no nosso corpo para poder desenvolver materiais sintéticos de engenharia melhores ainda".


Enquanto estudante da UFS, a engenheira desenvolveu um carro de corrida para competição
Enquanto estudante da UFS, a engenheira desenvolveu um carro de corrida para competição

Por ano, são seleciondadas cerca de 15 pesquisadoras nessa premiação específica para mulheres, fomentando a participação dessas estudantes na área de tecnologia. "Pra mim, o prêmio é a confirmação de que a gente tem capacidade e que a tecnologia é uma área que tem que ter a participação de todo mundo, além de ser esperança de motivar outras mulheres porque eu acredito que uma das maiores barreiras é a falta de representatividade. Se outras meninas sergipanas ou nordestinas veem que eu escolhi esse caminho e que estou sendo reconhecida, elas podem se setir mais motivadas a escolher essa carreira", explica Fernanda.

"Hoje eu vejo que adoro ser pesquisadora da área da tecnologia, mas o caminho é muito desafiador. Sabemos que a tecnologia está mudando o futuro e temos que ter mulheres participando na decisão de quais tecnologias queremos desenvolver para ter uma sociedade mais igualitária", completa a pesquisadora.

Influência da UFS

A Universidade Federal de Sergipe proporcionou o primeiro contato entre Fernanda e o campo da engenharia mecânica. O desafio inicial, ainda na graduação foi desenvolver um carro de corrida para paticipar de uma competição de uma instituição internacional junto com outros dois colegas.


"Temos que ter mulheres participando na decisão de quais tecnologias queremos desenvolver para ter uma sociedade mais igualitária"
"Temos que ter mulheres participando na decisão de quais tecnologias queremos desenvolver para ter uma sociedade mais igualitária"

No entanto, a relação com a universidade transita também entre a família dela, trazendo uma proximidade mesmo antes da engenheira ingressar na instituição. "Foi na UFS que eu tive a oportunidade de ser desafiada em um projeto complexo pela primeira vez e foi onde eu desenvolvi minhas primeiras habilidades de engenharia mesmo, mas a minha relação com a universidade não começou só aí, já que minha mãe se formou, fez mestrado e quando eu estava na graduação ela estava no doutorado. Então a UFS tem formado as mulheres da minha família, que me inspiram a continuar estudando e seguir uma carreira acadêmica e de tecnologia".

Após o PhD, a vontade dela é poder orientar alunos dessa área. Aos poucos, Fernanda já tem conversado com outras pessoas que querem seguir o mesmo caminho e a perspectiva é voltar para a instituição que a fez realizar os primeiros sonhos na educação superior.

"Já fui procurada e tenho tido contato com outras pessoas, inclusive da UFS, que têm interesse em seguir área parecida e tento orientá-las. A minha perspectiva é que no futuro eu possa ensinar e quem sabe um dia voltar para a UFS e ser professora".

Cadence Women in Technology Scholarship Program

O programa de bolsas de estudo para Mulheres na Tecnologia é ofertado pela Cadence Design Systems, com o objetivo de construir uma cultura que promove a inclusão e abrange diversas origens, experiências e ideias no propósito de aumentar e apoiar a diversidade.

O valor do prêmio pode ser usado ​​de forma irrestrita, sendo que essa é uma bolsa de estudos única.

Letícia Nery - Ascom UFS

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Sex, 17 de dezembro de 2021, 12:39
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